"Eu não me arrependo pela pessoa que tive que me transformar pra que pudesse sobreviver"
Schuyler PeckO despertador do celular tocou várias vezes antes que Anahí criasse coragem para abrir os olhos. Ela sabia que dia era aquele, mesmo sem precisar olhar o calendário e ela odiava o fato de não ter conseguido esquecer a data por completo. Do lado do colchão onde dormia, afinal, perdera sua última cama em uma noite mais selvagem com Adam... ou seria Nate? ela não fazia questão de lembrar e nem se importava... de qualquer forma, ali haviam alguns livros empilhados, um isqueiro e um mini cacto que comprara quando estivera em Portland, em mais uma tentativa frustrada de encontrá-lo. Cactos, por algum motivo lhe davam a sensação de familiaridade; eram pequenos, frágeis, requeriam pouca atenção e cuidados (o motivo exato pelo qual eram suas plantas favoritas), mas podiam machucar quem os abraçasse com demasiada força.
— Oi, amigão! – ela sorriu, levantando-se e olhando-se no espelho quebrado. Havia dormido com uma camiseta regata e calcinha de algodão, mesmo estando um pouco frio naquela época do ano.
Sobre sua jaqueta preta jogada sobre a arara de madeira improvisada, ela viu o terço de ouro, lembrando-se do encontro nada convencional que tivera na noite passada. Alfonso... o cara comprometido que a havia levado para jantar em sua casa, que tinha até mesmo cozinhado para ela e oferecido sua própria cama pra que ela dormisse... algo não se encaixava, ninguém era tão bom assim. Sua experiência com homens dizia que ela sempre devia esperar o disfarce se desfazer, a máscara cair. Sua mãe costumava dizer que todo o cavalheiro era um lobo paciente. Por isso mesmo, Anahí não se permitia sentir remorso. O cara podia muito bem ser um psicopata caçando sua próxima vítima, ela via aquele tipo de estória o tempo todo nos documentários da TV. Caminhando com a escova de dentes até a escada de emergência, Anahí observou a calmaria na rua lá em baixo. Poucas pessoas estavam despertas naquele horário, a cidade aos poucos acordava para um novo dia. Talvez fosse aquele o dia em que ela o encontraria...
— Hey, Annie... está livre sexta à noite? Depois do seu turno no Victoria's? – gritou Simon, um de seus vizinhos.
Ela riu, sem deixar de reparar na forma como o rapazinho quase torcia o pescoço para escanear cada parte de seu corpo. Também pudera, ela estava mesmo de blusa curta e calcinha em cima da escada de incêndio, segurando-se as barras de ferro enquanto escovava os dentes.
— Estou sim, Simon!
Os olhos do rapaz brilharam.
— Te busco no Victoria's as oito e meia, você não vai se arrepender... conheço um bar super legal onde toca o tipo de som pesado que você curte! Eu não acredito que disse sim! – ele quase pulava.
— Eu não disse essa sexta, Simon... quem sabe na próxima? – ela sorriu maliciosa e virou-se para entrar para o seu apartamento, deixando-o quase vesgo com o seu rebolar. — Tenha um bom dia!
Anahí enfiou o celular na mochila, junto com seu uniforme e saiu apressada. Por sorte, tinha conseguido aquele emprego pouco depois de chegar em Boston e ganhava mais ou menos o suficiente pra se manter, com certo aperto. Manuel Velasco, o mexicano dono do Victoria's era um homem sério e reservado, mas que a acolheu e protegeu quando ela mais precisou. Na verdade, Anahí tinha quase certeza que ele estava interessado nela, mas até o presente momento, não dissera ou fizera nada a respeito. Era melhor assim. Se o patrão tentasse alguma coisa, ela poderia perder o emprego e aquilo a deixaria com uma mão na frente e a outra atrás.
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DARK PARADISE
FanfictionQuando Alfonso Herrera viu Anahí Portilla pela primeira vez, ele soube que ela seria um problema. Por favor, a jovem tinha "problema" escrito em um letreiro neon sobre sua cabeça... ...Ainda assim ele aceitou o desafio que seria ajudá-la com seu ví...