Sofia é uma jovem doce, amorosa, educada e do interior. Mesmo em um momento difícil aprendeu uma lição importante com sua mãe: concertar o que se está quebrando.
Lorenzo é capo da mafia italiana, um homem impiedoso e cruel. Cruel ao ponto de obrigar...
Já faz uma semana desde o ocorrido com Lorenzo naquela sala da dor. E já estou recuperada 100% por sinal. Até mesmo as manchas vermelhas deixaram meu corpo. Lorenzo não entrou no quarto desde o ocorrido. Só o vejo às vezes pela casa e nas horas das refeições. Ele está claramente me evitando.
Mais preocupada mesmo eu estou com Natanael. Não o vejo desde Paris. Lorenzo disse que Nate está ocupado resolvendo assuntos da mafia e eu acredito, mas sinto que tem algo mais.
Já Luanna me visitou duas vezes na semana para ver como estou, até trouxe-me chocolates.
- Jô, assim está bom? - pergunto minha amiga em relação a um quadro novo que estou ajudanda a arrumar na escada.
- Está ótimo - escuto a voz de Lorenzo ao entrar na sala principal e parar ao lado de Joana -. Mas sabe que isso não é trabalho para você. Não sabe?
- Sim - respondo meio sem graça -, mas eu quero ajudar, Enzo.
- Enzo? - Jô pergunta surpresa, porém com um sorriso no rosto enquanto nos olha - Chama o patrão de Enzo?
- Sim - respondo, contagiada por seu sorriso. Lorenzo revira os olhos. E ela solta uma gargalhada.
- Em todos esses anos trabalhando aqui. Só vi uma pessoa chamar Lorenzo desse jeito.
- Quem? - indago, interessada.
- Tio, Enzo! - um grito infantil nos chama a atenção. Olhamos todos na direção da porta dos fundos da sala - que leva para o jardim e garagem de onde veio a doce voz.
Uma garotinha loira de maria-chiquinhas que aparenta ter uns 5 anos está a olhar para ele sorridentemente, com seus enormes olhos azuis arregalados de alegria em vê-lo.
- Minha Princesa! - Lorenzo sorri para ela, que corre para seus braços e pula em seu colo, onde os dois se dão um gostoso abraço de urso.
- Parece que vamos ter bolo com sorvete para sobremesa hoje! - Jô diz com um sorriso ainda maior enquanto olha a menina.
- Bolo com sorvete! - a garotinha joga os braços para cima em animação e salta dos braços de Lorenzo para abraçar a Jô. Aparentemente ela gosta desse prato.
E claramente eu estou sobrando aqui.
- Quem é essa? - indago, sorridente, olhando a doce menininha.
- Sou a Sol - ela sorri para mim e vem em minha direção. Ela me dá um abraço também, não tão animado como em Jô e Lorenzo, mas tão gostoso quanto.
Então lembro-me que Luca perguntou por esse nome a Lorenzo uma semana atrás.
Então, essa é a Sol.
- É um prazer conhecê-la, Sol - sorrio para ela enquanto estou agachada acariciando suas costas -. Me chamo Sofia. Mas pode me chamar de Sofi.
- Gosto de Sofi - ela sorri -. O prazer é meu. Você é bonita - ela passa as mãozinhas pelos meus cabelos.
Como pode ser tão fofa?
- Espero mesmo é um dia ter ao menos metade da beleza que você tem - brinco. A guria fica vermelha de vergonha e abaixa a cabeça. Mas levando com uma mão em seu queixo -. Não abaixe a cabeça, toda a princesa deve manter a cabeça erguida - então ela sorri mais uma vez.
- Minha filha, não entre correndo assim. Você pode cair e acabar se machucan... - uma ruiva maravilhosa entra na sala, mas para ao me ver. Então ela observa rapidamente o meu anelar esquerdo - Então é verdade. Você se casou mesmo - não sei se essa cara é de decepção ou surpresa.
- Casei - Lorenzo responde, tão sério quanto.
- Então acho que você é minha nova tia - Sol fala para mim -. Titia Sofi.
- Se você quiser, Sol - olho-a -. Pode me chamar assim a vontade.
- Irmãozinho - a ruiva chama -, podemos conversar um momento?
Lorenzo surpira e vai atrás da irmã.
Jô vira para nós, por fim.
- Que tal um bolo com sorvete?
***
Ao terminarmos de comer, Sol vai com Joana se lavar, já que ela se melou de bolo.
Aproveito para ir até o quarto, mas paro pouco antes de entrar na sala para subir as escadas que levam ao segundo piso, escutando as vozes de Enzo e de sua irmã.
- Você vai mesmo fazer isso com ela? Está entregando-a a morte, Lorenzo. Quando mamãe souber...
- Você não ouse dizer uma só palavra a mamãe! - Lorenzo ruge para sua irmã - Se não, eu me esqueço que é minha irmã e...
- E o quê?! - ela cospe raivosa.
Parece que interromper um ao outro aqui é coisa de família.
- Vai fazer o quê?! - ela continua - Me punir, como manda esse maldito protocolo da mafia?! E pelo que seria? Hã? Traição? Soube que a punição para isso é a morte!
- Cala a boca! - Lorenzo manda. Tentando não se alterar - Você...
- Mamãe! - escuto a voz de Sol seguindo em direção a sala e interrompendo os dois - Já trouxeram a minha bolsa? Quero dançar - ela pede pouco depois de entrar no cômodo. Resolvo ir atrás.
- Sim, minha filha - a mãe suspira fundo -. Está no seu quarto - então ela se abaixa para abraçar a filha -. Já vou indo. Meu voo sai daqui a pouco - então a ruiva de olhos azuis segue até a saída batendo os saltos no piso.
- Tia Sofi... - Sol vira para mim com seus grandes olhos brilhando - Me ajuda?
***
Subi e ajudei a Sol a vestir seu tutu de bailarina e segui ela até um quarto desconhecido, que logo se revela um enorme estúdio de ballet. Com tatame no chão, espelhos do chão ao teto, uma barra e outros equipamentos.
Voltei a ter 6 anos.
Mamãe...
- Já fez ballet alguma vez? - Sol me pergunta.
- Quando tinha sua idade - respondo -. Minha mãe me levava a uma escolinha de ballet e eu passava horas praticando. Não pratico mais desde que... - paro por aí. Não quero deixar o clima triste para Sol.
- Então vou ser sua enseignant.
- Minha o quê? - olho-a confusa.
- Desculpe, minha professora é francesa. Ela diz que é nossa enseignant. É professora em francês.
- Entendi, enseignant - digo em meu francês horrível. E Sol ri da minha pronuncia ridícula -. Por onde começamos?
❤️
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