26. O amor é doce. O passado é amargo.

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Sasuke olhou de canto para o câmera e os dois assistentes que registravam tudo o que faziam. Um olho chegava a tremer vendo um ombro muito próximo à uma de suas panelas, o desastre parecia iminente.

Pareçam naturais, treinem como se não estivéssemos aqui.

— Sasuke? Chef?

Sasuke fechou os olhos por um segundo, apenas para tentar ignorar a invasão daqueles desagradáveis profissionais em sua amada cozinha.

— Desculpe. — respirou fundo e olhou para Sakura, seu único foco até o final daquela semana. Os olhos verdes dela brilhavam com divertimento ao estado dele, era algo que ele se segurava muito para não deixar se afetar, daria risada se estivesse só os dois, mas tinha que deixar vívido na memória daqueles caras que ele não gostava da presença deles, tanto em sua cozinha quanto em sua vida. — Turducken é um prato de origem norte americana, mais precisamente dos Estados Unidos. Comumente feito nos jantares de Ação de Graças, a palavra Turducken — abriu o freezer tirando três tipos de aves e colocando sobre a bancada de corte ao olhar surpreso de Sakura — vem da junção do nome das três aves que o compõem: Turkey, peru. Duck, pato. Chicken, galinha.

— Ótimo prato para uma final — Sakura reclamou e Sasuke torceu um canto da boca concordando.

Ele continuou explicando como o prato era feito e a surpresa de uma ave ser dentro da outra foi compartilhada por todos na cozinha que não fossem cozinheiros. Naquela semana, Sasuke havia escolhido o Susanoo por ser o restaurante menos agitado dos três, mesmo que o movimento houvesse aumentado mais de duzentos porcento em cada um deles. Era menos bagunça para lidar depois do expediente, menos gente curiosa para atrapalhar e mais fácil para fugir de qualquer paparazzi maluco que tivesse a ousadia de ainda fotografar ele e Sakura.

Depois de tudo o que havia ocorrido com Naruto, Sasuke não tinha mais tolerância para aquele tipo de assédio e não responderia mais por si mesmo se encontrasse alguém abusando e invadindo a sua privacidade ou a de alguém que fosse querido por ele.

Sakura tinha um olhar de sofrimento olhando-o desossar o peru na bancada, era um olhar inocente de alguém que tudo observava como uma aluna aplicada que tinha receio em errar.

— Para mim seria mais fácil se tivesse como comparar isso com algum processo cirúrgico, mas com certeza eu não desosso pacientes — riu doce fazendo seu ótimo papel de ignorar a plateia que tinham. — Está certo de que posso aprender isso em menos de uma semana?

Sasuke tinha uma resposta rápida e safadinha para Sakura, veio até a ponta da língua e voltou pela garganta quando se recompôs após aquele sorriso ambíguo dela. Certamente dizer que Sakura tinha habilidades excepcionais com perus não seria de modo algum delicado e sutil, muito pelo contrário, seria algo para fazê-la rir enquanto a empurrava contra o balcão para começar os amassos intensos.

Se limitou a dar um sorriso forçado e continuou a desossar o peru. Piadas sujas, ele foi pensando enquanto fazia o trabalho fingindo concentração, nunca havia feito parte de seu repertório quase inexistente de piadas, mas o sorriso de Sakura era algo que ele podia comparar ao doce de uma fruta fresca recém tirada do pé; ao puro mel escorrendo do favo cheio.

E seu riso? Seria impossível pensar em algo que possuísse tanta suculência e maciez. Ele havia se tornado um idiota sem perceber, buscando uma pequena parte dela todos os dias para se sentir completo.

— Chef, vira um pouco o corpo para não cobrir o que está fazendo. — o câmera pediu de olho na pequena tela que transmitia o que ele capturava. Sasuke suspirou impaciente e o homem gordinho sorriu amarelo completando incerto com a voz fina — Por favor?

Provar, comer e casarOnde histórias criam vida. Descubra agora