Falsa - Lorenzo

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Sofia me deixará louco!

Já faz três semanas desde o ocorrido que ela não sai daquele maldito quarto.

Sofia está com depressão. Por alguma razão ela se culpa pela morte do Natanael. O que é bobagem. Natanael teve uma morte honrada e digna de um homem: morreu lutando.

A esquisita da Luanna, ex amante do meu amigo a algum tempo atrás, não sai da minha casa desde que soube do ocorrido. Segundo ela, veio para ajudar a Sô, mas só sabe gastar no cartão de crédito da minha mulher e chorar a morte dele, trazendo mais conflitos para minha cabeça da minha pequena.

Sofia também mal conversou comigo todos esses dias, depois do que ela me disse naquele contêiner, resolvi dar todo o espaço que ela quer até ela se curar e assim volta para seu pai, tanto que estou dormindo em outro quarto. A visito todos os dias perguntando como está, mas as únicas que ela deixa passar mais de 2 minutos a fazendo companhia é a Joana e a Luanna. Já que mandei a Sol para uma viagem ao México com a Jesse, mãe dela.

Bato a porta do quarto do Natanael para ver como Luanna está, soube que ela não se sentiu bem durante a manhã e quis saber se precisava de algo.

- Sofi, é você? - ouço a voz da ruiva indagar do outro lado.

- Sou eu, Luanna - respondo -. Soube que pediu para chamar Mike mais cedo, queria saber se está melhor - justifico a minha presença lá.

- Pode entrar.

Abro a porta e adentro, estranhando ao olhar em volta e não ver ninguém, até encontrar apenas a cabeça dela de fora da porta do banheiro.

- Desculpe. Natanael só comprava esses pijamas para mim - ela sai do banheiro correndo e se joga na cama, jogando o cobertor sobre si e tentando, só tentando mesmo, esconder o corpo a usar uma lingerie de renda com transparência. Rio de sua timidez e me sento ao seu lado.

Ponho a mão sobre a sua testa, verificando se ela tem febre. E não, ela está bem.

- Já viu a Sofi hoje? - pergunta, curiosa.

- Levei o café dela hoje. Depois ela me mandou sair.

Tento esconder que estou abalado.

Luanna me dá um sorriso entristecido e olha em meus olhos.

- Vai dar tudo certo - tenta me confortar com uma voz sedosa e coloca a mão sobre meu joelho.

Paro por um segundo e observo sua mão. Ergo o olhar para seu rosto, fitando seus olhos cinzas. Um silêncio tenso se instala entre nós, e é quando avançamos em um beijo quente.

Pode ser carência ou mágoa, tristeza ou raiva que nos fez fazer algo assim. Luanna por Natanael e eu pela Sofia. Só sei que aconteceu. Até eu dar por mim e empurrá-la para longe. Percebendo o sorriso diabólico em seu rosto.

- Demônia - levando furioso e ela gargalha, jogando a cabeça para trás.

Tomara que engasge.

Ela se levanta e vem rebolando em minha direção com a bunda que ela acha que tem. Põe as garras compridas e bem feitas sobre meus ombros e agarra as lapelas de meu terno, me puxando para outro beijo, este que eu rejeito e a empurro outra uma vez, me virando para sair do quarto.

Em algum tempo atrás, eu continuaria o que começamos sem o menor remorso, já hoje, parece errado. Eu realmente me apaixonei pela Sofia.

- Meu coração pertence a outra, Luanna - advirto.

- Que porra de coração, Lorenzo? - pergunta, começando a ficar irritada. Pelo o que parece, essa mulher não está acostumada com a rejeição.

A ignoro e sigo para dar o fora daqui.

- O que aquela caipira tem que eu não tenho? - ela grita, vindo atrás de mim.

Me viro rapidamente e a pego pela garganta empurrando-a até a parede mais próxima.

- Fale assim dela de novo e eu juro que quebro o seu pescoço - minha vez de ficar irritado.

- Lorenzo, você está me machucando - ela reclama. E seus olhos começam a lacrimejar.

- Bom - continuo -. E se quer mesmo tanto saber o que ela tem, vou lhe dizer. Ela é a mulher mais pura que eu já conheci. Não é uma mulher interessada em dinheiro e poder, diferente de tudo que eu encontro nessa vida desgraça.

- E quando você a encontra, a obriga a se casar com você - Luanna completa com outro sorriso diabólico. Mesmo com o rosto vermelho e sem ar ela consegue ser um capeta. Solto-a, então ela tosse e passa a mão pela extensão do pescoço.

Não vou mentir que as palavras daquela mulher me acertaram em cheio. Ela tem razão. E isso me irrita. Saio do quarto de uma vez, fechando a porta atrás de mim antes que eu cometa alguma loucura.

Vou até o meu quarto, onde a Sô está. Dessa vez, abro a porta sem bater. A encontrando sentada na cama, encarando a janela.

- Espero que não esteja pensando em pular daí - digo, quebrando o silêncio ensurdecedor do quarto. Ela rapidamente vira a cabeça, me fitando.

- E alguém sentiria minha falta? - suas olheiras profundas revelam que ela não vem dormindo muito bem.

- Isso é a depressão falando por você, mio amore - tendo ajudar -. Pensa no nosso bebê - ela então abaixa a cabeça e acaricia a barriga, que, minimamente, já aponta uma pequena saliência, saliência essa que talvez só eu perceba. Já que ela não tem nem 2 meses de gestação, mas eu conheço o corpo dela o suficiente para notar qualquer mudança mínima -. Pense em seu pai. Pense que precisa ficar boa logo para revê-lo - me aproximo -. Pense em...

Mim.

Paro antes de dizer a última palavra. Sofia me odeia agora. Não seria uma boa ideia completar essa frase.

- Ao contrário do que pensa, eu não odeio você, Enzo - ouço-a falar em voz baixa.

- Não? - uma única frase já é o bastante para vir uma pontada de esperança surgir em meu peito... como sou bobo.

- Enzo, eu amo você - ela fala por fim, fazendo meu coração quase explodir -. Eu só não posso fazer isso agora.

Eu não sei exatamente o que ela quis dizer com "isso", mas entendo o motivo dela querer se afastar, mesmo eu não querendo. Devo dar liberdade a ela, diferente de como fiz no começo.

Dou um passo em sua direção, na intenção de me aproximar dela.

- Por favor, não - ela pede. Me fazendo ficar onde estou.

- Tem razão - abaixo a cabeça me dirigindo a porta para sair -. Devia sair daqui um pouco, os cachorros também sentem a sua falta, podia ir brincar um pouco com eles.

Aconselho antes de fechar a porta.

Ando fechando muitas portas ultimamente.

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Maldito MafiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora