Capitulo 26

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— 3 dias depois.

Estou quase pronta para seguir até a casa dos pais de Johanna. No vestuário da faculdade, ajusto os meus pequenos brincos — o buraco para coloca-los está quase fechado devido ao tempo em que não uso nenhum. Mas eu precisava de alguma forma encontrar um estilo para o momento e nada era mais estiloso que um par de brincos nas orelhas, aquilo que ela chama de maquiagem para noite e roupas que de certa forma harmonizavam no meu corpo.

Uma calça larga preta, uma cropped floral de mangas longas que mistura um verde esmeralda e um dourado que estava no fundo do armário, além de calçados fechados sem qualquer salto.

— Ei.

Brigith também chega ao vestiário e está fazendo o mesmo que eu, arrumando seus brincos, mas ao contrário de mim ela estava pronta para uma premiação. Maikon havia ganhado o prêmio de melhor ator teen da região junto com Pietra depois daquele espetáculo que incluía um nu artístico deles para uma cena. Ela estava em um vestido cor de pele maravilhoso e longo, cheio de perolas ornamentais e um colar feito a mão com pedras vermelhas.

— Ei.

— Nossa, que produção, Cecilia Winsloe. Vai para a premiação do Maikon?

— N... não, vou a uma festa.

— Esse mundo está virado. Posso até ouvir a sua voz com clareza e ela diz que você vai a uma festa? Isso é novo. Aquela "pessoa" tem a ver com isso?

— Sim, é um aniversario/comemoração formal. Preciso estar apresentável já que... se trata de um lugar chique.

— Entendi! Agora eu entendo, conquistou aquele fucking garoto rico e a família dele é igualmente rica, por isso tem que aparecer no salto.

— Eu... prometi que iria me transformar. Meu deus, Brigith, cansei de me esconder. Como estou?

— Apresentável... acho que depois de te ver tão estilosa e brilhante, sou eu quem precisa trocar de roupas.

— Não — seguro em seu braço. — Você já está bonita, dá de dez a zero na Pietra.

— A que fofo! Se eu fosse lésbica te beijaria agora.

Eu levanto uma sobrancelha antes de me virar para o nosso espelho 180° e saco um batom fingindo não ter ouvido isso, claro que numa realidade alternativa eu acharia isso até ofensivo, mas levaria na brincadeira e iria rir junto com ela, mas nesse mundo, eu sou gay e a beijaria sem pensar duas vezes se tivesse oportunidade e não fosse leal.

— Mas não é, tem seu namorado que vai receber um prêmio e você precisa estar deslumbrante.

— É. Bem, eu estou pronta. Divirta-se na sua festa — ela se vira e desaparece levando consigo a sua bolsa de courino marrom com feixes dourados.

Logo que termino de me preparar, eu suspiro, estava sozinha no vestiário e me sentindo um tanto diferente. Cecilia Winsloe estava presa num complexo labirinto de sentimentos mesclados dentro de mim, mas ela estava dormindo, debruçada e com as pernas aninhadas por causa do frio, libertou a que vejo no espelho com um pequeno sorriso mostrando parte dos dentes e os olhos reluzindo como um par de gotas de chocolate.

Acho que posso esquecer por alguns momentos o quão estranha e problema era e reunir alguma coragem para fazer o que as pessoas chamam de "viver o momento" e se divertir com a pessoa que não me julgaria pelo o que sou ou o que visto.

Parto junto com alguns dos alunos que já haviam se trocado depois da aula e aceno para os nossos professores mais queridos que a cada dia traziam sorrisos de orgulho nas faces e as vezes até uma carranca pela falta de desempenho no dia. Abro as portas sutilmente, só que um pouco mais a frente vejo algo que me chama a atenção.

Meu Indomável Desejo (Livro 1) - CONCLUIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora