Capítulo 08

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NARRAÇÃO DO LUCA

Ele se foi e eu fiquei, fiquei sem chão, completamente desnorteado. A falta que me fazia era enorme, era uma dor que não havia remédio no mundo que fizesse passar. Decidi respeitar sua vontade, não estava em condições de impor nada. O erro foi meu e eu aceitei as consequências, mesmo sabendo que seria quase impossível superar com facilidade. Depois que o Ricardo foi embora, corri para o meu quarto e desabei em choro. Minhas forças pareciam ir embora a cada gota de lágrima que saia de mim, logo peguei no sono. Pedro chegou pela manhã e como já era de costume foi ver como estava. Ele passou os dedos pelo meu rosto e eu acordei.

Pedro – Bom dia meu querido, dormiu bem?

Eu – Não. O Ricardo veio aqui ontem a noite.

Pedro – Eu sei, ele me procurou no hospital e entreguei uma cópia da chave. Vocês se acertaram?

Eu – Na verdade nós nos separamos de vez. Ele veio pra pedir mais tempo, mas eu já aceitei como algo permanente.

Pedro – Como você está se sentindo?

Eu – Parece que tudo é um pesadelo e que vou acordar a qualquer momento. Ainda não caiu a ficha de que isso está acontecendo. Não consigo ver meu futuro sem ele junto.

Pedro – Não acredito que isso tenha acabado. Um amor tão forte quanto o de vocês não pode acabar assim.

Eu – Eu sei disso, mas eu entendo o lado dele. O Ricardo sofreu muito com a traição da Roberta. Eu estava lá quando isso aconteceu, por pouco ele não virou um alcoólatra. Ele não confia mais em mim e não tem como continuar um relacionamento se uma das partes perde a confiança na outra.

Eu estava assustado com as palavras que saiam da minha boca, parecia outra pessoa. Estava racional demais, coisa que é raríssimo de acontecer comigo em determinadas situações. Meu lado emotivo é bem mais aflorado.

Pedro – Ainda não consigo acreditar.

Eu – Só sei que não vou conseguir ser o mesmo. Minha vontade é de sumir nesse mundo e nunca mais voltar.

Pedro – Cala boca! Não fala besteira. Você não pode ter o Ricardo mais, mas eu ainda estou aqui.

Eu – Sei meu amigo. Sem você eu estaria bem pior. Você é o meu suporte.

Pedro me abraçou e ficamos ali por um tempo, ele fazia carinho na minha cabeça enquanto eu alisava seu braço. Realmente se não tivesse o Pedro comigo não sei como estaria depois de tudo. Os dias se passaram e eu tinha notícias do Ricardo através do Pedro, que ainda mantinha contato com ele. Ele não queria mais falar comigo e eu respeitava sua vontade. Durante esses dias eu não voltei a nossa casa, o Pedro que fez o favor de trazer minhas coisas. Não queria nada de lá, nada que me lembrasse mais ainda dele. Pedi para Paula minhas férias, ela muito compreensiva depois que lhe contei toda história, me permitiu adiantá-las. Não vi mais o André desde o dia do incidente, assim era melhor, não queria mais confusão para minha cabeça.

Havia se passado mais ou menos um mês desde a nossa separação. Era um sábado pela manhã quando eu acordei com uma dor no peito, uma angústia que parecia apertar meu coração. Levantei e fui para o quarto do Pedro. Ele dormia todo arreganhado na cama e roncava bastante, ele só fazia isso quando estava extremamente cansado.
Empurrei ele para o lado e deitei na cama, depois do Ricardo o Pedro era a segunda pessoas com quem me sentia seguro. Ali peguei no sono de novo, mesmo sentindo aquela angustia no peito.

Não sei bem dizer o horário quando começaram a bater na porta desesperadamente. Cutuquei o Pedro para ele levantar e ver quem era, mas foi em vão, ele estava praticamente em coma. Ainda relutante levantei para ver quem era o desesperado. Ainda meio tonto por causa do sono abri a porta, o susto que levei me fez acordar de imediato. O Ricardo estava parado na minha frente suando e ofegante. Meu espanto não era por ele está ali, mas sim por ver seu nariz sangrando. Quando ele viu que seu nariz sangrava e tonteou e desmaiou em cima de mim. O Ricardo é bem mais alto que eu e mais forte, não consegui segurar todo aquele peso e nós dois fomos ao chão
.
Eu – Pedrooo!!!!!

