— O quê? É aniversario de Johanna na quinta feira!? — pergunto chocada com o que acabado de ouvir e praticamente não acredito, tanto que chego a morder a pontinha da minha unha enquanto sorrio e escuto atentamente a ligação da senhora Marcelyn.
— Sim, Cecilia, ela não contou? Ha, aposto que não, ela não gosta de festas de aniversário.
— Mas... a senhora pretende ir contra a vontade dela?
— É só uma pequena comemoração. Venha também! Ficaríamos felizes em tê-la entre nós novamente.
— O... ok, irei sim.
— Perfeito, amanhã à noite.
Eu sinalizo com a boca antes dela desligar e eu logo em seguida.
Johanna estava ficando mais velha, era uma oportunidade de saber o quão mais velha era a minha namorada. Eu penso que sua idade não importa, mas a minha curiosidade está atiçada, ela já deu tantos sinais confusos que ao meu ver ela deveria ter entre 30 e 33 anos, mas só saberia quando cantassem o seu parabéns.
Por que não perguntei a idade dela desde o começo?
Tento agir naturalmente, mas a empolgação está me tomando, me fazendo esquecer coisas que eu geralmente não esqueceria, como confundir os selos postais e as embalagens na IMS, penso que se Johanna não quer uma festa, eu não posso contesta-la, mas já que será sua mãe quem vai dá-la, eu não serei culpada e muito menos vou esquecer de lhe dar algum presente.
Porém, o que dar de presente a alguém que já tem tudo?
Perfumes? Não, os dela eram caros demais e um de 20 dolares não seria o mesmo que um importado de 500. Um jantar talvez? Não... ela frequentava somente lugares chiques. Um vestido? Não! Ela devia ter todo um closet com roupas de grife e eu não saberia comprar nada que não fosse para mim.
Então penso.
Na madrugada em que estávamos indo a Riverdale eu liguei seu rádio e ela praticamente exigiu que eu parasse em uma estação que era a sua favorita, nela tocava o blues de um cantor chamado Chuck Berry que ela diz gostar muito e tinha toda uma coleção de discos de vinil — isso sim é velhaco, mas ela também mencionou que não tinha um deles.
— Perfeito! — explano quando levo de volta algumas caixas de outro setor até a minha bancada para fazer os envios exclusivos e prioritários que precisavam de um selo especial que eu não tinha ali.
— Falando sozinha, Winsloe?
— N... não Clark, apenas pensando — reviro os olhos ao soltar a caixa grande na bancada.
Clark parecia diferente, falando pouco, fugindo da gente, sempre presa na sua sala e o pior, me evitando. Não que ela fosse deixar de pegar no meu pé, mas depois da coça que tomou de Barnes, ela parecia mais aguerrida, se sentindo intimidada por eu estar ganhando prestigio.
Sei lá, parece o espaço para um crime perfeito dela a forma com que me olha com desdém e tenta saber o que estou aprontando com o nosso chefe.
— Ouvi dizer que alguém esteve bastante ocupado.
Eu a olho, sou ridícula ao tentar disfarçar surpresa. Ela levanta uma sobrancelha enquanto está arqueada na bancada.
— Quem?
— Priscilla do RH — ela bufa com a boca. — Soube que pretendem contratar um novo funcionário para o setor de entregas.
Jogo uma mecha de cabelo atrás da orelha por sobre os óculos e tento não parecer surpresa com essa notícia, mas sorrio logo em seguida. Sinto uma energia boa passar pelo meu corpo quando percebo que na verdade vou finalmente trabalhar menos e carregar menos coisas. A minha torcida é para que seja um homem - de preferência um forte para fazer a parte pesada dessa droga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Indomável Desejo (Livro 1) - CONCLUIDO
Chick-LitSinopse Cecilia Winsloe é vista por todos como uma estranha e reclusa garota. Aos doze anos descobriu ser hermafrodita - uma anomalia genética em seu corpo que a faz ter caracteristicas de ambos os orgãos; masculino e feminino. E que transforma sua...