Se encaixando?

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Como eu vou comer com esses malditos talheres?

Eu falei com a Jô para não contar a ninguém que eu havia ajudado-a na cozinha, não quero problemas com Lorenzo.

Já estamos a mesa esperando o prato principal. A entrada foi uma sopa, isso foi fácil, era só pegar a colher, mas como comer peru?

Ergo o rosto e me deparo com Natanael segurando o riso ao perceber o meu conflito interno. Suspiro para não fazer nenhum comentário que acabe comigo levando uns tapas, e logo três empregados entram guiando as bandejas com nosso almoço.

- Com licença - pedem e colocam os pratos sobre a mesa, que logo se revela apetitosas coxas de peru defumado com batatas fritas e cozidas acompanhado de molho e salada. Jesus!

- Que cheiro bom - Natanael fala, admirando o prato.

- Espero que o sabor esteja tão bom quanto - Lorenzo completa.

- Está sim - comento sem pensar.

Droga.

Lorenzo se vira para mim com curiosidade e as sobrancelhas levantadas.

- Posso saber como sabe, Sofia?

- Huuum... É que... - começo a tentar uma resposta. Nathanael já cobre sua boca com a mão, suprindo um riso.

- Estou esperando, Sofia - Lorenzo me cobra ficando impaciente.

- Sofia deu uma passada na cozinha mais cedo, senhor- Jô entra na sala de jantar -, e já deu uma provinha antes do almoço - completa. Suspiro aliviada e agradeço Jô com o olhar.

Salvou minha pele.

- Entendi - Lorenzo volta para o prato e pega um garfo.

- E por que não disse logo, Sofia? - Natanael indaga com um olhar divertido e não deixando a conversa morrer. Esse também não me ajuda.

- Bom... Não sei se tem algum problema eu beliscar antes do almoço, fiquei um pouco sem jeito de falar - minto.

- Não é proibido comer nessa casa, Sofia - Lorenzo rebate -. Dios mio, coma o que quiser.

- Obrigada - agradeço e pego do mesmo talher que estava na mão de Lorenzo.

Vejo Natanael dar de ombros e pegar dois talheres ao mesmo tempo, o garfo e um outro que parece uma espátula, porém fina, faço o mesmo. Logo depois ele larga a "espátula" e pega uma faca, repito o processo. Ergo o olhos alguns centímetros e vejo um olhar divertido no rosto de Natanael. Desgraçado. Ele está me fazendo de boba! De propósito.

- Algum problema com os talheres, Sofia? - Nate pergunta em alto e bom som.

Lorenzo para o que está fazendo e me fita.

- São esses dois, Sofia - ele ergue os dele e me mostra.

Assinto, mas já perdi meu apetite.

- Pode me dar licença? - peço ao Lorenzo. Já foi humilhação demais. Logo Lorenzo para com seu garfo estendido para pôr na boca e me olha mais uma vez.

- Não - ele responde -. Pare de falar pelo menos nas horas das refeições e coma.

Antes de voltar ao meu prato, em silêncio, vejo mais uma vez a expressão de diversão de Natanael.

- Coma da forma que quiser, Sofia - Jô sussurra para mim enquanto me entrega um guardanapo. Faço um aceno positivo em resposta.

***

Agora já é noite e estou me preparando para ir dormir.

O restante do almoço seguiu em silêncio, a comida estava divina, porém minha boca estava amarga.

Maldito MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora