"Como eu posso amar algo que não esteja arruinado?"
Hieu Minh NguyenFazia pouco mais de um mês desde que Anahí se mudara para a casa de seu pai. O ano parecia correr e o natal se aproximava.
Natal.
Era o seu primeiro natal em família em muitos anos. Anahí não tinha lembranças calorosas de Natal como a maioria das pessoas. A data tinha sido por muito tempo pra ela apenas mais um lembrete de que ela estava sozinha no mundo. Quando criança porque não tinha pai para levar as apresentações de fim de ano da escola, o show de inverno... e quando jovem por não ter mais sua mãe ao seu lado naquela data tão sufocante. Era quase impossível evitar o aperto no peito que sentia ao lembrar-se de sua mãe. Elas costumavam quebrar castanhas juntas na véspera de Natal. Era uma tradição de família, sua mãe lhe contara quando ela era apenas uma garotinha. Depois, Anahí assistia, sentada na janela baixa da cozinha, enquanto Tisha preparava uma torta perfumada. Essa era a única celebração de Natal na casa das duas. Era tudo que elas precisavam.
Anahí limpou uma lágrima furtiva com as costas das mãos e voltou ao trabalho, mergulhando o pincel na lata de tinta branca. Madison sorria ao seu lado, sentada no chão coberto de jornal, com as pernas cruzadas e as bochechas sujas de tinta laranja.
Anahí devolveu o sorriso e voltou a pintar.
— Ainda bem que o papai deixou você pintar o Olaf aqui. O papel de parede que a Maisie escolheu era muito feio! – disse Madison, enquanto abria um sorriso que deixava suas covinhas a mostra. — Obrigada, Annie!
— Prometo que vai ficar lindo, Mads.
A menina surpreendeu Anahí, pulando em seu colo e depositando um beijo estalado em sua bochecha, antes de sair correndo do quarto.
Verdade seja dita, Madison era uma menina incrível, tão doce e inteligente. Grace também era uma ótima pessoa. Elegante, generosa... Anahí sabia que não devia ser fácil para ela recebê-la ali. Ela era, afinal, a lembrança em carne viva da traição de Enrique. Que ferida aberta seria pior que essa?
Gratidão. Era esse o sentimento que ela devia ter por aquela família e até certo ponto era isso mesmo que Anahí sentia em seu coração, mas as coisas se complicavam quando o assunto era Maisie, a filha perfeita. Seu pai era cego de amores pela garota, tanto que não percebia o quanto ela era mimada, egocêntrica e dissimulada. Na frente dos pais, Maisie a tratava maravilhosamente bem, mas era só Enrique e Grace darem as costas para o pesadelo começar. Anahí já não se importava mais em ser chamada de "bastardinha" pela meia irmã. Ela tinha se resignado a sua posição naquela casa. Ainda que Maisie fosse uma pessoa detestável, ela estava na casa dela e preferia não criar mais conflitos com a garota.
Voltando sua atenção para o desenho na parede, Anahí continuou pintando o personagem de Frozen, deixando a pintura relaxar os músculos do seu corpo e esvaziar sua mente, como ela sempre fazia.
~ * ~
A véspera de Natal tinha chegado e Anahí não estava tão deprimida quanto achou que estaria e isso se devia, em grande parte, a companhia da pequena Madison e do curso de pintura que ela começara há menos de um mês. Madison tornava sua vida mais leve e colorida, enquanto fazer o que mais amava limpava seus pensamentos e freava seus impulsos de buscar alívio em outras coisas... ou substâncias.
Anahí fechou a porta do carro do pai com cuidado e o ajudou a recolher as compras do porta-malas, enquanto chutava o acúmulo de neve das botas. Grace pedira que eles terminassem as compras para a ceia logo após ter brigado com Maisie pelo telefone. Pelo que Anahí pode escutar, sua meia-irmã queria passar o Natal com a família do namorado que voltaria de Dubai especialmente para isso. Sua mãe não aceitou, então parecia que Maisie teria que convencer o namorado a jantar com eles.
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DARK PARADISE
FanfictionQuando Alfonso Herrera viu Anahí Portilla pela primeira vez, ele soube que ela seria um problema. Por favor, a jovem tinha "problema" escrito em um letreiro neon sobre sua cabeça... ...Ainda assim ele aceitou o desafio que seria ajudá-la com seu ví...