Capítulo 34

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Os dias se passaram, logo se foram semanas e a cada momento nossa ansiedade aumentava. Nossas visitas ao abrigo eram sagradas, todos os sábados estávamos lá para levar carinho para aquelas crianças. O Ricardo e eu sempre dávamos mais atenção ao Be, mas sem deixar as demais de lado. O Gustavo conseguiu montar uma bela equipe de voluntários da empresa, eles se dividiram em grupos que se revezavam nos sábados. Infelizmente estar só aos sábado com o Be já não era mais suficiente, queríamos levá-lo para nossa casa e começar a viver como uma família. Meu coração se angustiava a cada dia sem notícias sobre o processo, o Paulo via minha angústia e de todas as formas tentava conseguir alguma informação, mas não obtinha sucesso.

Em um domingo chuvoso e frio, levantei extremamente chateado com tudo. Na verdade não havia dormido aquela noite, rolei de um lado para o outro da cama na tentativa de encontrar o sono. Pela manhã senti o Ricardo levantar cedo. Tínhamos o costume de acordar bem cedinho para assistirmos TV juntos, mas aquele dia eu não estava disposto a fazer nada, só queria ficar deitado na cama sozinho. Ele tomou um banho e depois de se trocar, sentou ao meu lado na cama e começou a fazer carinho no meu rosto.

Ricardo - Acorda, meu amor!

Eu fingia estar dormindo na tentativa dele me deixar quieto, mas a teimosia era uma das qualidades do Ricardo.

Ricardo - Acorda, Luca! Vamos namorar um pouco lá na sala.

Infelizmente quando estou chateado costumo ser um pouco indelicado, vamos dizer assim. Sempre fui desse jeito, meus pais sofriam com os meus rompantes.

Eu - Que droga, Ricardo! Não vê que estou tentando dormir. Passei a noite em claro.

Ricardo - Não precisa responder deste jeito. Eu não vi que você não conseguiu dormir. Por que não me chamou?

Eu - Mesmo que eu quisesse não conseguiria te acordar, você dorme feito pedra.

Ricardo - Você está sendo estúpido sem motivos, Luca. Na verdade você anda estranho já faz alguns dias. O que anda te perturbando, meu amor?

Neste momento ele tentou me abraçar, mas eu me esquivei.

Eu - Só me deixa em paz. Será que é pedir muito?!

Ricardo - Esta espera está me fazendo sofrer da mesma forma que você. Deveríamos esta nos consolando e não nos agredindo, isso não vai nos levar a nada.

Depois desta lição de moral ele levantou e saiu batendo a porta com força. Na cama, fui invadido por um remorso tremendo. Ele tinha toda a razão, eu estava sendo infantil ao agir daquele jeito. Aquela manhã não passamos juntos, isso não acontecia desde quando ele retornou do hospital. Cobri minha cabeça com o cobertor e chorei, pus para fora todo aquele sentimento de angústia até pegar no sono. Acordei era por volta das 13h. Levantei com a sensação do corpo pesado e com o início de enxaqueca. Depois de lembrar meu nome e onde estava, tomei um banho para acordar. Infelizmente nem todo o banho do mundo tiraria aquele peso na consciência por ter tratado o Ricardo tão mal. Desci as escada e encontrei a casa silenciosa, fiquei preocupado pensando o quanto ele deveria estar chateado comigo. Entrei na sala de jantar e encontrei uma bela surpresa, uma mesa lindamente posta para o almoço. Ali admirando aquela mesa fui surpreendido por um aroma delicioso de lasanha, meu prato favorito. Bem na ponta dos pés entrei na cozinha e encontrei o Ricardo de avental preparando uma salada, ele me viu e sorriu timidamente.

Ricardo - Não era pra você ter acordado agora.

Eu - Por que não?

Ricardo - Era pra ser surpresa.

Um homem todo grandão e atrapalhado cozinhando era lindo de se ver. Meu coração se aqueceu ao ver que ele não estava mais chateado comigo. Andei em sua direção e o abracei por trás, dei um beijo em seu ombro que era onde eu alcançava.

Eu - Me perdoa? Me perdoa por ser tão infantil e por as vezes não dar o devido valor a pessoa pessoa maravilhosa que você é?

Ele virou e me abraçou.

Ricardo - Confesso que fiquei bem chateado com você pela manhã, mas eu entendo sua tristeza. Só quero que quando se sentir assim se abra comigo, poxa vida, somos casados. Nós juramos estar um do lado do outro em todos os momentos. Você não faz ideia de como eu fico quando te vejo desse jeito.

Eu o abracei mais forte ainda.

Eu - Eu te amo demais.

Ricardo - Eu também te amo. Você é a minha vida, Luca.

Eu - Você não existe mesmo. Está cozinhado pra min mesmo depois do que eu fiz. Isso é amor demais.

Ricardo - É muito amor, meu marrento.

Trocamos algumas carícias até sermos interrompidos pelo Pedro e o Paulo.

Pedro - Quer dizer então que você andou tendo uns ataques?!

Como sempre o Pedro chegou causando no ambiente.

Eu - Até parece que você não me conhece?! E o Ricardo foi logo abrindo a boca pra você.

Pedro - Ele foi lá pra casa pela manhã. Era isso ou ele te sentava a mão pra deixar de ser mimado.

Ricardo - Nunca que eu bateria no meu amor, só na cama. Ele fica doidinho com uns tapas.

Eu - Ricardo!!!

Fiquei vermelho de vergonha pelo Paulo escutar essas coisas.

Pedro - Eu sei bem que ele gosta.

Nesta hora quase arranquei os azulejos da cozinha para cavar um buraco. O Paulo me olhava e só dava risada.

Eu - Não me diga que você contou para o Paulo de como nós nos conhecemos, Pedro?

Pedro - Claro que contei, não escondo nada dele.

Paulo - Não se preocupe, Luca. Para mim o passado não importa, eu sei que hoje só existe amizade entre vocês.

Eu - Mesmo assim ele não devia ter contado com tantos detalhes. Estou me sentindo um vadio.

Todos cairam na gargalhada.

Pedro - É mesmo! Você já dormiu com todos aqui, menos com o Paulo.

Paulo - Oh Ricardo! Aquele proposta de sexo entre casais ainda está de pé?

O Pedro parou de rir no mesmo instante.

Pedro - Não esqueça que posso te dar uma injeção letal enquanto dorme, amor.

Paulo - Já parei!

Pedro - Assim que eu gosto, bem obediente.

Depois de tantas palhaçadas fomos comer. O almoço estava delicioso. O Ricardo nos surpreendeu, pois era rara às vezes que ele chegava perto do fogão.

Passamos um domingo agradável na companhia dos nós nossos amigos. Toda aquela angústia havia ido embora.

Na segunda pela manhã fiz um café caprichado para o Ricardo e corri para o escritório. Com o Gustavo aqui a empresa estava crescendo e com isso o meu serviço também.
Na hora do almoço recebi uma ligação do Ricardo, ele estava choroso na linha.

Eu - O que aconteceu? Por que você está chorando?

Ricardo - Amor! Saiu a decisão da adoção.

Meu coração começou a bater rápido.

Eu - Qual foi a decisão?

Ricardo - Ele agora é nosso filho, amor. Nosso primeiro filho

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Que notícia maravilhosa!!!

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De Chefe a Amor da Minha Vida (2 Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora