Capítulo 31

3.5K 288 20
                                    


Aquele momento de silêncio que se fez na sala foi torturante, a Letícia não expressava reação alguma. Meu coração estava aflito, segurei a mão de Ricardo por debaixo da mesa e ele prontamente correspondeu. Todo aquele clima foi quebrado quando ela finalmente resolveu se pronunciar.

Letícia - Isso deveria ser algum problema?

Ricardo - Desculpa, não entendi!

Letícia - Isso que você acabou de me dizer deveria ser um problema?

Ricardo - Não!

Letícia - Se de sua parte não existe problema, por que dá minha existiria?! Quem sou eu para julgar alguém nesse mundo?! Trabalho há alguns anos com essa realidade, vejo crianças inocentes passarem por situações que nunca deveriam acontecer. Elas só querem ser amadas e respeitadas, se vocês estão dispostos a dar isso a uma delas, de mim terão o total apoio.

Após aquelas palavras a tensão no ar sumiu instantaneamente. Um sorriso brotou nos lábios de cada. Em mim veio acompanhado pelas lágrimas, sou emotivo e ponto final. Conversamos por mais algum tempo. Ela nos alertou das dificuldades do processo, principalmente no nosso caso. Apesar de todos os alertas eu estava tranquilo, tranquilo até demais levando em consideração o meu alto nível de ansiedade.

Voltamos para o pátio e encontramos o Bê brincando alegremente com as crianças. Ele corria e sorria, mas assim mesmo dava para perceber a tristeza em seu olhar. Quando ele nos viu abriu mais ainda o sorriso e correu pulando em meu colo, seu rostinho se aconchegou no meu pescoço e suspirou. Eu sentia que a cada encontro nossos laços se estreitavam mais. Fomos interrompido com o Ricardo puxando o Bê do meus braços.

Ricardo - Cadê o meu abraço?

Bê - Oi tio Ricardo!

Ele o ergueu e como se estivesse voado o Bê esticou os braços.

Ricardo - Estava com saudades do meu garotão. Como você está, carinha?

Bê - Estava com saudades também, tio.

Eles se abraçaram e logo o Ricardo me puxou para me juntar a eles.

Bê - Tio! Vem brincar comigo!

Ricardo - Vamos sim, mas quero que conheça uma pessoa.

Bê - Quem?

Ricardo - Esse aqui é o Gustavo, meu pai.

O Gustavo que estava mais atrás de nós se aproximou e se ajoelhou a altura do Bê.

Gustavo - Oi!

O Bê olhou com desconfiança de início, mas logo deu um dos sorrisos cativantes.

Bê - Oi!

Os dois ficaram em silêncio por um instante enquanto nós observávamos aquele primeiro contato entre avô e neto. Em seguida o Bê surpreendeu o Gustavo com um abraço, ele olhou para nós e deu um sorriso. O neto havia ganhado o coração do avô. Sem mais palavras o Ricardo tomou o Bê pela mão e correu para o pátio. Eu fiquei com o Gustavo e o Pedro olhando os dois brincarem.

Eu - O que achou do seu futuro neto, Gustavo?

Gustavo - Meu futuro não, ele já é meu neto. Agora entendo como vocês se apaixonaram por esse menino.

Pedro - Ele tem esse poder sobre as pessoas.

O dia foi regado com muitas risadas, brincadeiras e é claro, comemos muitas besteiras. A alegria era palpável naquele ambiente. No final do dia foi aquele sacrifício na hora da despedida, choro por parte do Bê, choro da minha parte e por aí vai. A Letícia nos levou até o portão.

De Chefe a Amor da Minha Vida (2 Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora