25. Happy Hour

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— ... então ele apareceu na minha sala com um botão de rosa e fez uma reverência, Ino! Uma reverência! E disse assim: "É com extrema apreciação que recebi a notícia de que você estava envolvida com o nascimento de meu sobrinho. Receba esta rosa como sinal de..." não lembro a palavra, mas ele me estendeu a rosa e eu fiquei meio sem saber onde colocar a flor. Eu nunca recebi uma flor que não fosse daquele menininho na época da residência.

E aí?

— E aí que travei, né? Fiquei gaguejando igual uma pateta e falei pra ele se sentar, mas só tinha as cadeiras infantis porque as adultas estavam na limpeza. Tudo errado, Ino. Tudo errado. — Tenten passou a mão pela testa suada — Ele perguntou a hora que eu saia e está me esperando lá fora. Faz 36 horas que não durmo de verdade, que não tomo um banho com meu sabonete líquido e que não vi uma cera quente. Eu sou uma azarada da porra, Ino.

E por isso quer que eu leve um vestido, gilete e um perfume para você na surdina? Tenten, eu não posso sair agora, estou fotografando, criatura! Temari não pode ajudar?

— Ela não me atende. — desceu deslizando as costas de modo dramático, como se Ino pudesse vê-la.

Olha, meu amor, eu sinto muito, mas não consigo mesmo sair daqui. Eu nem deveria estar falando ao telefone.

— Inoooo...

— Onde está sua bolsa? Eu falei para deixar um hidratante nela!

— Está no... — Tenten se interrompeu e sorriu sem graça para o nada. — Pode deixar que me viro. Obrigada, Ino!

Desligou o telefone, se levantou rápida e saiu do banheiro como se nada tivesse acontecido. Olhou para os dois corredores e seguiu para as portas do fundo cheirando o próprio braço para sentir aquele cheiro de sabonete de hospital. Deu de ombros esperando que o hidratante resolvesse.

Havia deixado a bolsa no carro, o que não era algo raro dela fazer. Estava tão desnorteada com a chegada e o convite repentino de Neji que o desespero era sua parceira durante toda a última meia hora que tinha antes de dar seu horário.

Apertou a rosa contra o peito e se despediu das últimas pessoas que acabavam de entrar no turno da noite.

Chegou ao estacionamento e o viu se desencostar do carro em sua camisa bem alinhada e seu cabelo bem penteado para trás.Ele fazer menção de se aproximar, mas ela ergueu uma mão desesperada pedindo silenciosamente que ele não o fizesse. A primeira coisa que fez ao entrar no carro foi bater a cabeça no volante até a testa ficar vermelha e repetir a cada pancada um "Idiota, idiota". Era bem fácil ser aquela garota doida pelas redes sociais, atrás de um aparelho de celular e de uma televisão para proteger ela da vergonha, mas agora que a coisa era real...

Passou o creme pelos braços, pescoço, barriga, dentro do sutiã (quase chorou ao ver que usava um bege), passou o batom rosado na boca e esfumou um pouco do mesmo pela bochecha em falta de um blush. Teria que pegar a mania de Ino em levar tudo o que pudesse dentro da bolsa, agora ela entendia essas emergências que Ino tanto falava. Jogou o jaleco para o banco de trás e olhou se a camisa poderia ser transparente se usasse sem sutiã. Apontou o dedo no queixo pensando que transparência seria uma boa ideia para ele não prestar atenção na falta de jeito dela... Não, não, não! Balançou a cabeça e desfez os coques que usava para entreter as crianças, bagunçou os fios gostando pelo menos das ondas que fizeram com o penteado bobo.

— Força, Tenten. Respira fundo. Dessa vez vai dar tudo certo. Isso! — Deu partida no carro e o viu acender os faróis do próprio e sair do estacionamento com calma, ela só agradecia o carro ser automático porque já não tinha mais certeza se acertaria as marchas até chegar onde ele queria.

Provar, comer e casarOnde histórias criam vida. Descubra agora