Meus pensamentos são interrompidos quando a campainha da minha casa toca, provavelmente é a Kim.
Me levanto e vou até a porta, eu não consigo nem abrir a porta, olha só que delícia. Reviro os olhos.
— Pode entrar, Kim.
Ela abre a porta e me dá oi, a cumprimento e mostro para ela onde ela tem que limpar.
— Mas o que aconteceu aqui? Você tentou matar alguém por acaso?
— Não, tive um pequeno acidente. — Mostro a mão enfaixada para ela.
— Ah, sim, pelo menos você tem uma mão boa.
— Na verdade não.
Ela me olha com o semblante interrogativo, mais uma vez vou ter que explicar o que eu tenho. Suspiro e conto a ela o porquê de não ter nenhuma mão boa, ela demora a acreditar, mas quando vê meu semblante sério ela muda de ideia.
— Como você vai viver agora? Comer? Tomar banho?
— Vou dar um jeito, falando nisso... Você pode cozinhar para mim? E vir todos os dias? Eu pago por todos os dias que você vir com 10% a mais.
— Claro... — Ela pensa um pouco. — Hã... Você vai querer ajuda para tomar banho também?
— Não, eu vou contratar alguém para me ajudar com isso, eu só quero que você cozinhe e limpe, só isso.
— Ah, ótimo. – Ela suspira aliviada. — Eu vou limpar isso aqui antes de fazer algo para comer. O que você quer comer?
— Hoje você não precisa cozinhar, pode encomendar alguma coisa, o que você quiser.
— Okay.
Kim é uma ex colega de escola minha, ela era uma menina tímida, não falava com ninguém, eu demorei para conseguir "conquistar" ela, mas quando finalmente consegui descobri que ela não era nada tímida, a garota consegue aprontar mais que eu, é só tirar a camada da primeira impressão. Nos tornamos bons amigos, mas o destino nos separou, eu fui para a faculdade e ela foi viajar, acabou que ela não conseguiu mais chances de fazer faculdade, seus pais morreram e não deixaram nada para ela, ela é sozinha no mundo, trabalha nos fins de semana em um café e de diarista para mim e para várias outras pessoas. Nesse meio tempo que ficamos sem nos ver acabamos nos afastando, não que não sejamos mais amigos, mas não é mais a mesma coisa.
Ela pega os produtos de limpeza e começa a limpar tudo, quando termina de limpar a cozinha ela pega o celular e liga para alguém, provavelmente algum restaurante, ela tem bom gosto, então nem pergunto o que ela encomendou.
Fico igual a um vegetal na sala, sem saber o que fazer, minha vida já era um saco só com uma mão fudida, agora então... Agora eu só me fudi mais ainda, o que dá para fazer sem as mãos? Acho que nada.
Fico olhando para o teto e pensando em como minha vida mudou, a alguns meses atrás eu era só um cara normal curtindo cada dia como se fosse o último, ia para festas quase todos os fins de semana, participava de orgias, saia com meus amigos, fazia coisas novas e loucas sempre que podia, nunca parava. Aí Vivenciana apareceu e só fudeu a minha vida, parei de ir a festas, e quando tentei ir apanhei de mim mesmo, orgias então... Nunca mais. Quase morri duas vezes por conta da minha própria mão, meus amigos agora sentem pena de mim, como eu odeio isso, odeio que sintam pena de mim, mas tudo bem, é uma situação difícil, eu no lugar deles provavelmente também sentiria pena. Algumas coisas boas aconteceram, Tae reapareceu depois de tanto tempo, apesar de que ainda preciso que ele me perdoe pela merda que eu fiz, HooJey apareceu na minha vida, aquela pequena roubou meu coração como ninguém nunca conseguiu antes. E tem o Jimin... Bom, eu não gostava dele, mas apesar dos pesares, ele é uma boa pessoa, me ajudou quando eu não tinha ninguém, acho que dificilmente uma pessoa na posição dele me ajudaria, ele é só meu vizinho, não tem obrigação de nada, mas mesmo assim me ajudou, e conquistou HooJey também, o que significa que é uma boa pessoa, eu tenho que me desculpar com ele pelo que fiz mais cedo, e, acho que tentar ser amigo dele de verdade, estar do lado dele de verdade, assim como ele está do meu...
— Jungkook, a comida chegou e a cozinha já está toda limpa. — Kim me tira de meus devaneios.
— Okay, quero só ver como vou comer.
— Pode deixar que eu te ajudo, seu banana. — E solta uma risadinha. Parece que a velha Kim voltou.
— Banana é você, ruivinha.
Trocamos olhares e caímos na gargalhada, a amizade dela fez falta.
— Vem, cabeção, vamos comer.
Vamos para a cozinha e Kim serve para nós dois, ela se senta do meu lado e começa a comer.
— E eu?
— Você espera eu comer. — Ela provoca enchendo a boca de comida.
— Que maldade.
— Aish, não me olhe assim, parece um cãozinho que caiu da mudança. — Ela larga seus hashis e pega os meus — Ela comprou comida japonesa. — Abra a boquinha bebezão.
Abro a boca e ela começa a me alimentar, que cena ridícula, ainda bem que aqui não tem câmeras para gravar isso.
— Olha o aviãozinho, zuuuum.
— Eu não sou criança, Kim.
— Cala a boca e come.
— Olha mas que atrevida.
Ela ignora meu comentário e continua me dando comida até não sobrar mais nada no prato, quando termina ela começa a comer sua comida, fico sentado esperando ela terminar de comer, quando dou por mim meu prato está no chão espatifado, pedaços de vidro para todo lado. Tava demorando para Vivenciana aprontar alguma coisa.
— Aigo, mas que inferno mesmo. — Kim me olha de olhos arregalados, não contei para ela a parte de que Vivenciana tentou me matar.
— Eu vou limpar isso.
— Termina de comer primeiro, não tem pressa, é só um pouco de sujeira.
— Tudo bem.
Ela termina de comer calmamente, quando limpa o prato tira o resto da mesa e junta os cacos de vidro, tomando extremo cuidado para não se cortar.
Eu me sinto um inútil ficando aqui parado, mas na minha condição não posso ajudar ela, tomara que minha mão melhore logo, odeio me sentir um imprestável.Vivenciana começa a se remexer loucamente, vou para o quarto e a faço pegar a sua bolinha, ela começa a apertar com força, mas logo se acalma.
Desço atrás de Kim, ela já lavou a louça e está pegando produtos de limpeza.
— O que você vai fazer?
— Limpar o resto da casa.
— Deixa isso para amanhã, o dia está bonito, vá aproveitar, não quero que fique aqui presa comigo.
— Mas...
— Nada de "mas", pegue minha carteira no armário por favor. — Ela pega e estende para mim, mas não posso pegar. — Pegue seu dinheiro aí.
— Okay.
Ela pega o dinheiro que sempre pago a ela e eu mando ela pegar mais, espero que ela aproveite o dia.
Ela vai embora, e eu fico sozinho mais uma vez.
Pelo menos é o que eu achava, até a campainha ser tocada...
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SMA - Síndrome da mão alheia [Jikook]
FanficJiKook +18 SMA: Síndrome da mão alheia. Onde a pessoa perde o controle do seu braço e o mesmo ganha vida própria. JungKook, um azarado com uma doença rara e um vizinho "chato"(?) Jimin, um garoto com muitos segredos. Dois homens fodidos pela vida, c...