Eu gritava para o Pedro me ajudar, eu estava desesperado com o Ricardo desmaiado em cima de mim. Depois de tanto gritar o Pedro veio me ajudar.

Pedro – O que aconteceu?

Eu – Não sei. Ele apareceu todo suado e ofegante, dizia que me amava e me queria de volta, mas seu nariz começou a sangrar e ele desmaiou em cima de mim.

Minhas mãos estavam trêmulas, minha voz estava embragada pelo choro. O Ricardo sempre teve uma saúde de ferro, cuidava da alimentação e do físico, ver ele assim daquele jeito me assustou muito.

Eu – Faz alguma coisa Pedro.

Pedro – Chama a ambulância rápido, aqui não vou conseguir fazer muita coisa.

Peguei o telefone e chamei a ambulância, enquanto o Pedro fazia os primeiros atendimentos. Minutos depois a ambulância chegou e levou o Ricardo para o hospital, o Pedro foi com ele enquanto eu fui de táxi. Ao chegar no hospital fui logo atrás de informações, mas ninguém me dizia nada, nem o Pedro apareceu para me dar notícias. O que me restou fazer foi sentar na recepção e esperar. Passou-se uma hora e nada de noticias, minha angustia aumentava a cada instante. Logo veio até um rapaz muito bonito e encostou a mão no meu ombro.

Rapaz – Você é o Luca?

Eu – Sim.

Rapaz – Me chamo Hyan. O Pedro me pediu para vir dar notícias sobre o paciente Ricardo.

Eu – Como ele está?

Hyan – Está bem, ele está passando por alguns exames e logo será levado para o quarto.

Uma onda de alívio percorreu todo meu corpo, me sentia até mais leve. O Hyan ficou mais um pouco comigo para me fazer companhia. Depois de mais calmo que me toquei que esse era o rapaz que o Pedro estava ficando.

Eu – Você é o cara que o Pedro está ficando, né?

Ele ficou vermelho devido a minha pergunta.

Hyan – Sou sim.

Eu – Finalmente nos conhecemos. Prazer, sou o Luca.

Hyan – Prazer. O Pedro fala muito de você. Diz que são irmãos de mães diferentes.

Ri como o que ele disse. O Pedro sempre dizia que éramos irmãos de mães diferentes, era a única explicação para nossa ligação.
O Hyan era uma pessoa bem agradável, simpático e divertido. Logo de cara fizemos amizade. Contei para ele como conheci o Pedro e como somos ligados. Percebi que quando ele falava do Pedro seus olhos brilhavam, com certeza ele sentia algo mais forte pelo Pedro. Ficamos conversando até o Pedro vir até nós.

Pedro – Enfim vocês se conheceram.

Eu – Sim. Pena que foi nessas
circunstancias. Me diz como o Ricardo está?

Pedro – Ele está bem, está no quarto te esperando.

Sem pensar duas vezes corri para o vê-lo, fui até repreendido por uma enfermeira por correr pelos corredores. Ao chegar em frente a porta do seu quarto, parei e respirei fundo. Abri a porta devagar e aos poucos vi ele deitado na cama com os olhos fechados. Meu coração acelerou e sem pensar em mais nada corri e o abracei. Ele levou um susto, mas logo retribuiu o carinho.

Eu – Não me deixa nunca mais.
Deitei em seu peito e ali me permiti chorar, mas de alegria.

Ricardo – Nunca mais meu amor, nunca mais vamos nos separar. Eu te amo tanto que até fiquei doente sem você.

Olhei para ele e via em seu rosto um pouco pálido o sorriso que me trazia tanta alegria.

Eu – Seu bobo. Você quase me matou do coração. Pensei que ia te perder.

Ricardo – Jamais vamos ficar separados, não vamos deixar que mais nada interfira no nosso relacionamento.

Eu –Me perdoa amor?

Ricardo – Claro meu amor. Te amo demais pra não te perdoar.

Eu – Também te amo muito.

As palavras não eram mais necessárias naquele momento. Envolto em seus braços fiquei como criança que busca colo. Ele fazia carinho em meus cabelos e eu em seu peito. Tudo que eu mais queria estava ali, ter o Ricardo de volta.

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De Chefe a Amor da Minha Vida (2 Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora