Papai

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- Posso segurá-lo um pouco? - Lorenzo pede. E claro que eu deixo.

Ele é o pai tem todo o direito de pegar o filho no colo.

E como se o menino fosse quebrar com algum movimento brusco, Lorenzo o pega delicadamente no colo. O aconchega em seus braços fortes e sorri levemente para o filho. Seus olhos transmitem um brilho que eu nunca vi antes.

O brilho de ser pai!

Minha mãe me falou uma vez que quando as mães dão a luz aos bebês, elas também dão a luz à um pai. Eles passam a ter uma convicção que ninguém consegue explicar.

E só agora eu pude ver o quanto.

- Já escolheram o nome? - Enzo indaga, ainda sorrindo.

- Sim - sorrio também.

Então ele me olha com ansiedade. Seus olhos pedem que eu responda logo, quase em agonia.

- Gian.

Seus olhos congelam. Ele fica paralisado e boquiaberto por alguns segundos, até piscar rapidamente e sacodir levemente a cabeça de um lado para o outro, retomando os sentidos.

- Eu ouvi direito, Sô?

Assinto, sorrindo para ele.

Seu cenho se contrai em comoção e ele olha para o bebê em seu colo outra vez, com os olhos coberto de lágrimas.

- Você deu o nome do meu pai ao nosso filho?

- Sim, Enzo - rio outra vez -. Não poderia ser mais italiano.

Sem tirar os olhos do bebê ele abaixa a cabeça mais um pouco. Aproximando os lábios da orelha ele.

- Bem vindo ao mundo, Gian.

E como se alguém tivesse gritado dentro do quarto, o bebê arregala os olhos, nos pegando de surpresa.

Gian acabara de abrir os olhinhos pela primeira vez.

- Acho ele gostou da sua voz - observo, enquanto concluo, ainda surpresa.

- Parece que sim - ele sorri largamente.

Lorenzo passa o dedo indicador pela mão do nosso filho e mais uma vez é surpreendido quando Gian agarra seu dedo com força.

- Olha isso - ele chama, astasiado -. Sua mãozinha nem sequer é maior que meu dedo e ele já tem uma força tão grande.

- Tinha que ser seu filho - sorrio, puxando um pouco o saco do papai.

Ele olha com uma admiração tão grande para mim e nosso filho, como se fôssemos feito de ouro puro. Na última vez que ele me olhou assim foi na nossa primeira vez... Naquela piscina de hotel.

Alguns longos minutos se passam e eu vejo que Gian já dormiu no colo do pai.

E eu me segurei até agora. Mas esse é um assunto que não posso adiar mais.

- Você vai me matar agora? - o sorriso de Lorenzo morre instantâneamente e ele me olha surpreso.

- Como soube? - indaga. Vejo-o se empalidecer.

- Desde que Anton me sequestrou. Ele precisou sacrificar a esposa do Reich depois da morte dele. Porque o irmão dele era a única ligação dela com a mafia russa - olho para os meus pés com tristeza -. Ela morreu de graça.

- Eu sinto muito - Lorenzo lamenta, cabisbaixo.

- Não é culpa sua.

- É sim! A culpa é toda minha! - ele expele amargura em suas palavras.

Maldito MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora