Capítulo XVI: There's hell to pay

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"É muito mais seguro não sentir.
Não deixar o mundo me tocar."
Sylvia Plath

Derrick seguiu Anahí pra dentro de sua casa e puxou a porta de ferro de correr atrás deles. Sua ex namorada era uma bomba relógio. Ele sempre soube. Mas por alguma razão que nem mesmo ele entendia, queria ajuda-la e garantir que ela tivesse uma chance de mudar de vida. Ela dissera em outra ocasião que gostaria de fugir, de deixar tudo pra trás e ele prometera que providenciaria tudo o que fosse necessário, incluindo documentos falsos, para que ela estivesse o mais longe possível o quanto antes. Mas não sem um preço. Derrick tinha crescido na quebrada mais fodida de Boston. A única lei que tocava aquele canto da cidade era a lei da rua e nela, ninguém simplesmente realizava favores, sem ter algo em retorno.

E o chefe de Derrick queria saber quem era o dono da Lure. Quem estava conseguindo drogas mais baratas dos cartéis mexicanos e quem estava agenciando meninas de doze anos na prostituição. Em resumo, quem estava fodendo com ele e seu negócio.

— Eu tenho a informação que você deseja, James. – Anahí passou as mãos pelo cabelo consternada, antes de tirar um cigarro do bolso da jaqueta de couro preta que usava sobre a roupa da boate, e acender.

— Descobriu quem é o chefe da Lure?

Ela assentiu, tragando o cigarro com força. Precisava desanuviar a mente e nicotina sempre ajudava, mesmo quando ela desejava algo mais forte.

— Você vai querer sentar pra ouvir isso, acredite. O misterioso dono da Lure é ninguém mais, ninguém menos do que Manuel Velasco.

Derrick sufocou uma risada. Anahí só podia estar mentindo, tentando levar a melhor mais uma vez.

— Manuel Velasco? Seu chefe?

— Exatamente. Não é a coisa mais louca desse mundo?

— Tão louca que quase parece mentira.

Anahí estreitou o olhar e balançou a cabeça. Não queria imaginar que Derrick estava duvidando dela. Ele não podia duvidar dela justo agora.

— Tô falando a verdade, meu bem. Velasco é o homem que procura. O Victoria's é só fachada para os verdadeiros negócios do meu chefinho.

— E como descobriu tudo isso?

Ela engoliu em seco.

— Não vem ao caso. – desconversou. — O que importa é que você tem o que queria, o que quer dizer que eu posso sair da Lure e sumir do mapa.

— Não sei.

— Você prometeu! – ela apontou o dedo na direção do traficante. — Você disse com todas as letras que se eu fizesse o que você queria, eu teria seu apoio pra me mandar daqui!

Derrick não se deixou intimidar. Ele conhecia Anahí, sua Anitta o suficiente para saber que com ela as ameaças sempre eram vãs e ela nada faria contra ele. Porque no fundo, eles eram iguais e ela precisava dele.

— O cenário mudou, meu anjo. O fato de que Velasco é o dono da Lure muda tudo.

— O que quer dizer?

— Que você pode me ser muito mais útil agora do que antes. – ele sorriu diabólico. — Mantendo você perto dele, posso garantir acesso rápido aos seus segredos. Meu chefe vai amar saber sobre tudo isso e você vai garantir que seu chefinho não saiba de nada.

— Não vou me prostituir para o idiota do Manuel.

Ele sabia que ela relutaria em aceitar aquele acordo, mas felizmente, tinha um ou dois argumentos que selariam o negócio. Derrick sorriu pra si mesmo. Todo mundo tinha seu ponto de pressão, seu chefe o ensinara, era só saber apertar no lugar certo, se afastar e esperar a mágica acontecer.

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