Capítulo XXIII: The sword & the cross

266 20 10
                                    


"Algo sobre as asas de um anjo,
muito sobre um coração partido"
Edgar Allan Poe

Um traço firme apareceu no papel, enquanto Anahí apertava os olhos, encarando com atenção a folha que fora branca, mas agora continha um de seus desenhos. Era um estudo da Vênus de Botticelli, que ela parecia errar cada vez em uma parte diferente. Atirando as mãos para cima e bufando de raiva, ela arrancou a folha do caderno e jogou na lata de lixo ao lado da escrivaninha.

— Problemas?

Anahí levantou a cabeça para encontrar o namorado de sua irmã encostado a porta.

— Não. Só estava terminando uma atividade do meu curso, mas os traços renascentistas são mais difíceis do que eu pensava.

Connor se aproximou sem pedir licença e antes que Anahí pudesse dizer alguma coisa, ele estava com sua pasta na mão e virava as folhas, observando os desenhos intrigado.

— São todos seus?

— São...

— Grace mencionou que você é uma artista, mas nunca pensei que... Nossa, Annie, isso é incrível!

Aquelas palavras fizeram um sorriso se abrir involuntariamente nos lábios de Anahí.

— São só esboços... eu acabei deixando a maioria das minhas telas para trás quando vim pra cá.

— Eu adoraria vê-las, se for possível.

— Quem sabe eu não vou buscá-las qualquer hora.

Connor olhou ao redor um pouco desconcertado, antes de depositar a pasta nas mãos de Anahí novamente.

— Eu vou deixar você terminar suas coisas agora. Sabe se Maisie está em casa?

A garota mordeu os lábios.

— Ela saiu há algumas horas.

— Poxa. Eu não avisei que vinha, quis fazer uma surpresa e levá-la ao teatro, mas tudo bem. – ele suspirou. — Sabe onde ela foi?

— Eu sou a última pessoa a quem a Maisie diria pra onde vai ou deixa de ir.

De repente Anahí sentiu um enorme desconforto na boca do estômago. Se sentiu culpada. Maisie a desprezava, mas Connor era tão simpático e amável. Desde quando conversaram e ele a consolou no Natal, cada vez que ele a via a cumprimentava com um sorriso gentil, sempre fazia questão de perguntar como ela estava se sentindo e fazer alguma brincadeira sem graça. De uma forma atípica, os dois tinham iniciado uma amizade confortável. Connor não a olhava de cima para baixo e Anahí gostava da sua companhia. Ela só estranhava seu pai não gostar do noivo da irmã e temia que a proximidade dos dois fosse incomodar Maisie. Connor quase nunca lhe dirigia a palavra quando a noiva estava por perto. Anahí estranhou no começo, mas logo percebeu que aquilo era o mais prudente.

— Desculpe, Annie. Sei que Maisie não te trata como deveria e acho que isso é parcialmente minha culpa.

— É verdade que não nos somos melhores amigas e que Maisie tem um gênio difícil, mas não vejo como você pode ser responsável por isso.

— Maisie é minha noiva, mas não sou cego quanto a ela. Ela sempre foi mimada e nunca soube dividir atenção. É louca pelo pai e Enrique é igualmente apegado a ela. Deve ser por isso que ele não gosta de mim. Ninguém nunca vai ser bom o suficiente para sua princesinha. – Connor soltou um suspiro profundo. — Maisie tem ciúmes de você. Ela acha que você quer roubar o lugar dela na vida de Enrique e também não gosta que eu converse com você.

DARK PARADISEOnde histórias criam vida. Descubra agora