16. Brut Rosé

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Sakura fechou a porta do camarim respirou fundo. Olhou para as próprias palmas e elas, além de trêmulas, brilhavam de suor. Suas pernas não estavam num estado diferente, quase como gelatinas. Com a mão no peito, ela se firmou nos saltos baixos e andou pelos corredores da emissora até sua vaga, onde estava o chamativo conversível vermelho de Ino.

Algumas pessoas a cumprimentaram desejando uma boa noite e ela respondia com um sorriso pequeno e nada convincente. Estava nervosa, ansiosa em níveis alarmantes e nem ao menos conseguia disfarçar. Sua cabeça, a lembrando constantemente do que havia feito, da decisão impulsiva que tomou em seu camarim.

Lembrar disso a fez se lembrar de outra coisa, e voltou correndo para o camarim onde havia esquecido a bolsa e as chaves do carro. Ela queria rir de nervoso de sua falta de capacidade intelectual e das suas reações de adolescente perante Sasuke.

— Eu me convidei para dormir com ele — murmurou, ainda digerindo em sua mente. Passou a mão pelo rosto e riu. Quis gargalhar quase num pico de pânico. Mas ainda havia pessoas ali, prestando atenção nela e prontas para twittar qualquer acesso de loucura que ela tivesse.

Ao sair do prédio da emissora, sua primeira ação foi ver se tinha fotógrafos à espreita. Olhou para um lado, vendo somente carros estacionados e pessoas indo até os seus veículos. Do outro, mais carros. O vigia idoso a encarava, estranhando a situação, e mais a frente, uma cena que ela chegou a abrir a boca não acreditando: a apresentadora Hana Inuzuka encostada na porta do carro de Sasuke e enrolando uma mecha do cabelo no dedo.

Inconscientemente os olhos de Sakura se estreitaram e a boca crispou. Ela podia muito bem usar a distração da apresentadora para ir para o seu próprio carro sem chamar atenção, mas ela queria ver o final daquilo, queria ver até onde aquela sorridente mulher iria.

Sakura se esgueirou para perto da guarita, totalmente inconsciente do senhor vigia olhando-a com ainda mais estranheza. Já era noite, mas ela contava com a boa iluminação do estacionamento para conseguir ver tudo. Queria ver a reação de Sasuke, saber se ele estava gostando daquilo. Naquela altura do campeonato, ela já nem sabia mais se havia sido uma boa ideia propor algo tão íntimo quando na verdade preferiria que tudo acontecesse de forma natural, como a velha romântica que era.

— Sakura? Achei que já tivesse ido embora.

O susto que ela levou com a voz de Kakashi às suas costas foi mal disfarçado com a mais falsa crise de tosse que aquele diretor de entretenimento já ouviu.

— Eu... — ela sorriu enquanto as sobrancelhas claras se juntavam numa reação à sua falta de criatividade para bolar uma boa resposta. Kakashi aguardou balançando a cabeça lentamente como se isso a ajudasse — Estou procurando o meu carro. Acredita que esqueci onde o estacionei? — bateu na própria testa e revirou os olhos.

Kakashi levantou as sobrancelhas e ajeitou uma bolsa de couro que tinha nos ombros.

— Hm, doutora —o velho vigia tossiu limpando a garganta e Sakura olhou para trás aterrorizada se dando conta de sua existência — Acho que ele está na fila E, não? — e apontou para a direção contrária a onde ela realmente estacionou.

Tanto Sakura quanto Kakashi olharam para lá, um fila adiante de onde Sasuke havia estacionado o seu. Ela engoliu em seco. Kakashi soltou um riso sem graça e irritante. Ela percebeu, entretanto, que naquela fila havia mesmo um carro do mesmo modelo que o seu. Incomodada e com uma leve e agoniante pitada de curiosidade, ela sorriu e ajeitou a bolsa no antebraço.

— Muito obrigada, senhor — ela procurou o crachá no peito do uniforme do vigia, demorando mais do que o normal por estar concentrada em sua visão periférica do que acontecia mais a frente — Hmm... Motoko. Tenha uma boa noite. Até semana que vem, Kaka...

Provar, comer e casarOnde histórias criam vida. Descubra agora