27. Season Finale

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— Sasori? O que—

Não houve tempo para que Sakura conseguisse questionar aquela inadvertida e desagradável visita, Sasori já ia abrindo a porta para entrar no apartamento. Sakura, entretanto, apoiou o braço no batente num movimento desesperado para parar o avanço dele. Olhou para um lado do corredor, apenas o que ela conseguia sem que tivesse que se inclinar sobre ele. Não havia ninguém.

— Eu vim conversar com você, Sakura — ele disse baixo, num tom que não era possível decifrar qualquer tipo de emoção. Puxou a lapela do terno com singela delicadeza, um movimento calculado que Sakura não perdeu de vista. Infelizmente, não havia ninguém no corredor. — Temos assuntos inacabados que, suponho, você irá concordar comigo que devemos conversar para chegarmos num fim que seja satisfatório para ambos.

Sakura sentia medo. Ela decididamente não queria que ele entrasse em sua casa, não queria nem ao menos vê-lo passando pela rua. Pensava rápido como tiraria ele dali sem que houvesse consequências ruins. Ela tentou dizer algo, mas nada chegava a sua mente naquele momento, completamente tomada pelo desespero de tomar uma decisão e anuviada pelos sentimentos fervilhando que destruíam seu raciocínio.

Ele colocou a mão na porta mostrando sua vontade em entrar mais uma vez, então Sakura se forçou a dizer algo.

— Eu acredito que uma conversa entre nós não é necessária, Sasori. Acabou.

Sasori exprimiu uma leve careta para a última sentença e Sakura implorou internamente que ele fosse embora com aquilo. Mas, ela melhor do que ninguém sabia do obstinação de Sasori, como ele não saia perdendo em nada que se propusesse a fazer.

— Eu não aceito somente isso depois dos anos que ficamos juntos, Sakura. Não acha que é o mínimo que você deve a mim depois de tudo? — ele deu um passo adiante e Sakura fechou um pouco a porta automaticamente. Ele parou e olhou aquilo com o cenho franzido — Você está sendo egoísta.

Sakura teve vontade soltar um riso de escárnio naquele momento. Teve muita vontade de enfiar todas as definições na guela dele e usar como exemplo de egoísmo ações que ele já havia feito, palavras que ele havia falado. No entanto, ela se recompôs e sua cabeça começava a processar tudo com mais frieza, tentando controlar aquele sentimento de desamparo.

Ter Sasori sendo ele mesmo na sua frente mais uma vez depois da venda ter caído de seus olhos e aprendido a amar primeiramente a si mesma, criou uma ação contrária ao que causava antigamente. Ela começava a sentir nojo daqueles olhos caídos e superiores, que pareciam sempre olhar de cima; do cheiro insuportavelmente forte de seu perfume importado marcando sua presença por tempo demais em qualquer lugar que estivesse; de suas roupas muito bem alinhadas, limpas e sofisticadas. Como se tudo aquilo fosse uma casca para o ser pequeno, podre e sem moral que habitava dentro dele.

Haviam respostas petulantes na ponta de sua língua, haviam palavras de baixo calão que sugeriam exatamente o que ela queria dizer para ele naquele momento, haviam atitudes consideradas imaturas para alguém da idade dela sendo muito bem censuradas por sua consciência. Haviam muitas coisas passando pela cabeça de Sakura no momento, e Sasori foi mudando a expressão enquanto a dela também foi mudando.

— Eu aprecio a sua visita e a sua atenção ao nosso relacionamento, mas eu te garanto que nada que conversarmos vai consertar ou mudar algo. Eu não tenho qualquer ressentimento ou sentimento negativo sobre você, Sasori. Então...

— Então não vai ser sacrifício algum me escutar.

Sakura suspirou cansada. Não adiantava a cara de coitado que ele fazia tão bem, não adiantava qualquer expressão sentimental e que a culpasse de algo que ela não fez. Sakura estava irredutível e conseguia passar isso com seus olhos, com sua postura, com suas poucas palavras.

Provar, comer e casarOnde histórias criam vida. Descubra agora