Capítulo 6

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  Andamos até um alto da Pedra Bonita. Pera aí, Asa delta?!

— Gosta de altura? — se virou para mim.

— A paisagem é linda, daqui de cima. — sorri. — Mas o que viemos fazer aqui? — murmurei para apenas que ele ouça.

— Não está obvio, Leticia? — deposita suas mãos, uma de cada lado do meu rosto.

— Óbvio que aqui praticam esportes radicais? Sim, está. — tirei as mãos dele do meu rosto.

— Iremos pular de asa delta! — exclamou.

— Nós uma vírgula, porque eu não vou. — tento sair de perto, mas Pietro me segura pela cintura.

— Por favor, Ariel... — sussurrou em meu ouvido.

— É Letícia, abestado! — me viro e fico de frente pra ele. — Eu não quero pular e morrer, assim desse jeito, quero outro tipo de morte para mim. — pisco.

— O instrutor é meu tio, relaxa. Ele tem experiência no ramo. E se morremos, morremos juntos. — revirei os olhos.

— Já viu a altura disso?! Eu quero morrer dormindo! — prendo meu cabelo.

— Cópia barata do Mc Brinquedo, não vai acontecer nada. Você vai pular com um instrutor, o meu tio. — sussurrou. — E essa pode ser sua primeira e última chance. Temos que ter um pouco de emoção em nossas vidas.— apertou a ponta de meu nariz. 

  Respirei fundo. Ele tem razão, aliás eu preciso sair um pouco da minha rotina monótona. Preciso me arriscar um pouco, mesmo que esse pouco custe minha vida, certo? Não!

— Está bem! — concordei.

O instrutor, Neto, começou a dar algumas instruções, para os de primeira viajem, — digamos assim. — ele disse que pode durar de 7 a 20 minutos. Vamos pousar em chão firme, na Praia do Penino. Colocamos os equipamentos de segurança, e nos preparamos para decolar, e lá vamos nós.

Estamos sobrevoando, é uma sensação inexplicável. Não sei, mas me sinto livre como um pássaro, meu coração está acelerado, e fecho os olhos no intuito de me tranquilizar. Até eu senti a areia quente.

— Gostou, Letícia? — Netou sorriu.

— Pior que sim, mas dura muito pouco tempo. — lamento. — Aliás é uma sensação de terror e   liberdade ao mesmo tempo. Céus!

— Você pode pedir pro Pietro lhe trazer novamente. — riu.

— É. — digo apenas.

— E aí, como foi? — ouço a voz de Pietro, atrás de mim. Mas o quê?

— Legal. — dou de ombros.

— Sabia que você ia gostar... — diz, tirando o equipamento de segurança. Começo a tirar o meu.

  Depois entregamos para o Neto, e nos despedimos dele, vamos andando pela praia.

— Quer sorvete? — oferece. Lógico que não irei negar.

— Óbvio. — um carrinho de sorvete passa, e Pietro compra dois sorvetes no copinho.

— Aqui está sujo. — apontou pro meu rosto.

— Onde? — passei a mão na bochecha.

— Aqui! — dito isso, lambuza minha bochecha de sorvete.

  Sussurro um Você me paga, saio correndo atrás dele.

— Pietro! — gritei, mas no mesmo instante, tropecei na areia. Mesmo tentando me equilibrar, cai de joelhos.

  Ele olha para trás, e vem até mim rindo, e estende a mão pra me ajudar a levantar.

— Seu idiota! — dou um tapa em seu braço.

— Eu tento ajudar e ainda apanho, Mc Brinquedo? — diz, rindo.

— Para de me chamar de Mc Brinquedo, que saco! — e mais uma vez mostrei o dedo do meio para ele.

— Ok, então, irei chamá-la de Pequena Sereia. — jogou um beijo no ar.

— Letícia! Meu nome é Letícia. — mostrei a língua para ele. Não sei porque... Na verdade, porque eu sou infantil ao extremo.

Quem mostra a língua, quer beijar! Tá pedindo para eu te beijar, é? — aproximou nossos rostos.

— Livrai-me ó pai... — mas quem me dera.

— Pietro! — diz uma voz enjoativa.

  Ana. Não podíamos entrar pessoa melhor.

— O que você faz aqui? — disse a Ana.

— A praia é pública. — suspirei. — E o que você faz com aqui com ela? — disse olhando pra mim e fazendo cara se nojo.

— A praia é pública. — repeti a mesma coisa que ela.

— Não é da sua conta! — Pietro responde.

— Nossa, amor. Por que me trata assim? O que fiz? — fez cara de vítima.

— Tchau, Ana. Eu e a Leticia já vamos. — pegou na minha mão.

— Eu também vou. — ficou ao lado de Pietro.

— Flávia está na casa do Bruno. — informou.

— Não importa. Eu espero ela, lá mesmo. — sorriu. 

E assim vamos pra casa, com Ana a todo momento dando cantadas em Pietro. Não podia terminar melhor!

— Tia, — abraçou-a. — A Flavia já chegou? — parece até o Flash, essa menina.

— Não... — na hora que ela diz isso, Flavia chega. Ana e Flavia, se abraçam.

— Mãe, a Ana vai amanhã com a gente, pode ser? — a mãe dela sorriu.

— Pode sim. Vamos amanhã de manhã cedinho. — e foi para cozinha.

— Ela vai dormir aqui! — gritou. Já até estou vendo tudo! 

  Subo, vou direto para o quarto e tomo um banho. Me sento na cama, e começo a ler um conto no Wattpad, após me vestir obviamente. No instante em que terminei o primeiro capítulo, alguém bate na porta e entra.

— Pietro... — murmuro.

— Então.... Amanhã nós vamos para Ilha Grande. — sentou-se na cama. — Você vai gostar de lá.

— Espero que sim. — volto a olhar para a tela do celular. — Obrigada, por ter me levado lá.

— Vamos assistir alguma coisa? Uma série? — fala pegando o celular da minha mão.

Era Apenas Uma Viagem Onde histórias criam vida. Descubra agora