Capítulo 7

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  Passei o dia inteiro de terça-feira dormindo o que não pude na madrugada. Ao acordar e ver a quantidade de mensagens e ligações, sorri por ter desligado o telefone antes de capotar.
  Eram quatro da tarde quando levantei e a julgar pelo cansaço persistente, eu só iria comer e responder algumas mensagens antes de voltar para a cama.
  Comi o almoço perdido e que serviria como jantar, depois subi para o quarto e abri a tela do notebook, aproveitando o tempo em que carrega para responder mensagens importantes e ignorar todas as de Sabrina.
  Separei os cartões de memória usados na noite passada e mandei um e-mail para Maísa com três pastas de fotos do baile em anexo.
  Tamanho era meu cansaço, nem parei para dar uma olhada em todas, tinha sido um pedido de Maísa pré-selecionar com o príncipe e companhia. A edição viria depois. Nem me preocupei em checá-las.
  Uma parcela do pagamento caiu na conta. Só no dia seguinte abri o aplicativo do banco. O saldo quase me fez gritar de alegria em plena manhã de quarta. Nunca tinha visto tantos algarismos na minha conta. Aproveito e transfiro parte da quantia para Sabrina.
  O céu estava lindo, azul e sem nuvens. O dia não poderia ficar melhor. Chego na galeria e sinto que poderia dançar e cantar como personagens de filmes musicais da época da minha mãe e dos meus avós.
  — Sabe que não pode me ignorar pra sempre — diz Sabrina no instante em que cruzo a porta de entrada.
  — Eu sei, por isso trouxe comida pra manter sua boca ocupada.
  Balanço a sacola de papel que trago em mãos, contendo dois folheados comprados na padaria do térreo.
  — Idiota.
  Arqueio as sobrancelhas.
  — O quê? Você me chamou de idiota? Acho que vou comer o seu como pun...
  — Não! — praticamente grita e deixo o dela na mesa ainda rindo.
  Pego uma caneca de café antes de ir ao meu cantinho e começo a trabalhar. Antes que eu consiga relaxar na cadeira, Sabrina invade a sala. Suspiro baixo.
  — Parece que eu terei que encontrar um novo plano.
  — Não vim falar sobre sua vida amorosa, vim perguntar se já mandou as fotos.
  — Ontem de tarde, por quê?
  — Lembrou de separar a sua com seu primo, né?
  — Que foto minha com meu...? — Arregalo os olhos, engasgando no processo. Limpo a garganta com certa urgência. — Meu Deus, por que você não avisou?! Eu não verifiquei nada antes de mandar!
  A própria Sabrina expressa o mesmo desespero que eu.
  — Não creio que fez isso. Sabia que devia ter lembrado, mas você nem via minhas mensagens, pensei que não ia adiantar. — Ela olha para todos os cantos, como se pensasse. — E agora? Vai fazer o quê?
  Esfrego a mão na testa. Calma, é isso aí. Erros acontecem. Respiro fundo antes de responder.
  Apoio as palmas na borda da mesa e solto calmamente. Mais para mim do que Sabrina.
  Havia uma saída. Sempre havia.
  — Vou mandar um e-mail me desculpando.
  Sabrina apenas assente antes de me deixar sozinha, batendo a mão contra a testa e me xingando mentalmente pelo descuido.
  Todo o autocontrole momentâneo jogado no lixo. O martírio sempre me atormentava por horas, dias, depois do erro. Por mais besta que fosse.

  Remetente: joanamedeirfotos@gmail.com
  Destinatário: assistentetavares@gmail.com

  Prezada Maísa,
  Peço perdão, cometi um pequeno erro no envio das iimagens. Com a decisão de vocês sobre selecionar as fotos e meu cansaço pós-festa, acabei deixando para checar as imagens enviadas depois de escolhidas. Na leva de fotos pode ter ido uma minha em determinado momento da festa. Lamento profundamente o ocorrido e asseguro-lhe que não acontecerá novamente, tomo essa vez como experiência. Agradeço a confiança.

Atenciosamente, Joana Medeiros.

  Sentia como se tivesse feito um péssimo trabalho ao cometer o deslize e fiquei me martirizando até o momento em que obtive resposta da assistente.
  Eu roía a pele ao redor do dedão, encarando o monitor ansiosa. A perna sacudindo de nervosismo. O apito de notificação me fez sobressaltar e abri a caixa de entrada.

Princesa da AlvoradaOnde histórias criam vida. Descubra agora