Capítulo XII: In the land of gods and monsters

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"Algumas pessoas acham que não merecem o amor. Elas caminham quietas por espaços vazios, tentando preencher as lacunas do passado."
Jon Krakauer

Estavam há horas na sala de espera da divisão de polícia. Ben passava o tempo com um cubo mágico, enquanto Alfonso caminhava de um lado ao outro da recepção. A polícia de Boston colheria seus depoimentos a qualquer momento.

— Percebi que você demorou mais do que de costume pra chegar na igreja hoje... não passou a noite em casa? – questionou o padre mais velho.

— Os depoimentos vão demorar. Será que podemos ir até a máquina de café? Essa não é uma conversa que eu quero ter sem antes tomar um bom café, meu amigo. – respondeu Alfonso.

O padre Ben assentiu e os dois foram buscar os cafés. Enquanto voltavam pra sala, Alfonso começou:

— Eu descobri uma coisa sobre Jordan. Uma coisa muito séria, muito grave. – Alfonso passou as mãos pelos cabelos, num gesto nervoso. — Uma coisa que pode ou não ter tido a ver com o seu assassinato.

— Como assim? – questionou o outro.

— Jordan frequentava um lugar muito suspeito, um lugar de atividades ilícitas, se é que me entende.

Ben balançou a cabeça, sem compreender onde o amigo queria chegar.

— Que tipo de atividades?

— Ok. – respirou fundo. — Já ouviu falar na boate Lure?

— Não que eu me recorde, mas você não quer dizer que...

Alfonso assentiu.

— Eu fui até essa boate ontem e conversei com
uma das meninas, ao que tudo indica o lugar é como um clube noturno normal para cavalheiros, com cassino, bar e striptease... porém, atrás das cortinas, ele funciona como uma casa de prostituição.

— Isso eu entendi, mas o que Jordan faria num lugar como esse? Ele não era esse tipo de homem!

— Eu também custo em acreditar, mas a garota com quem conversei disse que ele visitou a boate algumas vezes, que fazia perguntas, queria saber sobre o funcionamento, quem era o dono do lugar. – explicou Alfonso.

— E quem é o dono da Lure?

— Eu não sei e ao que tudo indica ninguém sabe... o dono não dá as caras.

— Se isso que me contou realmente tiver alguma relação com o assassinato se Jordan, precisamos investigar, Poncho.

Alfonso estremeceu. Havia dito a Anahí que deixaria a batina o quanto antes, mas não podia deixar de buscar a verdade. Pra apurar tudo o que havia acontecido com o amigo assassinado, ele precisaria permanecer na igreja, não havia outra maneira. Ela teria que entender.

— Eu sei. Hoje mesmo vou me encontrar com a garota de ontem, ela ficou de me passar o endereço de uma das garotas que conversou com Jordan.

— Foi por causa dessa garota que você dormiu fora? – o outro padre tinha um sorriso nos lábios.

Alfonso quase engasgou com seu café, antes de lançar um olhar reprovador ao amigo. Eles estavam em uma divisão policial e eram padres, pelo amor de Deus!

— Claro que não. – negou Alfonso. — Eu dormi na casa de uma amiga...

— Uma amiga que te marcou com seu perfume e com seus dentes, né? – o padre apontou para o pescoço de Alfonso, onde uma mancha roxa agressiva marcava sua pele.

Alfonso suspirou. Não fazia sentido nenhum inventar uma mentira para Ben. Ainda mais depois de ter lhe contato sobre seu envolvimento com Anahí.

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