— Nos vemos na quinta feira a noite então? — Johanna se arqueia na porta do passageiro após me desembarcar com toda a minha bagagem e a bolsa atirada no ombro.
As portas para a faculdade estavam abertas, junto a ela vários alunos entravam, todos na minha faixa de idade ou superior já que todos devem trabalhar durante o dia e a tarde deixando pouco tempo para vir as aulas.
— Eu estou curiosa para saber o que está me preparando já da última vez acabamos num banquete cerimonial que deveria ser apenas um "café da manhã entre amigos".
— Sabe que excentricidade está nas minhas veias — ela toma ambas as minhas mãos, duas conhecidas da minha sala veem a cena de longe, mas eu não me envergonho. — Apenas tente pensar em algo que a deixaria radiante.
— O seu sorriso me deixa radiante.
— Não, não é isso e nem tente adivinhar, pois é algo simples, porém, que tem um imenso significado para você.
Dizer para mim não tentar adivinhar era como dizer para um macaco que ele não pode comer bananas, era impossível.
Eu faço cara de triste e um biquinho, não quero ficar pensando tanto, mas estou ansiosa!
— Para mim, qualquer coisa tem imenso significado.
— Por isso você namora com uma garota... tenho que ir, preciso pegar o turno da noite.
— Sério? Vai voltar a trabalhar ainda?
— Sim, não há hora para salvar vidas.
Eu suspiro orgulhosa, parto para lhe dar um último beijo, seguro os lados de seu rosto enquanto sinto suas mãos pressionando minha cintura levemente, suas unhas riscam pelas minhas costas e terminam na minha nuca, ela chega a me curvar antes que ela enfim me soltasse e voltasse para o seu carro pronta para sair voando baixo.
Estamos namorando!?
Estou namorando?!
Insisto no que ela disse — na verdade no que ambas dissemos. Eu, sobre tudo ter significado e ela sobre namorar uma garota e prossigo para a faculdade com um sorriso tão bobo que chega a me deixar constrangida quando acesso o seu interior.
As luzes brancas preenchem a minha visão criando pequenos espectros de cor arco-íris em meus olhos e eu pisco, sigo em silencio e com a bolsa atirada aos ombros em direção a minha sala, parece que bebi um litro de rum quando um gosto amargo chega a minha boca das bebidas, principalmente a que Nowa me ofereceu por último, não estou mal, apenas um pouco tonta e me sento em um banco.
Pouco tempo depois, noto a aproximação das minhas colegas de turma, Kendace e Mariah, elas se sentam em ambos os lados do meu banco e obviamente me deixam desconfortável.
— O que foi meninas?
— Nada, é que te vimos com uma mulher que é tipo, muito mais velha que você. É da sua família?
— Não, Kendace — cerro as vistas. — É... uma amiga.
— Amiga, amiga do tipo Mariah, você e eu ou amiga do tipo Aystri e Deiise?
Aystri e Deiise eram conhecidas como "o casal lésbico da sala", ambas tinham um estilo meio masculino, mas eram super gentis e se davam bem com todo mundo — desde que não fossem insultadas ou questionadas sobre suas sexualidades. Por sorte, tenho certeza que não vou virar uma lésbica desse tipo e nem vou ver Johanna vestindo shorts largos, tênis e deixando cabelos curtos ou pelos pelo corpo — não que eu tenha algo contra isso, mas enfim, acredito que eu faça mais o tipo lésbica patricinha e cute.
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Meu Indomável Desejo (Livro 1) - CONCLUIDO
ChickLitSinopse Cecilia Winsloe é vista por todos como uma estranha e reclusa garota. Aos doze anos descobriu ser hermafrodita - uma anomalia genética em seu corpo que a faz ter caracteristicas de ambos os orgãos; masculino e feminino. E que transforma sua...