De volta

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Corro o mais rápido que posso e dou um pulo nos braços do Nate, o abraçando o mais forte que eu consigo.

- Você está vivo! - celebro dentro do nosso abraço de urso.

- Parece que sim - confirma com bom humor.

A minha alegria em revê-lo me faz esquecer por um momento de ficar encabulada com a aparição dele aqui, depois de tanto tempo.

- Mas Nate, eu te vi morrer - saio do abraço e o encaro.

- Você não me viu morrer. Você viu uma explosão. Consegui me safar aos 45 do segundo tempo com a ajuda de Élioth.

• Flashback do Natanael•

Com dificuldade, consigo ver Sofia inconsciente dentro do carro capotado pela janela do carro, que agora se resume em cacos escuros pelas folhas secas no chão de terra.

E onde está Anton?

A dor que sinto em meu abdômen é grandiosa - o que me impede de me mover para ajudá-la -, mas meu desespero em tentar prestar socorro, logo é tranquilizado quando vejo os elegantes sapatos de Lorenzo caminhando até a janela do carro em ponta cabeça. O mesmo se abaixa e, com um canivete retirado de seu bolso, corta o cinto de segurança que prende Sofia ao carro e sem muito esforço, ele a carrega para longe dali.

Ótimo! Agora ela está segura.

- Senhor Pazzine? - escuto a jovem voz familiar atrás de mim, seguido de um toque em minhas costas.

- Não mexa no corpo dele, Elioth - escuto Mike adverti-lo -. Vamos esperar o reforço.

- Mas o carro vai explodir - o menino avisa -. Olha, tem combustível vazando por toda parte.

Olho na direção do carro mais uma vez com dificuldade, e é verdade, o líquido amarelo da gasolina escorre por todo lado. Não tínhamos muito tempo.

- Tem razão - Mike confirma -. Aqui, me ajude, segure a cabeça dele.

E é uma das poucas coisas que consigo ouvir antes de apagar... Mas não o faço antes de ouvir um estrondo de algo explodindo.

***

O barulhos das máquinas que medem meus sinais vitais me fazem companhia em meu leito de hospital.

Não faz muito tempo que acordei. Após três dias inconsciente, duas cirurgias no abdômen para deslocar costelas que perfuravam o meu pulmão e sete pontos nas costas devido a uma lesão causada pelos cacos de vidro que me rasgaram ao voar pelo para brisa do carro de Anton, finalmente estou consciente outra vez. O médico veio à pouco e disse que logo trariam comida para ver se consigo me alimantar sozinho.

Aquele perú defumado da Sofia cairia bem agora.

- Por incrível que pareça, não estou surpreso que esteja vivo - nem percebi quando abriram a porta. Vejo Lorenzo encostado no batente da mesma, me observando.

- Já passamos por coisa pior - sorrio para meu amigo.

Mas este logo morre assim que me lembro de perguntar o por quê consigo avistar o Big Ben da janela do meu quarto.

- Onde estamos? - indago.

- Onde mais seria? - Lorenzo começa a andar em minha direção - Estamos em Londres.

- O que precisa que eu faça?

• • •

- Vocês dois... - olho para Enzo que observa toda a minha confusão enquanto sorri.

Me sinto um pouco irritada por me deixarem passar por todo o luto sem que eu soubesse da verdade. Mas também entendo o lado deles.

Isso é mafia.

- Quando voltou, Nate? - indago à ele.

Ele põe a mão nas minhas costas e me guia pela estrada de terra em direção ao carro na qual ele veio.

- Há três meses. Precisava fazer uma coisa... ou melhor, encontrar alguém - responde enquanto caminhamos.

- E conseguiu?

- Consegui, mas por pouco ele não me ajuda.

- Espera - Lorenzo chama caminhando atrás da gente. E nós paramos e viramos, fitando-o, já na porta do carro.

Seus olhos brilham, brilham de alegria.

Mas pelo o quê?

- Ele aceitou? Então não vou precisar matar ela? - Nate dá um sorriso alegre para o amigo.

- Mio amico, se você estiver disposto a pagar o preço, não precisará matar mais ninguém.

Mas que papo é esse?

Natanael abre a porta do carro e quem vejo faz minhas pernas bambearem.

Dou uns passos, cambaleando para trás, até que Enzo me segura.

- Reich? Reich Ivanov? - indago embreagada de surpresa e incredulidade - Mas você também estava morto! - digo com certeza.

Ele sai do carro, sorrindo. Parece de divertir com a situação.

- Nada pessoal, só precisei forjar a minha morte. Não aguentava mais aquele ninho de cobras. Eu nem sequer estava naquele galpão - ele fala enquanto caminha e para na minha frente.

E eu dou um bofetada em seu rosto.

- Figlio di una cagna! - vou para cima dele, mas Lorenzo me segura passando o braço entorno da minha cintura e me levantando, mesmo assim insisto, sem sucesso, em ataca-lo - A Sol quase morreu por sua culpa! Meu filho quase morreu por sua culpa! Eu quase morri por sua culpa! E muitos homens morreram por sua culpa! Incluindo a sua mulher.

- Calma - ele erge as mãos em sinal de paz -. E eu sinto muito. Não medi as consequências... Mas estou aqui para reparar o meu erro.

Me acalmo e o observo.

- Como? - cobro.

- Sem a minha ajuda, Lorenzo precisará sacrificar você. Eu sou o único que sei como deixá-la viva sem a mafia ficar atrás de você.

- Isso é possível? - Reich sorri. Um sorriso diabólico. Então se vira para Enzo.

- Lorenzo Merluzzo, você está disposto a abrir mão da mafia italiana, não só não ser mais o capo, mas abrir mão de qualquer vínculo para salvar a vida Sofia?

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Maldito MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora