17. Uma pitada de confusão

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Ela estava com calor. Foi o primeiro pensamento de Sakura naquela manhã.

Esticou as pernas doloridas e abaixou um pouco o lençol que a cobria sem abrir os olhos. Suspirou e se aconchegou melhor no colchão.

Confortável, já ia deixando que o sono a levasse de volta para mais um tempinho descansando, mas um movimento ao seu lado a fez despertar e se dar conta de que não estava sozinha. E nem com roupa.

Aos poucos ia tomando consciência de onde realmente estava.

Puxou o lençol até seu pescoço e virou a cabeça lentamente para o lado e o suspiro ficou preso entre os lábios. Virou o corpo com cuidado para não acordá-lo, não queria perder aquela visão.

Sasuke estava com um braço abaixo da cabeça e o outro cobrindo os olhos, os fios negros espalhavam-se lisos pelo travesseiro branco pérola, a pele do rosto tão lisa e branca, sem nenhum ponto de imperfeição e ela achava aquilo injusto, a boca entreaberta clamando por um beijinho dela. O peito estava descoberto, subindo e descendo lentamente num sono pesado.

Sua atenção permaneceu ali por um momento, no corpo bonito de Sasuke. Não era exageradamente musculoso, mas era forte, bem desenhado e rígido. Jamais havia dormido com um homem daqueles, era um fetiche antigo que achou que não realizaria tendo Sasori como seu marido.

O ruivo, aliás, era magro, mais baixo que Sasuke e infinitamente pior de cama. Dormira apenas duas vezes com ele, há muito tempo. Ele havia sido seu terceiro, não havia muito com o que comparar, então achava normal a demora em ficar totalmente pronto, a rapidez na transa e a falta de um segundo round. Sasuke era um caso deliciosamente raro, ou Sasori não era tão bom assim como ela pensava.

Sasuke suspirou e tirou o braço de cima dos olhos pousando sobre o abdômen. Sakura prendeu a respiração, ainda se sentia despreparada sobre como deveria reagir quando ele acordasse, mas Sasuke continuava adormecido.

Relaxou sobre o travesseiro macio e continuou observando-o. Atentou-se nas tatuagens dessa vez, o que antes era um motivo de julgamento agora era um charme irresistível naquele homem.

Se dissesse para a Sakura de um ano atrás que estaria na cama de um cara tatuado e fortão, ela teria rido e desdenhado. Aquela era uma ideia absurda, mas agora o absurdo era pensar em resistir ao chef Uchiha.

Levantou a cabeça e apoiou na própria mão para olhar melhor para ele. No braço acima do abdômen estavam os galhos negros que começavam humildes no antebraço e iam ganhando espaço fechando todo o braço até chegar no ombro, alguns galhos ainda desciam pouco pelo peito. Eram galhos simples, cheios de ramificações que se espalhavam pelo membro. Os dedos ficaram tentados a tatearem o desenho por toda a sua extensão.

Ela mordeu o lábio suprimindo a vontade de tocá-lo, ajeitou-se melhor no apoio de sua mão e olhou a tatuagem em cima do peito esquerdo, um samurai, apenas seu busto e o rosto de perfil, o único olho visível sério, as feições pesadas como as de Sasuke, os detalhes bem feitos de sua armadura sendo analisados pelos olhos curiosos de Sakura. Ela começou a imaginar o quão dolorido deveria ter sido fazê-la.

Então chegou a terceira tatuagem, a que ficava na parte de dentro do braço mais perto dela e a mais recente pelos traços ainda fortes. Um falcão calmamente pousado em um galho olhando para trás. Era um desenho muito bonito, com detalhes nas penas que o faziam quase parecer real, ainda que nenhuma cor o tomasse. Nenhuma das tatuagens de Sasuke tinha cor, ela percebeu, não que fizesse diferença na beleza delas, mas era curioso e talvez houvesse algum significado. Ela gostaria de perguntar, assim como muitas outras coisas que vinham em sua mente a cada segundo a mais que ficava com ele.

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