Capítulo XXII: Psalm 23:4

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"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum,
porque tu estás comigo."
Salmos 23:4

As mãos de Alfonso ainda tremiam, enquanto ele olhava ansioso para a entrada da cafeteria.

Morta.

Candy...

Não.

Dulce estava morta.

Mais do que isso. Ela tinha sido assassinada. O estômago de Alfonso se embrulhava.  Após a segunda xícara de café, ele a avistou. Anahí vestia uma calça jeans de cintura alta, botas pretas e um suéter vermelho. Seus cabelos estavam presos no topo da cabeça em um rabo de cavalo alto, algumas mechas saíam do amarrador e emolduravam seu rosto bonito. Alfonso suspirou alto. Ela estava linda. Ela estava saudável.

— Que bom que veio. Quando te mandei aquela mensagem, não sabia se viria.

Anahí segurou o rosto de Alfonso com as duas mãos, arregalando os olhos diante de seu aspecto.

— O que houve com você? Está branco como se tivesse visto um fantasma.

Quase.

— Você se lembra da Candy que trabalhava na Lure?

Anahí revirou os olhos.

— Você quer dizer Dulce? Sim, me lembro dela.

— Ela foi encontrada morta hoje mais cedo a algumas ruas da boate.

— Morta como...

— Assassinada, Annie. Dulce foi assassinada.

Uma garçonete se aproximou trazendo o cardápio e Anahí pediu um suco. Os dois ficaram em silêncio até ela se retirar com o pedido. Dulce não era sua amiga, mas ela jamais pensou que algo tão cruel fosse acontecer com ela.

— O que você sabe sobre isso?

Alfonso passou as mãos no cabelo. O suor que brotava em suas têmporas eram o indicativo da enorme pressão que ele sentia no momento.

— Eu recebi uma mensagem dela ontem... Dulce sabia de alguma coisa sobre o assassinato de Jordan. Era uma informação nova.

Demorou um minuto para Anahí entender o que aquilo implicava.

— Você acha que a morte dela foi encomendada?

— Noticiaram que foi roubo seguido de morte... ao que tudo indica sua bolsa não foi encontrada.

Anahí apertou os lábios inferiores contra os dentes. Sua cabeça rodava a a 140 quilômetros por hora.

— Seria muita coincidência isso acontecer logo quando ela estava prestes a te dizer algo que poderia levar ao verdadeiro assassino de Padre Jordan. Você estava indo ao seu encontro e se...

— O quê? O que está pensando? – Alfonso estalou os dedos, trazendo Anahí de volta ao foco, depois dela ter se perdido por um momento.

— Não é nada de importante. É como uma intuição, sei lá. Você disse a mais alguém que estava indo encontrá-la?

Oh.

Padre Ben.

— Não... sem chances. Ele é de confiança. É meu amigo, sei que jamais...

Sabia mesmo?

— Talvez você deva rever em quem deposita sua confiança.

~ * ~

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