Presos

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Lucy não estava com muita vontade de mergulhar, mas não tinha jeito. O aquário estava cheio de pequenas sanguessugas em seu vidro e, mesmo que não pudessem a tocar diretamente, não se sentia confortável.

Do lado de fora tinha três trajes de mergulho milimetricamente feitos para eles. Usaram os trocadores que tinham e, já vestidos, se sentaram na beirada do aquário.

— Algo que diz que quando entrarmos tudo vai ficar mais estranho que a Luxy...

— Ora, seu...

— Quem pegar o cajado primeiro escolhe o que vamos comprar para o jantar — Laxus nem esperou resposta e mergulhou.

— Peixe assado, me espere — Happy também mergulhou, super animado.

— ... Então tá... — deu de ombros, seguindo os dois.

O que Lucy mais temia, aconteceu. As sanguessugas pareciam atentas a cada movimento e, assim que desceram um pouco, elas grudaram em seus corpos e começaram a tentar subir para a superfície.

Graças aos trajes, elas não encostavam diretamente neles, mas ter um monte na sua máscara de oxigênio, tampando sua visão, não era muito divertido.

Happy foi o primeiro a ceder, sendo empurrado para a superfície rapidamente. Tentou novamente outras vezes, mas só conseguiu voltar para onde os dois loiros estavam depois que ativou a sua Aérea.

Lucy e Laxus não tiveram muitos problemas para continuar a descer, mesmo que não conseguissem ver para onde estavam indo. Em determinado momento, todas as sanguessugas fugiram com medo de algo e, assim que olharam para baixo, viram que a última parte do cajado estava um pouco acima de um tipo de ventilador gigante.

A força com que ele girava fazia com fosse criada uma corrente, que os empurrava para cima. Isso explicava o porquê das sanguessugas não descerem além do meio do aquário.

Laxus viu que não conseguiria chegar até lá, pelo menos não sozinho. Foi ai que teve uma ideia. Pegou a mão de Lucy, que logo entendeu sua intenção, e segurou na pata de Happy.

Dessa forma, os três seguiram em frente, impedindo que qualquer um deles fosse empurrado para cima. Usando sua magia, Happy começou a bater suas asas, dando o impulso necessário para que pudesse alcançar a última peça.

Comemoraram o fato, esquecendo momentaneamente o ventilador. Automaticamente, assim que se soltaram, foram empurrados até o topo do aquário tão rápido que mal tiveram tempo de se assustar.

Subiram para a superfície, desceram e trocaram de roupa. Lucy não perdeu tempo e já entregou a parte para Virgo, assim não corriam nenhum risco.

— Como vamos sair daqui agora? — Lucy olhava para os lados.

— Não vamos — Laxus respondeu.

— Como assim?

— Olha — apontou para uma tela, no lado do aquário.

Lucy olhou para o lado e viu uma mensagem, mas não uma mensagem qualquer e sim uma de Tamandra.

Crianças, me desculpem por não ter contado isso antes... Foi exatamente onde vocês estão que as partes do cajado foram criadas, e isso é um problema.

Tenho certeza absoluta que vocês já devem ter se perguntado o porquê do cajado ter sido quebrado... A resposta é simples: dinheiro.

Muitas pessoas tentaram fugir com ele, então meu superior o quebrou, assim só conseguiria sair quem tivesse o cajado completo. Depois disso ele o espalhou por Fiore...

O que quero dizer é que o sistema de segurança não vai deixar vocês saírem sem o cajado completo, mas não se preocupem. Tem um alçapão debaixo do tapete, atrás do aquário, lá tem tudo o que vocês precisam.

Tenham paciência, logo levo a última parte para vocês.

Ass. Tamandra.

— Presos entre duas fábricas abandonadas... Que estranho — Lucy não acreditava no azar que tinham.

— Estava fácil demais... Só nos resta ficar aqui, torcendo para que consigam recuperar a parte roubada — Laxus foi até o tal tapete e o levantou, revelando o alçapão.

Entraram e olharam ao redor. Era um apartamento subterrâneo. Tinha a sala e a cozinha, juntos, e quatro portas que Lucy descobriu serem três quartos e um banheiro.

Não prestaram muita atenção ao redor. Fizeram revezamento para tomar banho e, pela primeira vez, cada um entrou em um quarto diferente e dormiram.

—— // ——

— Então o plano é entrar, ameaçar e pegar a parte — Charles repassou o plano.

— Isso, vamos logo — a ruiva saiu andando.

A caverna ficava na base da montanha, exatamente ao leste da ilha onde os dois loiros e Happy estavam, antes de serem mandados para a guilda.

Quem quer que estivesse ali não estava muito preocupado em se esconder. A entrada tinha um caminho de tochas, além de muitas flores e uma placa escrito “Esconderijo Secreto”.

— Tem certeza que eles estão aqui, Charles? — Erza perguntou, olhando para a entrada de uma caverna.

— Sim, a Dona Tamandra disse que era numa caverna e bem... Estamos em uma caverna.

— Ótimo, então não tem o porquê de ficarmos aqui parados. Vamos entrar e acabar logo com essa palhaçada.

— Erza, tem certeza? Podem ter mais gente lá dentro, não podemos correr o risco de entrarmos e sermos feitos de refém — Gray disse, pensando em um jeito de entrar sem serem percebidos.

— A gente luta, não é uma missão oficial. Podemos quebrar as coisas sem problemas.

— Ok, vocês duas me convenceram — levantou os braços em sinal de rendição.

Entraram cuidadosamente. No começo era uma caverna normal e iluminada, com várias poças de água no meio do caminho. No final tinha uma porta de madeira branca.

Erza colocou uma mão na maçaneta, enquanto segurava uma espada na outra, então abriu a porta revelando um quarto com guarda-roupa, escrivaninha, uma cama e alguém dormindo nela. O mais interessante era o que estava no chão, ao lado da cama: a parte do cajado.

Charles ativou sua magia, pegou a parte e saiu do quarto, sendo seguida pelos outros três.

— Não acredito que foi tão fácil... — Erza disse triste, pois queria lutar.

— Alguém tem que dar uma aula de segurança para aquele cara... — Gray ainda estava meio perdido.

— Vamos entregar isso antes que aquele cara acorde e perceba o que aconteceu — Charles os avisou.

— Sim.

— Não tão rápido assim — o homem, antes adormecido, apareceu na entrada da caverna, apertando um botão que fez uma porta de ferro descer. — Acho que precisamos conversar.

—— // ——

Laxus acordou no meio da noite ao ouvir um passarinho cantando, se levantou em alerta, afinal estavam no subterrâneo, não deveria ter nenhuma ave ali.

Foi para a sala e encontrou um passarinho azul, feito de pura magia, com envelope ao seu lado. Assim que viu o loiro, ele voou e entregou a carta, junto de um bilhete. Depois, simplesmente se desfez.

Por favor, abra pela manhã, quando todos estiverem acordados.

Ass. Mordomo Gênyro.

— Mordomo... Gênyro? Enfim, tanto faz — deixou a carta na bancada.

Estava prestes a voltar para o quarto, quanto teve uma ideia e mudou de direção, entrando em outra porta. Sabia que não conseguiria dormir, pelo menos não sozinho. 

A Pena da CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora