Capítulo 21

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Eu – Solta o meu braço.

Ricardo – Eu solto se você aceitar almoçar comigo.

Eu – Para com isso, Ricardo.

Ricardo – Por favor?

Olhei para ele e vi que não teria alternativa, pois já conhecia sua insuportável insistência.

Eu – Vamos! Tinha esquecido como você é infantil.

Ele deu um sorrisinho de vitória e segurou minha mão. Para não dar muita corda para ele, puxei novamente minha mão.

Eu – Eu aceitei almoçar com você, ainda não te perdoei.

Logo aquele sorriso sumiu do seu rosto. Fomos a um restaurante próximo ao escritório. O almoço se resumiu em preguntas longas do Ricardo e respostas curtas minhas.

Ricardo – Você só vai responder com “sim” ou “não”?

Eu – Sim!

Ricardo – Quem está sendo o infantil agora?

Eu – Agora vai me acusar de ser infantil?

Ricardo – Você está agindo como uma criança.

Meu sangue começou a ferver.

Eu – Por que você me chamou pra almoçar?

Ele baixou a cabeça e ficou em silêncio, segundos depois ele levantou com os olhos marejados.

Ricardo – Vim dizer que eu não te mereço, que sou um enorme idiota. Só cometo burrada e acabo te machucando.

Eu – Ainda bem que você reconhece que é um idiota.

Ricardo – Poxa! Não precisa esculachar.

Eu – Precisa sim. Você tem ideia de como eu fiquei depois que você disse aquilo? Você fez parecer que todo o meu amor, toda a minha dedicação a você não valesse nada.

Ricardo – Me perdoa? Eu te amo.

Eu – Eu também te amo, mas não vou aguentar você jogar meus erros na cara toda vez que brigarmos.

Ricardo – O que eu fiz foi horrível, falei tudo aquilo de raiva. O que aconteceu ficou no passado, para mim está morto. Tenta entender o meu lado, Luca. Me senti traído pelo fato de você ter me escondido sobre o meu pai.

Eu – Me diz uma coisa, Ricardo? Qual seria sua reação se você ficasse sabendo antes do transplante?

Ricardo – Eu não teria feito.

Eu – Eu sabia que você não aceitaria. Você é muito cabeça dura. Escondi sim de você, mas foi pensando no seu bem. Você é minha vida, Ricardo. Sem você eu morreria também. Você tem consciência disso?

Ricardo – Você também é minha vida. Me perdoa por todo o sofrimento que te causei?

Olhei em seus olhos e vi o seu arrependimento. Como sou um tremendo trouxa, acabei caindo de novo no papo do Ricardo. Fazer o que se eu o amava mais que tudo.

Eu – Claro que te perdoo, mas com uma condição.

O sorriso que havia brotado em seu rosto logo desapareceu quando ouviu a palavra “condição”.

Eu – Você vai dar uma chance ao seu pai.

Ricardo – Não vou mesmo.

Ele ficou extremamente irritado e se levantou para ir embora.

Eu – Pensa bem no que você vai fazer. Se você sair, nunca mais me procure. Estou cansado disso tudo, quero paz para minha vida. Se a briga com o seu pai é mais importante que o nosso relacionamento, tudo o que você me disse agora a pouco foi da boca pra fora.

Ricardo – Você não entende.

Eu – É você que não está entendendo, Ricardo. O passado já se foi. O seu pai se arrependeu e quer se desculpar com você, tentar começar uma vida de pai e filho. Não tem razão ficar remoendo esse sentimento ruim aí dentro de você. O único prejudicado será você, pois vai ficar sem seu pai e seu parceiro.

Saí do restaurante sem olhar para trás, nem vi se ele tentou me seguir ou não. Posso ter sido um pouco duro, mas ele precisava de uma sacudida. Ele tinha que deixar de lado aquela amargura que nunca lhe trouxe benefício.

Voltei ao escritório e me afundei no trabalho, mas o dia para mim já havia terminado naquele almoço. Em casa tudo me lembrava aquele idiota, até o Donatello sentia a falta dele. Fiquei com tanta raiva do Ricardo que abri uma garrafa de vinho e tomei tudo. Depois de uma certa hora eu já estava chamando urubu de meu louro, minha fraqueza para bebida era tremenda. Por volta das oito da noite o Pedro apareceu em casa.

Pedro – Está fazendo uma festa e nem convida os amigos.

Eu – Oi amigo lindo...rssss...tudo bem com você?

Pedro – Estou! Agora você não parece muito bem.

Sentei no sofá e tudo ao meu redor perdeu a graça.

Eu – Tudo culpa daquele imbecil do Ricardo.

Pedro – Por isso que vim aqui. Quando é que você vai tirar ele lá de casa?

Eu – Vá se acostumando, pois ele vai ser seu hóspede por um bom tempo.

Pedro – O que aconteceu? Pensei que tivessem se acertado depois do almoço de hoje.

Contei toda a história para o Pedro que me ouviu atentamente, como sempre. Depois de muito chorar acabei pegando no sono. Quando acordei no dia seguinte, estava na cama e Pedro dormia ao meu lado. Cutuquei ele até acordar.

Pedro – Que droga! Me deixa dormir!

Eu – O que você está fazendo aqui?

Pedro – Alguém bebeu até não poder mais e capotou no sofá. Te trouxe pra cama, mas fiquei com medo de te deixar sozinho. Até ia dormir no quarto de hóspedes se ele estivesse habitável, então dormi aqui.

Só o abracei, era a forma que eu tinha para agradecer tanto cuidado.

Eu – Tudo bem! Não é a primeira vez que dormimos juntos.

Pedro – Só que da última vez você sabe o que aconteceu.

Taquei o travesseiro na sua cara e começamos a fazer cocegas um no outro. Paramos já ofegantes.

Eu – Só que agora sou casado ou pelo menos era.

Pedro – Calma! Logo vocês vão se acertar.

Eu – Como você tem tanta certeza?

Ele virou para mim e segurou minhas mãos.

Pedro – O amor de vocês não é daqueles que se acaba. Vocês já passaram por tanta coisa para ficar juntos, não vai ser um briga dessa que vai separar os dois. Só tenha um pouco de paciência. O Ricardo logo vai se tocar da burrada que está fazendo e vai mudar.

Depois daquelas sábias palavras me senti mais tranquilo. Tomamos um café maravilhoso preparado pelo Pedro e cada um seguiu seu caminho. A semana passou tranquila na medida do possível. O Ricardo me ligava o dia todo, mas nunca atendia, não queria papo com ele. Era quinta-feira pela manhã quando recebi uma agradável visita na minha sala.

Gustavo – Bom dia, Luca!

Eu – Bom dia, Gustavo. Como está?

Gustavo – Bem! Vim aqui somente para me despedir.

Eu – Como?

Gustavo – Estou voltando para os Estados Unidos amanhã. Dessa vez acho que não volto mais.

Eu – Pensei que fosse ficar definitivamente aqui no Brasil?

Gustavo – Essa era minha intensão se eu conseguisse me reconciliar com o meu filho, mas como isso não aconteceu, não tenho motivos para ficar.

Fiquei triste pela notícia, pois o Gustavo tinha se mostrado uma boa pessoa. Nos últimos tempos ficamos próximos e pude conhecê-lo um pouco mais. Também por que ali vi que aquela briga infelizmente não chegaria ao fim.

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De Chefe a Amor da Minha Vida (2 Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora