- capítulo 27

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L e t í c i a

No momento que eu descobri sobre a partida do bebê, a ideia de esperar que ele saísse naturalmente passou pela minha cabeça, mas depois de pensar e conversar com a minha mãe percebi que seria muito difícil psicologicamente saber que meu bebê estava na minha barriga, mas sem vida.

Então após uma conversa com minha ginecologista, resolvi induzir o processo e acabar logo com aquilo. O caminho foi a curetagem.

Eu fui internada no hospital, tive que ficar de jejum, tomei alguns comprimidos para amolecer o colo do útero e acelerar um 'parto' e, quando eu expeli, entrei no centro cirúrgico para limpar todo e qualquer resquício que possa ter ficado dentro de mim. Durou apenas algumas horas e eu logo recebi alta.

Pra ser sincera não doeu, eu até pensei que ia me sentir aliviada e que tudo fosse sumir. Mas não. A dor física veio e a psicológica não passou, as cólicas não eram nada perto da tristeza que eu senti, e quando elas apertavam, a lembrança voltava ainda mais forte.

Não tinha jeito, a culpa ia e voltava, assim como as memórias, foram poucas semanas, mas os planejamentos, as conversas bestas do Gustavo. Tudo foi interrompido pelo luto.

- Gustavo: - vai ficar tudo bem. - ele disse me apertando em seus braços e beijando minha cabeça.

Ele me deu o direito de chorar, de sentir tristeza, de não entender o que aconteceu, de ficar quieta, calada, sem querer conversar sobre isso ou sobre nada.

Mas meus pensamentos não paravam, de vez em quando eu pensava nele, então minha voz se calava por completo, meu corpo se estremecia, emeu coração batia desesperadamente, as lágrima saiam sem ao menos eu perceber.

Era como se eu o sentisse tão perto e tão longe ao mesmo tempo, tão perto que nem podia alcançar, tão longe que não consiguia esquecer.

Depois de um tempo, eu ainda chorava, eu não conseguia conter minha dor, por não poder te ter, por não poder te amar,
por não suportar a saudade de você.

Existia um vazio no meu peito, um vazio que nunca ia ser preenchido, aquele espaço era seu, e sempre seria.

Uma vez eu li que é preciso seguir em frente, não importa o que aconteça, a vida anda e se você não aproveite cada minuto com quem você ama, você os perde sem nem perceber.

×××

Um ano e meio depois..

G u s t a v o

Era um sábado, pra ser mais exato, aniversário da Letícia. Eu pensei muito sobre o que fazer hoje, conversei com todos e resolvemos que seria bom pra ela e pra todos, organizamos uma festa surpresa aqui em casa.

Hoje ela disse que faria uma cirurgião em um cachorro, então chegaria um pouco mais tarde. Eu estava na minha sala resolvendo os últimos detalhes do bufê.

[ ligação on ]

- bom dia Joana, eu queria confirmar o bufê pra hoje a noite.

Joana: - ah sim senhor Bennet, com certeza.

- eu só queria fazer umas mudanças em alguns doces.

| O Melhor Amigo Do Meu Irmão | parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora