Capítulo 10

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Eu senti como se estivesse em um sonho, um sonho não, um pesadelo. Era tudo muito surreal. Já tive um caso de câncer em minha família e sei bem como é sofrido esta doença. Apesar de ter acontecido com um parente não muito próximo, a situação chocou todos da família. Agora aquilo se repetia na minha vida, mas com a diferença que atingia alguém que era mais do que próximo, era o meu amor. Fui acordado dos meus pensamentos quando senti a mão do Ricardo apertar a minha. Olhei para seu rosto e vi um homem assustado, completamente diferente daquele homem forte que enfrentava qualquer obstáculo.

Dr. – Sinto muito trazer esta notícia. Precisamos conversar sobre o tratamento o mais rápido possível, pois a doença ainda está em um estágio inicial e a chance de cura é maior.

Virei para o Pedro que estava atrás de nós com intuito de tentar entender a situação.

Eu – Diga que é mentira isso, Pedro.

Pedro – Eu queria, mas não posso.

Eu – Por favor, diz que é uma brincadeira sua.

Pedro – Meu amigo, como eu queria que fosse uma brincadeira.

Todos na sala estavam emocionados. Ricardo estava imóvel na cadeira. Me verei para ele e segurei seu rosto junto.

Eu – Meu amor, nós vamos sair dessa juntos.

Ele nada dizia, seu olhar estava perdido.

Ricardo – Me abraça.

Tomei-o em meus braços onde nós nos entregamos a tristeza. Na sala só se ouvia nosso lamento. Ficamos algum tempo dentro da sala somente Ricardo e eu. Depois de nos acalmarmos, pudemos conversar.

Ricardo – Estou com medo, Luca.

Eu – Não precisa ter medo. Tudo isso vai passar logo, você vai ser curado e vamos continuar a viver nossas vidas. Estou do seu lado, vamos enfrentar essa doença juntos.

Ricardo – Se eu morrer?

Eu – Não fala besteira, Ricardo. Você não vai morrer. Não se esqueça que você prometeu nunca me deixar.

Um sorriso bem tímido surgiu em seu rosto.

Eu – Ei! Eu te amo tanto.

Ricardo – Eu também te amo.

Nós abraçamos na busca de conforto um nos braços do outro. Em seguida o Dr. Daniel e o Pedro retornaram a sala. Pedro chega perto do Ricardo e o abraça.

Pedro – Vai dar tudo certo. Confia em mim?

Ricardo – Confio.

Pedro – Quero mais ânimo nesse rosto, isso será essencial para o seu tratamento. Vou acompanhar seu caso de perto, como médico e como principalmente como amigo.

Sentamos novamente e o doutor nos explicou como seria o tratamento. Após mais alguns exames, Ricardo iria começar a quimioterapia. Caso o tratamento não resolvesse, seria necessário fazer um transplante. Essa possibilidade para mim era impensável, tinha confiança que não seria necessário apelar para isso. Depois de uma manhã desastrosa, voltamos para casa em silêncio. Ao chegarmos ele foi direto para cama.

Ricardo – Vou me deitar um pouco, parece que fui atropelado por caminhão.

Eu – Vai meu amor, descanse bastante.

Acomodei-o na cama e fui para sala. Peguei o porta-retrato onde tinha nossa foto de casamento. Ali, novamente a tristeza tomou conta de mim, chorei em silêncio para não incomodá-lo. Em meio ao choro acabei adormecendo, acordei com o Ricardo me levando para o quarto. Ele me abraçou por trás e assim dormimos juntos
Quando acordamos já era final de tarde. Fazia uma tarde linda aquele dia, mas para nós era um dia triste. A tristeza não nos permitia admirar a beleza daquela tarde. Entre nós reinava o silêncio. Ele sentou no gramado do quintal junto com o Donatello que estava deitado em suas pernas. Resolvi deixá-lo sozinho um pouco, ter um momento só dele para digerir tudo. Eu estaria ali pronto para a hora que ele precisasse de mim para confortá-lo. Aproveitei para pensar como faria daqui para frente. O Ricardo iria ficar internado durante um tempo, pois o tratamento era agressivo e no hospital ele teria melhor assistência do que em casa. Resolvi que iria pedir demissão do meu trabalho, o Ricardo iria precisar de mim em tempo integral. Tomei essa decisão graças a uma poupança que nós havíamos feito desde que nos casamos, daria para nos sustentar durante um tempo.

No jantar eu resolvi quebrar aquele silêncio.

Eu – Estava pensando e decidi que vou pedir demissão da empresa.

Ricardo – Por quê?

Eu – Por quê? Não vou conseguir trabalhar enquanto você estiver internado, quero ficar lá cuidando de você.

Ricardo – Não quero que pare sua vida por minha causa.

Eu – Você escutou a tremenda besteira que acabou de dizer?

Os ânimos estavam exaltados com aquela conversa.

Ricardo – Quem está doente aqui sou eu, não você.

Aquelas palavras me machucaram, mas procurei não levar em consideração.

Eu – Vou fingir que não ouvi isso.

Continuamos o jantar sem trocar mais nenhuma palavra. Depois, cada um foi para um canto, eu para o quarto e ele para sala jogar vídeo game. Aquela noite o Pedro me ligou e nós ficamos conversando durante um bom tempo. Ele como sempre sendo meu suporte quando preciso. Nos despedimos e eu me acomodei para dormir. Já tinha pagado no sono, quando sou acordado com o Ricardo me cutucando.

Ricardo – Tá acordado?

Eu – Agora estou. O que você quer?

Eu como sempre sou um poço de delicadeza.

Ricardo – Me perdoa por ter sido grosso com você?

Eu virei para ele e encarei aqueles lindos olhos verdes.

Eu – Não precisa pedir desculpa, meu amor. Só quero que entenda que se você está doente, eu também estou, somos um só.

Ricardo – Estou com medo de morrer e não te ver mais.

Eu – Não fala bobagem. Como todas as dificuldades que passamos, vamos enfrentar essa juntos e vamos superá-la. Eu te amo.

Ricardo – Também te amo, você é minha vida.

Aquela noite ele dormiu em meu peito. Ricardo estava muito fragilizado e eu teria que ser fortes por nós dois.
O tempo passou e logo chegou o tão temido dia, o dia da internação do Ricardo. Estávamos ansiosos e com muito medo, eu procurava passar força e segurança para ele. Ali começava a maior das tribulações que já havíamos passado. Entramos de mãos dadas naquele hospital sem a certeza de nada, mas esperançosos de que tudo se resolveria.

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Uma fase difícil está pra se iniciar na vida do Luca e Ricardo, será que eles vão conseguir superar?

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De Chefe a Amor da Minha Vida (2 Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora