Capítulo XIV: Love is not a victory march

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"Quanto mais pra dentro você esconde a dor, mais ela dói. Todas as feridas precisam de ar para se curar."
Iain Thomas

Tinham acabado de abrir o Victoria's, quando Velasco saiu da cozinha e encontrou Anahí entrando apressada pela entrada. Ela usava um suéter cinza que era duas vezes o seu número e batia quase em seus joelhos, uma calça jeans desbotada, as botas de cano baixo pretas, com cadarço de sempre e uma toca preta disfarçando os cabelos revoltos. As olheiras sob seus olhos denunciavam que ela mal tinha pregado o olho naquela noite e nem nas noites anteriores. Desde que tinha brigado com Alfonso, chorava todos os dias, o que não ajudava a disfarçar as olheiras. Ele tinha ido, sem olhar pra trás. Ela estava sozinha de novo.

— Eu tenho uma coisa pra você. – disse Velasco, quando ela se aproximou do balcão.

— Se não for um aumento de salário, não estou interessada. – ela respondeu ríspida, passando direto por ele.

— Relaxa um pouco, Annie. Está naqueles dias por acaso?

Lançando dardos pelos olhos, ela respondeu:

— Eu não preciso estar de TPM pra te dar um fora, chefinho.

— Segure a língua, garota. Eu tenho boas notícias pra você.

Ela cruzou os braços.

— Sou toda ouvidos.

— Falei com um conhecido que tem um conhecido que trabalha na reitoria de Universidade de Harvard...

— Você e seus contatos misteriosos. – ela retorquiu sarcástica.

— Não julgue os meus métodos, eles podem ser muito eficientes.

— Que seja.

— Esse meu contato me passou toda a ficha corrida de um homem que atende por Enrique Puente Portilla e que trabalha em Harvard.

Ao contrário do que ela mesma pensava que fosse acontecer quando tivesse uma nova pista sobre o paradeiro de seu pai, dessa vez Anahí ficou imóvel e impassível. Ela fora a Portland atoa seguindo a última trilha fornecida por Velasco, precisava ser mais cautelosa dessa vez.

— Trabalha... como?

— Ele não me deu maiores detalhes, porque nos falamos por telefone, mas ele leciona aulas de Direito Penal. – explicou Velasco. — Parece que é um advogado muito renomado.

Anahí assentiu, sentindo a garganta apertar. Ela tinha que tirar aquela estória a limpo. Descobrir se essa tal advogado era mesmo o pai que ela não via há anos.

— Eu tenho que sair.

— Annie! – Velasco chamou, quando a viu andar em direção à saída.

Virando-se para encara-lo, ela respondeu:

— Desconte do meu salário, eu não me importo.

~ * ~

Anahí perdeu a conta de quantas horas tinham de passado desde que ela começou a percorrer os corredores e bibliotecas da maior universidade americana. Seus pé estavam cansados e seu coração aflito. Ninguém a ajudara. A desculpa era a mesma, não podiam dar informações sobre nenhum funcionário de Harvard. Sua última esperança, enquanto sentava-se num banco se madeira posicionado sob um frondoso carvalho, era de que pudesse falar com algum estudante empertigado de Direito que pudesse lhe ajudar a encontrar o tal professor. Seu pai.

Ela pensou em acender um cigarro, mas desistiu quando um homem na casa dos quarenta sentou-se ao seu lado e começou a comer um sanduíche de queijo.

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