Capitulo 29

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Eu passo pelas portas do Eleutério e aspiro o cheiro de remédios e produtos de limpeza do lugar, a todo momento há pessoas percorrendo os corredores, médicos procurando prontuários e pessoas nas cadeiras esperando para serem atendidos.

Vejo Alice atrás da recepção e me aproximo sutilmente, treino a minha voz para não gaguejar.

— Com licença?

Ela se vira na minha direção e tem um olhar leve.

— Ah, Cecilia. Que bom que chegou. Trouxe o que te pedi? Estamos precisando dele.

— N... na verdade... não consegui resolver a sua solicitação, Alice.

— O que? Como assim? — ela se levanta de pressa de sua cadeira e me deixa um pouco tensa. — O conteúdo sumiu da empresa?

— Não, é que estamos com um problema de conteúdo no depósito. Eu trouxe... esse comunicado da administração com um pedido de desculpas e uma resolução rápida. Talvez até amanhã chegue.

— Isso é horrível! Não temos até amanhã! — o tom dela aumenta quando ela pega o papel e o joga no lixo sem sequer perder tempo lendo.

— Bom...

— Cecilia!

Uma voz surge atrás do imenso espaço do hospital como um chamado divino, uma voz grossa que parece levar um tom de salvação. Quando olho para trás, tenho Nowa e Tomas se aproximando a passos largos.

Quando Tomas se aproximou, ele sorriu, levava em suas mãos uma pequena caixa.

— Tomas e Nowa. O que houve? Por que vieram?

— Clark recebeu um encaminhamento. Pediu para a gente ir na filial e pegar — ele me entrega a caixa em mãos e eu tenho o mais largo sorriso do dia após passar um aperto com um cliente importante da IMS.

— Oh, obrigada rapazes — eu me viro para Alice que ainda nos aguarda com um olhar centrado e inquisitivo, tanto pela bagunça que estamos fazendo quanto pela presença dos dois homens me cercando. — Alice... aqui está. Mais uma vez pedimos desculpas pelo ocorrido.

Os rapazes dão meia volta quando sentem que o dever foi cumprido. Nowa acena me dizendo que está indo para o carro e eu apenas sorrio agradecida.

— Ótimo. Jurei que tinham perdido o envio e isso seria de uma irresponsabilidade imensurável. Se é que me entende — ela volta ao seu lugar e pega o telefone. — Marion? O chip da máquina de cardio voltou. Poderia vir aqui buscar e levar para a configuração? Certo, ok. Depois embrulhe e prepare o envio para amanhã cedo, são ordens da gerencia.

Logo depois ela desliga e tem um olhar de questionamento sobre mim, dessa vez eu não consigo distinguir, mas o que pesei foi apenas a sua última frase sobre as ordens da gerencia — ordens de Johanna Mitchel que não podem ser negadas.

— O... que foi?

— Vi Johanna hoje, ela estava um tanto esgotada. Sabe o que houve? Ela geralmente é menos mandona e mais ativa, passou aqui agora a pouco bebendo um copo grande de expresso.

— On... ontem foi o aniversário dela.

— É mesmo? — ela se surpreende, solta um risinho. — Que safadeza! Eu nem fui convidada.

— Ao que sei... foi uma comemoração pequena... apenas para familiares.

— E você estava lá? Quero dizer. Não como familiar, mas como amiga?

Meu Indomável Desejo (Livro 1) - CONCLUIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora