Família

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Dois meses depois

Observo da varanda de casa, sentada na cadeira de balanço que era da minha mãe enquanto amamento Gian, Lorenzo na horta com papai. Os dois colhem algumas couves enquanto sorriem um para o outro em uma agradável conversa.

Após a aposentadoria do Enzo, vendemos a nossa casa na roça e nos mudamos de Florença para Lamon, além de ser bem mais seguro, é mais interioriana do que onde eu morava antes. A princípio, eu não queria vender minha antiga casa, briguei muito na justificativa que devíamos respeitar a memória da mamãe, mas um tempo depois, eu me peguei pensando na minha vida, em como tudo havia mudado para nós; agora eu tenho uma família nova... uma vida nova! Então eu deveria parar de viver no passado. Minha mãe sempre viverá dentro de mim! E eu não preciso de uma casa velha pela memória dela. A decisão foi comprarmos um sítio grande próximo a um bosque em Lamon, tenho certeza que será o lugar perfeito para Gian crescer... E o lugar perfeito para deixar tudo de ruim que aconteceu conosco para trás.

Falando em coisas que aconteceram, um dia depois que Reich voltou, Anton soube que o irmão estava vivo. A princípio, ele ficou em uma alegria sem medida acreditando que, de alguma forma, alguém salvou seu irmão e cuidou dele todo esse tempo. Entretanto, depois que o mafioso descobriu dos motivos do irmão - de que fora tudo um plano para se livrar da mafia -, Anton ficou uma fera em saber que ao invés de um sobrevivente, seu irmão é um idiota. Ele apontou Reich de egoísta e o baniu não só da mafia, mas também do país... O que acabou não sendo ruim, Reich só precisou voltar para casa em Londres e continuar com sua vida cotidiana na sua barbearia.

- Gian já dormiu? - volto dos meus pensamentos distantes ao ouvir a pergunta de Lorenzo e finalmente perceber que ele está parado bem na minha frente, me observando com atenção.

- Oh - olho para meu filho e vejo seus olhinhos fechados, ainda assim, o pequeno não soltou meu peito esquerdo, mesmo não estando sugando o leite mais -, dormiu sim - sorrio e olho novamente para frente, voltando meu seio para dentro do sutiã.

Enzo sobe os poucos degraus da entrada varanda e da a volta no parapeito de madeira talhada da varanda e vem até nós. Deposita um beijo na testa do filho e outro nos meus lábios, o qual retribuo.

- O jantar está quase pronto - ele informa e se senta ao meu lado.

- Que bom, estou faminta - sorrio e me reclino sobre seu peito, onde ele me abraça pelas costas e me beija outra vez, esta na minha nuca.

- Se quiser, posso pegar algo para comer até lá - oferece.

- Não precisa - me aconchego mais -. Só quero você bem aqui onde está. Além do mais, se eu comer agora, não vou poder desfrutar tanto do perú defumado da Joana - rio, me lembrando do dia em que ensinei ela a preparar este prato. Fico feliz que ela se mudou para cá com a gente.

Não demora muito até minha amiga aparecer na porta que dá para varanda e nos informar:

- O jantar está servido - Jô fala baixinho por perceber que Gian dorme em meu colo.

- Obrigada - Enzo agradece e eu logo em seguida.

- Venha, vamos por o Gian na cama - começo a me levantar -, esse cheiro de defumado está me matando.

***

Após o jantar, vou para a área de lazer em volta do nosso lago de mãos com Lorenzo, observármos o pôr do sol abraçadinhos é a nossa tradição de fim de dia. É onde temos o nosso momento a sós no dia, onde vemos o que fazer sobre nossos planos futuros e fazemos as nossas juras de amor.

Não poderia ser mais clichê.

Deitada nos braços de Lorenzo em um sofá oval de varanda, estamos observando o sol se pôr no horizonte atrás das montanhas. Gosto de observar a beleza que é o reflexo do sol indo embora sobre o lago do sítio à nossa frente.

Enzo se afasta um pouco em direção a mesa de madeira clara e abre duas garrafas de vinho, vinho doce para mim e tinto para ele, e pega um pequeno recipiente de porcelana onde vejo que tem alguns queijos já picados. Após me entregar a minha taça, ele pega a dele e batemos brevemente uma na outra, fazendo um curto brinde. Bebericamos nosso liquido escuro e arroxeado logo em seguida. Pego uma lasca de queijo do pratinho volto a me aconchegar em seu peito quente. Se tem uma coisa que a cidade de Lamon sabe ser, é fria.

- Quem diria - Enzo comenta sorrindo enquanto observa o lago à nossa frente e morde um pedaço de queijo -. Se à um ano atrás me dissessem que eu largaria a mafia e teria um filho com uma mulher que eu praticamente sequestrei, e não só isso, que eu me apaixonaria por ela, eu diria que tudo não passava de uma loucura. Mas aqui estamos nós.

- Se a um ano atrás me dissessem que eu iria ser realmente feliz outra vez após a morte da minha mãe, eu diria que não passava de uma loucura - Lorenzo sorri, alegre por eu dizer que sou feliz com ele. Ele se inclina e deposita um selinho em meus lábios.

- Mas você poderia ser feliz sozinha novamente sem mim. Você é luz Sofia, você é capaz de iluminar e encantar qualquer lugar por onde passar só com um sorriso e um "bom dia". Você é capaz de pegar um homem acabado e quebrado como eu, sem nenhum escrúpulo ou expectativas boas para vida e transformar em uma pessoa melhor. Não só melhor, mas em um homem bom - ele diz, sem tirar os olhos da água cintilante a nossa frente -. Seu resultado em mim foi muito maior do que meu resultado em você, e mesmo assim, muito obrigado por ter me escolhido.

- Então quer dizer que... - me afasto, só o suficiente para olhar em seus olhos que logo também me fita.

- Sim, Sofia - seu sorriso de estende e ele olha para mim, e vejo aquele brilho, o brilho que mais amo em seus olhos. O brilho do seu amor por mim. E tenho certeza que ele vê esse mesmo brilho em meu olhar -. Você conseguiu, mio amore. Você me consertou.

FIM.

❤️

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Maldito MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora