Estou sentado no sofá de couro escuro do quarto, assistindo à um jogo de basebol e com meu neto dormindo em meu colo. Minha pequena Sofia também dorme profundamente na cama ao lado, ela apagou rapidamente depois de passar o bebê para mim. Eu poderia ficar nesse quarto para sempre. Só o fato de tê-los aqui e saber que estão seguros faz tudo ficar perfeito.
Como eu sou abençoado. Penso em Ana, se houver realmente um plano em que ela esteja olhando por nós, sei que ela está tão feliz quanto a mim.
Uma batida à porta tira minha atenção dos três amores da minha vida - minha filha, meu neto e basebol - em seguida a porta é aberta.
- Com licença, senhor - uma enfermeira começa -. Vocês tem visita.
Mas quem poderia ser? Não temos nenhum parente aqui na Itália que poderia estar conosco agora.
- Obrigado, já vou - respondo-a, que me deixa após um aceno positivo de cabeça. Deixo meu neto no berço de hospital e sigo a enfermeira até a sala de visitas.
E quando vejo de quem se trata, meu estômago chega a se torcer.
Meu momento perfeito acabou.
Na última vez que vi esse lazarento, ele estava apontando uma arma na minha cabeça...
E na outra vez antes dessa, ele era uma pequena e inocente criança, assim como a minha filha na época.
- Como a Sô está? - Lorenzo se aproxima e indaga assim que me vê entrando na sala exageradamente branca. Acho graça da forma como ele se refere à minha filha, mas continuo com minha postura rígida.
- Descansando.
- Eu posso vê-la?
Esse não parece o Lorenzo que esteve em minha casa à um ano atrás, um Lorenzo que pede permissão? Esse não é ele. Está sereno, e tem súplicas em seus olhos.
- Espere ela acordar - giro os calcanhares para voltar ao quarto.
- Meu filho... - ele diz bem rápido, tentando chamar minha atenção outra vez.
Viro-me de novo e olho para ele.
- É um garoto forte e saudável.
E então o olhar do homem à minha frente se alivia. Me viro outra vez para voltar ao quarto, mas paro.
Ele merece mais. Eu também sou pai. Me colocando no lugar dele como pai, sei que ele merece mais sobre o filho.
Mas não sobre a minha filha.
- Nasceu com 3,80 kg e 40 centímetros. Ele é perfeito - não posso conter o tom de orgulho em minha voz.
Um pequeno sorriso mais feliz se abre no rosto do rapaz.
- Obrigado, senhor.
- Não me agradeça. Eu não fiz por você. Fiz por ser o meu dever. Se fosse em outros tempos, antes da Ana, eu já teria te caçado e te matado com minhas próprias mãos pelo o que nos fez.
O arquear da sobrancelha que o homem faz me intimida, mas não me deixo acoar à ele.
- Posso dizer o mesmo - seu rosto torna o olhar mafioso e empoderado de costume -. Eu não deixaria alguém falar assim comigo e sair vivo se não fosse por ela.
- Então o mesmo que Ana causou em mim, Sofia fez em você. Elas despertam algo em nós e nem mesmo percebemos, acredite filho, agora é tarde.
Lorenzo nada diz. Com um aceno positivo de cabeça eu volto ao quarto onde está tudo o quê eu tenho.
Paro entre o berço e o leito onde está minha filha, observando-os com carinho enquanto dormem profundamente.
Todos merecemos um descanso.
***
Uma batida de leve à porta interrompe minha conversa com Sofia. Viramos e observamos a mesma ser aberta lentamente e vários balões azuis entrarem antes da Sol, que os carregava. Reconheci a garota pelas fotos que Sofia tirou dela enquanto dançava ballet. A pequena também segurava a mão de Lorenzo, que vinha ao seu lado.
- Titia Sofi - a menina sorri largamente.
- Oi, minha princesa - minha filha sorri para a menina -. Como está?
- Feliz - ela entrega os balões à Sofia e senta ao seu lado com a ajuda de Lorenzo que a ergue do chão -. Tenho um priminho agora - diz, ainda sorrindente.
Sofia ri, um pouco mais alto dessa vez.
- Sim. Você tem - ela fala enquanto observa a pequena com um olhar terno.
Flagro Lorenzo observando o menino em meu colo, seu olhar transbordando de ansiedade. Eu sei que ele quer pegá-lo, mas eu ainda não estou pronto para isso. E não tenho certeza se um dia confiarei nele.
- Papai - Sofia me chama. Encaro-a -. Poderia me deixar a sos com Lorenzo um instante? - ela pede.
Respiro fundo, assentindo a contra-gosto em seguida. Essa não é a minha vontade, mas não sou eu quem decide isso.
Entrego o meu neto à minha filha, que o embala com carinho, vejo que Sol também olha atentamente o menino.
- Ele é tão pequeno - ela comenta.
- Há não muito tempo atrás, você era desse tamaninho também - falo com ela, que tira os olhos do bebê e me olha com atenção.
- Eu era?
- Sim. E que tal nós dois irmos à cantina e fazermos um lanche? - convido a garotinha.
Sol olha para o tio, que assente positivamente, autorizando a mocinha a me acompanhar.
Pego-a no colo, tirando-a de cima da cama, e a ponho no chão. Ela segura a minha mão e assim seguimos para fora da sala.
Deixando Lorenzo sozinho com Sofia e seu filho.
E alguma coisa me diz que nem tudo será rosas dentro daquele quarto.
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Maldito Mafioso
RomanceSofia é uma jovem doce, amorosa, educada e do interior. Mesmo em um momento difícil aprendeu uma lição importante com sua mãe: concertar o que se está quebrando. Lorenzo é capo da mafia italiana, um homem impiedoso e cruel. Cruel ao ponto de obrigar...