SMA - Síndrome da mão alheia [Jikook]

Capítulo 14

Abro os olhos e os fecho instantâneamente quando a luz clara bate em meus olhos sensíveis, me sento e os abro calmamente me adaptando aos poucos com a luz, eu dormi na sala, o que não foi muito confortável, meu sofá é ótimo, mas ainda assim um pouco desconfortável para dormir nele.

Me espreguiço e levanto, indo em direção ao banheiro para escovar os dentes.

Ontem depois que Jimin foi embora eu fui na casa da Nayeon e da Tzuyu para matar a saudade, voltei de noite e fui olhar filme, no fim acabei dormindo no sofá.

Termino de escovar os dentes e tomo um banho morno e longo, fecho o registro e me seco. Já no meu quarto me visto rapidamente e pego meu celular para ver se tem mensagens, e, por incrível que pareça, encontro duas mensagens de Taehyung, é, ele não estava me ignorando, eu sabia.

Ligo para ele, mas ele não atende, aish, fazer o que.

Me levanto e vou para a cozinha fazer alguma coisa para comer, começo a cortar alguns legumes e me assusto quando Vivenciana põe uma faca muito próxima do meu pescoço. Fudeu.

Faço menção em mexer minha mão direita e Vivenciana encosta a faca em meu pescoço. Fico parado quietinho e em um movimento rápido seguro Vivenciana com minha mão direita, tento puxar a faca para longe do meu pescoço mas não consigo, Vivenciana é forte, claro, ela faz parte de mim, não tinha como não ser forte. Reviro os olhos para meu próprio pensamento.

Entro em uma guerra com a minha mão, ela tentando cortar meu pescoço e eu tentando não deixar ela me matar. Tento afastar meu pescoço mas não dá certo, Vivenciana me pega de surpresa e empurra a faca em minha direção, fazendo um pequeno corte.

Quando começo a perder a força do braço direto fico desesperado, grito por ajuda, mas tenho certeza de que ninguém poderá me ajudar, está muito cedo e todos meus vizinhos estão, muito provavelmente, dormindo. É isso, eu vou morrer.

Dou pequenos passos para trás enquanto tento puxar Vivenciana para longe, tropeço no pé da cadeira e caio sentado, fazendo com que a faca caia de Vivenciana, meio segundo depois ela a pega de novo e tenta furar meu pescoço, mas ponho minha mão direita na frente e seguro a faca, acabo fazendo um corte, na hora não sinto dor, mas alguns segundos depois quando o corte começa a ficar mais fundo a dor fica insuportável.

— Aish! MERDA! — Grito com dor e com raiva.

A dor fica cada vez mais forte e o sangue jorra em cima de mim, fico sem alternativas, ou eu deixo todo meus sangue fluir pelo corte em minha mão ou eu solto a faca e deixo Vivenciana me matar, ambas as opções só me ferram, eu não gostaria de morrer hoje, não.

— Meu Deus, Jungkook, o que aconteceu com você? — Olho para a porta de minha casa e vejo Jimin parado com a mão na boca, espero que ele não tenha aversão a sangue.

— Me ajuda, por favor.

Ele assente e corre para o meu lado de olhos arregalados e boquiaberto, com as duas mãos ele tira a faca de Vivenciana e a joga na pia, por incrível que pareça, Vivenciana se aquieta.

— Nós temos que te levar para um hospital, o corte foi muito profundo e você está perdendo muito sangue.

— No banheiro tem um kit de primeiros socorros, lá tem algumas faixas, dá para o gasto antes de ir ao hospital.

— Tudo bem, eu já volto, faça pressão com a mão para tentar estancar.

Jimin vai correndo ao banheiro e segundos depois ele volta com o kit e uma toalha. Ele põe a toalha em volta de minha mão causando uma bela dor e segundos depois ela já está quase encharcada.

— Ai, doeu.

— Desculpa, não vai dar tempo de fazer um curativo, vamos para o hospital agora mesmo.

— Tudo bem.

Me levanto e acabo caindo sentado no chão depois de deslizar em uma pequena poça de sangue. Jimin não se aguenta e acaba rindo, mas logo em seguida fica sério e me ajuda a levantar.

Jimin pega as chaves do meu carro e saímos às pressas, indo direto para o hospital, quando chego lá sou atendido na hora, uma enfermeira me dá uma anestesia local e alguns pontos. Como perdi muito sangue tive que receber uma pequena doação, por sorte meu tipo sanguíneo é bem normal, portanto, facilmente doado, então o hospital tem de sobra.

Horas depois volto para casa com Jimin, que ficou o tempo todo do meu lado, e com a mão enfaixada, completamente impossibilitado de fazer qualquer coisa, Vivenciana tem vida própria e minha mão direita tá toda fodida, como eu vou comer? A resposta é: Não vou comer, vou morrer de fome.

Acho que a vida tá querendo me pregar uma peça, só pode, porque puta que pariu hein, o ser mais azarado que existe na Coréia sou eu, ninguém merece. Como eu queria que isso fosse apenas mais um sonho ruim, que amanhã eu vou acordar e nada disso vai ter sido real. Aish.
Já tô até sonhando acordado, essa é a minha realidade agora e não posso fugir disso, e mesmo que eu pudesse eu não faria, eu tenho alguém que precisa de mim, jamais deixaria HooJey sozinha por capricho meu.

Assim que entro dentro de casa me atiro no sofá. Jimin vem atrás de mim e se atira do meu lado.

— Como isso aconteceu, Kook?

— Em um momento eu estava preparando o café e em outro Vivenciana estava com a faca no meu pescoço. Você ouviu meus gritos?

— Na verdade não, eu acordei bem cedo, por um enorme milagre, e fiz um brownie de café da manhã. Ai lembrei que você ama meu brownie e vim aqui te convidar para comer comigo, mas quando cheguei aqui você tava todo ensanguentado e com uma faca na mão. Falando em sangue... Você ainda tá cheio de sangue na roupa, não vai tomar um banho?

— Vou, mas não sei como.

— Você quer ajuda? — Jimin pergunta e cora, adorável... Pera... Eu pensei mesmo isso? Adorável? Sério isso Jeon Jungkook?

Reviro meus olhos para mim mesmo e acabo esquecendo de responder Jimin.

— Então...?

— Oh, desculpe, eu estava meio pensativo, o que você disse mesmo?

— Eu perguntei se você quer ajuda... Para tomar banho...

— Ah. Eu... Acho que sim. — Por mais que seja difícil de admitir, eu preciso da ajuda dele, se não, não vou tomar banho por um bom tempo.

— Vem, vamos então.

Levanto do sofá e vou com Jimin para o segundo andar, ele me deixa no quarto e entra no banheiro.

— Você gosta da água quente ou morna? — Ele pergunta do banheiro em um tom elevado.

– Pode ser quente. – Respondo no mesmo tom.

Ele volta para o quarto e me ajuda a tirar a camisa, isso não poderia ser mais vergonhoso, precisar da ajuda do Park até para tirar a camisa.

É o meu fim.