- capítulo 25

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L e t i c í a

É como se eu tivesse uma ferida aberta no peito, uma ferida que parecia se abrir cada vez mais, que a cada segundo, aumentava de tamanho.

Uma parte minha se foi junto dele, eu não tinha tanto tempo de gravidez, mas aquele pouco tempo me fez ver o nosso futuro, eu, o Gustavo e nosso bebê.

É difícil pensar que eu nunca vou o conhecer, nao vou saber como ele seria, se pareceria comigou ou com o Gustavo, mas eu não me importava,  ele era uma pequena parte minha e do Gustavo, um pequeno fruto do nosso amor.

Uma parte que se foi, sem nem deixar recado ou dizer adeus.

- Gustavo: - amor, abre a porta. - ele bateu na porta, eu não sabia o que fazer. - amor, por favor.

Gustavo. Eu não sei nem como o olhar, eu sinto que decepcionei a todos, principalmente ele.

- Letícia: - Gustavo. - engoli em seco. - eu quero ficar sozinha

- Gustavo: - amor, abre a porta e vamos conversar, nós não estamos bem.

- Letícia: - não preciso conversar, eu estou bem.

- Gustavo: - NÃO, VOCÊ NÃO ESTÁ BEM. - ele alterou a voz.

- Letícia: - ESTOU SIM, ESTOU ÓTIMA, NA VERDADE EU ESTOU MARAVILHOSAMENTE BEM. - gritei.

- Gustavo: - LETÍCIA ABRE A PORRA DA PORTA.

- Letícia: - GUSTAVO, EU NÃO.. - respirei e soquei o chão. - EU NÃO CONSIGO.

- Gustavo: - É SÓ LEVANTAR E ABRIR A PORTA, É FÁCIL LETÍCIA, SERÁ QUE VOCÊ CONSEGUE FAZER ISSO. - ele mexeu na maçaneta. - EU ACHO QUE PELO MENOS ISSO VOCÊ É CAPAZ DE FAZER.

- Letícia: - É GUSTAVO, EU SOU INCAPAZ DE TE DAR UM FILHO, EU SOU UMA INÚTIL MESMO.

- Gustavo: - NÃO, EU NÃO DISSE ISSO.

- Letícia: - MAS FOI O QUE VOCÊ QUIS DIZER.

- Gustavo: - amor, abre a porta e vamos conversar direito.

- Letícia: - NÃO, EU NÃO QUERO CONVERSAR, EU NÃO QUERO ABRIR A PORTA, EU SOU INCAPAZ, SOU UMA INÚTIL, EU NÃO SIRVO NEM PRA GERAR UM FILHO GUSTAVO.

- Gustavo: - LETÍCIA PARA, VOCÊ NÃO É NADA DISSO, PARA.

- Letícia: - SAI DAQUI GUSTAVO, EU NÃO VOU ABRIR A MERDA DESSA PORTA, VAI EMBORA DAQUI.

- Gustavo: - EU DESISTO, TA LEGAL, EU DESISTO. - ele ficou em silêncio por um tempo. - FAZ O QUE VOCÊ QUISER. - silêncio novamente.

Dessa vez eu pude ouvir passas pelo corredor, ele tinha ido embora, agora eu estava sozinha, perdida no total  silêncio.

Encostei a cabeça na porta e gritei, gritei com vontade, como se assim, todo sentimento saísse de dentro de mim.

- Letícia: - DROGA! - gritei e taquei o vaso que estava no chão, na parede.

G u s t a v o

A

qui estou eu novamente, sentado atrás da porta, esperando ela abrir e vir falar comigo, mas o único problema é que ela não quer abrir, e muito menos quer falar comigo.

- Gustavo: - Letícia? - engoli em seco. - abre a porta. - bati pela vigésima vez. - por favor, abre essa porta.

Eu não tinha resposta nenhuma, nem mesmo uma batida de volta, ela estava em um constante silêncio, um silêncio extremamente perturbador.

- Gustavo: - eu sei que você está aí, e eu não vou embora até você abrir. - bufei e passei a mão pelos cabelos. - DROGA! - passei a mão sobre a mesa do corredor e derrubei tudo que estava nela.

No chão tinha um porta retrato, o peguei e olhei, era uma foto do nosso casamento, estávamos tão felizes, eu a fazia feliz, agora eu não consigo nem fazer ela abrir a porta.

Depois de um tempo no corredor, eu desci, bebi um copo de água na cozinha e me sentei no balcão.

Eu já perdi nosso filho, não posso perder ela também, eu não aceito isso.

Passei pelo corredor da sala e olhei para o piano da entrada, fazia muito tempo que eu não tocava nem uma nota em um daquele.

Me sentei na sua frente e encarei as teclas, passei a mão sobre elas e respirei fundo, eu adorava tocar quando criança.

Minha mãe sempre adorou piano e me botou pra aprender, eu até gostava, mas esqueci conforme o tempo foi passando.

Comecei a tocar, mas não consegui terminar, por não lembrar, e por causa das lágrimas.

Pra ser mais sincero e direto, eu estava destruído por dentro e por fora.

- Gustavo: - POR QUE, POR QUE? - acabei socando as teclas do piano, o que fez um barulho alto.

Em cima do piano, ficava uma bandeja de bebidas, algumas bem fortes e outras leves, peguei uma garrafa e dei uma golada, como um ato de coragem eu subi novamente.

Peguei o violão que estava no quarto de bagunça e me sentei em frente a porta.

Aqui estou eu novamente, a espera dela, porque se tem uma coisa que eu aprendi, foi que eu não devo desistir tão fácil dessa mulher.

- Gustavo: - you're the smile on my face, and I ain't going nowhere, I'm here to make you happy, I'm here to see you smile.. - cantarolei e uma lágrima escorreu. - don't have to be scared at all, oh, my love, but you can't fly unless you let yourself, you can't fly unless you let yourself fall.. - algumas lágrimas caíram. - well, I can tell you're afraid of, what this might do, 'cause we got such an amazing friendship, and that you don't wanna lose, well, I don't wanna lose it either, and I don't think I can stand, sitting around while you're hurting, babe, so take my hand.. - limpei um pouco minha visão com a manga da camisa. - did you know that it breaks my heart,
every time to see you cry? - eu falei tão baixo que saiu quase como um sussurro.

[ tradução - você é o sorriso no meu rosto, e eu não vou a lugar nenhum, eu estou aqui para te fazer feliz, eu estou aqui para te ver sorrir..

você não precisa ter medo algum, oh, meu amor, mas você não pode voar, a menos que você se deixe, você não pode voar, a menos que você se deixe cair..

bem, eu posso dizer que você tem medo, do que isso pode fazer, porque nós temos uma amizade incrível, e que você não quer perdê-la, bem, eu não quero perdê-la também, eu acho que não posso ficar, sentado enquanto você está se machucando, querida, venha pegue minha mão..

você sabia que parte meu coração, toda vez que te vejo chorar? ]

Encostei minha cabeça na porta, e supliquei mais uma vez para ela abrir, mas assim como as outras, eu não tive resposta alguma.

×××

Ain, meu coraçãozinho doendo.

Beijos! 💙

| O Melhor Amigo Do Meu Irmão | parte IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora