Capítulo XXX

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A festa estava a tido vapor, muitas pessoas não sabiam o que estava acontecendo direito, outras estavam se divertindo e poucas estavam com uma cara de ódio pra mim e eu estava bem nervosa, nunca precisei falar pra tanta gente assim. Já era quase meia noite quando o DJ anunciou Mauricio, ele se dirigiu até o palco e começou a explicar o que estava acontecendo, muitos ficaram espantados com a atitude de Toni, outros não demonstraram surpresa nenhuma só ficaram calados
 
 
— Como a grande maioria sabe, Toni nomeou Jane para sucedê-lo enquanto o seu falecido filho Matheus não completasse a maior idade, e mesmo se o mesmo não tivesse a nomeado ela teria esse direito pois a filha dela é a única herdeira do Vidigal. Então chamo ao palco agora a mais nova dona do Vidigal, Jane Silva – algumas pessoas aplaudiram a minha subida — Hoje eu entrego o cordão a você, nunca perca a essência garota, muitos acham que liderar um morro é apenas cuidar das drogas, armamentos e tretas, mas não, a comunidade sempre tem que estar em primeiro lugar – disse colocando uma corrente de ouro fina como aquelas do exército com meu nome e o nome do morro gravados, agradeci e peguei o microfone
 
 
— Boa noite, muitos aqui não chegaram a me conhecer, eu fui Vendida para o Toni a uns dois anos mais ou menos, ele conseguiu me fazer a mulher mais realizada e na mesma velocidade a mulher mais amarga. Eu sou da comunidade assim como vocês, vim de baixo e sei o que mudar pra ajudar não vou prometer mundos e fundos mas vou fazer o possível para deixar a comunidade um lugar calmo e bom para se viver. Obrigado a todos pela presença – entreguei o microfone ao DJ novamente e desci do palco sendo aplaudida o que me deixou ainda mais confiante
 
 
— Parabéns Jane, será uma ótima líder aqui – Mauricio disse me abraçando — Tenho um presente pra você, espero que nunca precise usar mas é tradição – falou entregando uma maleta dourada com uma Glock G45 dourada também muito linda eu apenas agradeci e retribui o abraço, fui até onde eu estava antes e vi Beta, Roberto, Vini e Mauro segurando cada um uma caixa
 
 
 
— Você cresceu e deu um grande passo — disse Mauro entregando sua caixa, nela tinha um anel e um colar — Ia te dar nos seus 15 anos, mas não conseguimos então esperei uma ocasião melhor, achei que seria no seu casamento com o imbecil do meu filho, mas ele é muito burro – disse dando um tapa na nuca de Roberto
 
 
— Sempre foi uma grande mulher, mesmo com os imprevistos da vida nunca se deixou abater e hoje é uma grande mãe – Vini disse entregando a caixa dele que tinha uma pulseira com alguns pingentes representando as meninas e uma borboleta — Você faz seu próprio recomeço – disse me dando um abraço
 
 
— Sempre juntas, foi o que prometemos no porquinho do jardim de infância, tínhamos apenas quatro anos e conseguimos cumprir essa promessa. Hoje você se tornou a mulher e a mãe que sempre sonhou, conquistou tudo que sempre almejou e sei que não queria continuar nessa vida, mas aceitou por saber que vai conseguir ajudar as pessoas e proteger a família – beta disse entregando sua caixa que tinha um quadro em resina com várias fotos nossas desde pequenas até agora com as crianças e nossas pulseiras da amizade também em resina — Dizem que em resina nunca estraga – falou tentando descontrair e disfarça seu choro, eu a abracei dizendo que a amava muito
 
 
— Eles foram tão fofos e melosos que nem sei o que falar, mas vamos lá, eu errei, e como errei, mas eu aprendi e mudei muito pra poder te ter perto novamente, confiança e uma coisa que conquistamos com o tempo e isso eu sei que entre eu e você cai demorar muito, como você diz, vidros quebrados não voltam a ser os mesmos, e eu não quero ser o mesmo — Roberto falou me entregando sua caixa, nela tinha um cordão com um pingente porta fotos com uma foto onde estávamos todos nos escrito família — Eu sou um imbecil como meu pai falou e um ingrato também, mas sou inseguro e impulsivo o que me faz errar muito, esse presente foi muito difícil de decidir por que você é simples, meiga e não gosta de coisas de mais, mas ama a família e somos isso mesmo não estando juntos como um casal, somos a sua família e agora vai poder nos levar sempre com você. E sei que é tarde pra dizer mas ainda te amo e vou provar que mudei — disse me dando um abraço e um beijo na testa eu estava chorando por conta das homenagens então não consegui dizer muito além do obrigado.
A noite seguiu e parecia que a cada hora chegava mais gente até que ao fundo vejo uma pessoa familiar até de mais, porém antes que eu pudesse dizer a alguém sinto um puxão e olho para ver quem era, fico menos apavorada quando vejo que é Roberto, ele me puxa até o carro onde já estavam todos e sem dizer muita coisa saímos do Vidigal
 
 
— O que está acontecendo? – perguntei quando o pânico já havia passado um pouco
 
 
— Raquel estava lá e não estava sozinha – Roberto falou e quando viramos a rua para entrar no morro escuto um tiro na lataria do carro, Roberto na hora me abaixa e pede pra beta que estava no banco da frente se abaixar também
 
 
— Quem estava com ela Roberto?  Por que estão atirando no nosso carro – perguntei em pânico de novo
 
 
— Deodoro Jane, o Deodoro estava com ela! – meu pânico então só aumentou, atiraram novamente e dessa vez estourou o vidro traseiro — Está acabando, só mais alguns metros – disse Roberto pegando o rádio — Estão atirando no nosso carro, vamos passar e depois podem atirar no carro de trás – deu a ordem e assim foi feito, passamos e em fração de segundos depois ouvimos os tiros, mas não paramos subimos até a casa de Mauro e ficamos lá esperando ele e Nayto chegarem, o medo só aumentava por que já faziam trinta minutos e nada ainda deles.
Uma hora se passou e finalmente eles entram pela porta com uma cara nada boa e com sangue nas roupas
 
 
— Eles atiraram aleatoriamente na quadra e foram embora, eles só queriam assustar a Jane e com isso mataram doze pessoas e deixaram trinta feridas. Eu vou matar ele – Mauro falou  com ódio e subiu pra tomar banho junto com Nayto
 
 
— Isso tem que acabar, ela me quer morta ok, vamos ver quem vai morrer primeiro – disse nervosa e fomos pra casa de beta pra dormir um pouco já que as meninas estão na tia Maria eu fico menos preocupada. Tomei um banho e me deitei e fiquei pensando no que eu iria fazer pra resolver logo esse problema chamado Raquel!

Vendida Para o Dono Do Morro - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora