Ouço o ranger da porta de ferro sendo aberta outra vez.
Espero que seja alguém me trazendo comida.
Desde que fui colocada aqui, ninguém tocou em mim, nem que fosse para me alimentar, já que minha última refeição foi o café da manhã de ontem. Agora já é fim de tarde, e essa gravidez não ajuda nada o meu apetite.
Tô começando acreditar que o plano de Anton é me matar de fome.
Permaneço de cabeça baixa, aguardando o que virá.
- Sofia...
O quê?
Como?
Ergo a fronte, espantada ao notar que a voz a chamar meu nome não possui o sotaque russo de Anton, e nem a voz do mesmo. Meu coração parece pular até a garganta com o quê vejo: Lorenzo, de pé, entre eu e a porta, segurando uma arma abaixada.
É possível ver o brilho nos olhos dele mesmo estando contra luz do sol que se põe no horizonte lá atrás, juntamente com o crepúsculo que deixa as cores no céu em uma tonalidade incrível. Permitindo que esse momento entre nós seja ainda mais mágico.
Só que ele não deveria acontecer.
- O que está fazendo aqui, Lorenzo? - indago. Me esforço para transmitir uma dureza em minha voz.
Lorenzo franze o cenho, confuso. Obviamente ele não esperava essa reação de mim.
- Acho meio óbvio o que vim fazer aqui, Sô - Lorenzo me responde com um sorriso forçado diante ao desapontamento em ver minha reação nada romântica.
- Não deveria estar aqui - digo em voz baixa, abaixando a cabeça mais uma vez, dizendo sem dizer para ele ir embora, mas não é o que acontece. Levanto a olhar outra vez ao notar que ele está a caminhar em minha direção - Lorenzo, não! - peço, mas ele me ignora e continua, mais determinado do que nunca - A Sol!
- A Sol ficará bem! - ele finalmente chega até mim, e se abaixa para tirar minhas algemas usando uma tira fina de metal - Assim como nós!
- Não. Nós não ficaremos bem - digo, sentindo o meu pulso esquerdo sendo liberto.
- Vamos ter um filho, Sofia - Lorenzo se põe de pé e em seguida também me ergue com suas mãos em meus ombros. Olha em meus olhos com um clamor desesperado. E o calor deles parece que irá me queimar -. Se nos esforçarmos, nós ficaremos bem.
Nego com a cabeça. Ele não entende.
- Não podemos ficar juntos, Lorenzo - começo a explicar, segurando meu choro -. Isso - balanço o dedo indicador entre nós -, não pode acontecer. Não quero essa vida para o meu filho ou filha... Como vai ser? Toda semana um de nós será sequestrado enquanto o outro é jurando de morte e o outro toma um tiro? - nego com a cabeça mais uma vez - Eu não quero isso. Essa vida é para você, não para mim!
Vejo lágrimas se formarem nos olhos dele, e isso corta o meu coração. Mas acontece que agora minhas decisões devem ser tomada por dois.
Vejo o desespero e o medo tomar conta de suas feições. Eu nunca vi isso antes. Nunca vi medo vir de Lorenzo.
- Eu posso proteger vocês, mio amore. Não desista de mim ainda - ele me pede.
Não posso negar que nesse último mês e alguns dias, eu não tenha me apegado a ele. Minha vontade é de abraçá-lo e consolá-lo, mas não devo me permitir a isso, ou poderá não ter volta.
- Lorenzo, eu só preciso de ajuda para voltar ao meu lar, com meu pai. Depois disso eu quero ficar bem longe de você e tudo isso. Minha função para seu plano já foi executada, acredito que agora eu mereça minha liberdade.
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Maldito Mafioso
RomanceSofia é uma jovem doce, amorosa, educada e do interior. Mesmo em um momento difícil aprendeu uma lição importante com sua mãe: concertar o que se está quebrando. Lorenzo é capo da mafia italiana, um homem impiedoso e cruel. Cruel ao ponto de obrigar...