Ela estava chorando.
O seu choro era audível a muitos quilômetros de distância, o cenário era de um campo de flores amarelas com colinas e declives, o dia limpo, porém, que na minha visão estava embaçado. Eu havia dado um passo à frente, mas para cada um que dava, ela dava dois ou três em um espaço que parecia tão vasto e ao mesmo tempo tão pequeno. Minha voz, mesmo gritada, é apenas um silencio em meio ao nada, até que ela finalmente desaparece em um feixe de luz e eu caio no meio das flores. O baque do meu peito no chão foi o que me fez cair na realidade.
Eu despertei de um sonho.
Ele me fez despertar com um doloroso suspiro que afetou meu pulmão por um instante, estava em meio a madrugada ao que parecia, 4:45 marcava no reloginho no criado mudo. Eu fechei os olhos, mas o sono não voltava. Então me levantei descalça e parti para a cozinha onde peguei um copo de agua, minha cabeça doía por causa das bebidas na noite anterior, mesmo que tivessem sido poucas já foram o suficiente para mexer comigo. Depois peguei um copo de leite frio e bebi lentamente enquanto me vinha apenas uma coisa em mente: Johanna Mitchel.
Pela hora ela deveria estar acordando para trabalhar, mas devido a suspensão, não imagino onde poderia estar senão na cama, mas o que havia me despertado tinha sido outra coisa.
Tinha sido realmente um pesadelo.
Um tipo de mal pressagio que se sente quando algo de ruim está prestes a acontecer. Mamãe sempre diz que isso é normal e que depois de tal coisa poderíamos aliviar com uma reza, mas rezar não me ajudaria em nada, não depois de sonhar com Johanna chorando.
Uma vaga melancolia caiu sobre mim enquanto bebia meu pequeno copo de leite e a tentativa de descobrir o que um sonho significava foi em vão.
Tão estranho, não vejo a hora de lhe contar quando amanhecer e saber se está bem — dizem que a imaginação materializa a verdade, espero que a minha seja apenas isso; imaginação.
Depois do susto eu voltei a minha cama, de camisola, tentei ficar confortável e me deitei para cima encarando o teto. Com o que ela poderia estar sonhando nesse momento?
Poderia ser comigo. A sensação me deixa animada e confortável, a ponto de começar a sorrir quando me viro de lado e fecho os olhos.
* * * * *
Quando o relógio bateu exatamente 7h00, eu despertei novamente, não por influência dele, mas sim pelo meu relógio natural que acordou pedindo algo para comer. Ficar sem acordar cedo para trabalhar era horrível, Johanna deve estar ainda pior.
Tanto que não perdi tempo pensando mais em mim e peguei o meu celular, online, dizia o status no seu aplicativo de mensagem. Ela já estava acordada, provavelmente na academia ficando ainda mais gostosa.
Eu disquei o seu número e esperei-a atender, bocejando como um urso.
— Bom dia... querida.
Aquela voz me faz ter um doce arrepio através da coluna que chega até em baixo, no meio das minhas pernas.
— Bom dia. Advinha quem dormiu e acordou pensando em você.
— Hum... Michael Savage dos produtos Savage?
Michael Savage era um ator local que ficou rico e fez sua própria marca de perfumes masculinos, cerca de 40% dos perfumes nacionais estampavam seu nome e seu rosto negro esculpido a perfeição nas caixinhas, um típico homem por quem você tem taras e fantasias. Entendo bem Johanna por tal chute.
— Não! Boba, eu. Cecilia Winsloe. Sonhei com você hoje e acordei pingando de tesão.
— Oh... incita orgasmos mentais em mim logo cedo... Cecilia? — ela ofega sensualmente e agora sim começo a pingar de tesão verdadeiramente.
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Meu Indomável Desejo (Livro 1) - CONCLUIDO
ChickLitSinopse Cecilia Winsloe é vista por todos como uma estranha e reclusa garota. Aos doze anos descobriu ser hermafrodita - uma anomalia genética em seu corpo que a faz ter caracteristicas de ambos os orgãos; masculino e feminino. E que transforma sua...