Capítulo 12 - Cléo

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    Na aldeia mágica tudo parecia perto e longe ao mesmo tempo as ruas da aldeia levavam pra várias casas de tamanhos surreais, a casa de Oxum que deveria ser a casa aonde eu ficaria, estava próxima a mata, quase do lado de um grande rio, tinha várias meninas se banhando e brincando nas águas do riacho,e parecia que algumas até conversava com alguns peixes, a casa que o Sébastien ia ficar ficava mais isolada no final de um grande campo que deveria ser para o futebol deles, a do menino Dryko haviam me dito que ficava no centro da mata mais ao leste da aldeia e a do Gabriel mais no fundo da mata aonde tinha as pedreiras e a grande cascata, todas as casas representava um orixá grande pelo que haviam me ensinado e pelo que nosso guia Exu nos  havia dito, estávamos indo a uma casa diferente de todas as outras e nessa casa só morava uma única pessoa, o mestre do Exu.
     
     " Tenham respeito ao entrar na casa de Ifá, e mais respeito ainda ao falar com o mestre Orunmilá, ele tem uma aparência velha e branda mas pode destruir sua vida com algumas palavras" -  E foram essas belas palavras que nos encorajava a entrar concerteza havia sido um discurso bem motivador.

   A casa de Ifá era magnífica, havia 2 bacias de água num tacho de bronze  na entrada, a casa toda era feita mármore branco e cheia de desenhos e marcas em dourado, Prata e cobre, tinha muitos mas muitos búzios  ( aquelas conchinha redondinha sabem ?) Espalhados pelas paredes e também umas sementes que eu claramente não fazia ideia do que era mas me pareciam muito familiar, na entrada também tinha uma grande estatua de um negro que parecia muito com Exu mas com algumas pequenas diferenças aqui e ali, era como se fosse uma estátua de um  guarda em tamanho real.
    O mestre Orunmilá não parecia diferente ou super poderoso como eu havia imaginado, era um velhinho negro de barbinha branca no queixo, uma touquinha branca na cabeça careca, uma roupa toda branca e colares com as conchinhas que enfeitava as paredes do lado de fora, e o outro colar era feitos das sementes que também estavam do lado de fora, mas os mais incrível era que por mais velho que Orunmilá parecesse, a energia com que ele andava não parecia de um senhor, ele parecia ter 5 anos, com toda certeza ele deveria ter uma  alma de criança.

" Então vocês são as primeiras crianças a chegarem, sente-se um pouco, faz tanto tempo que não vejo crianças marcadas, vocês são o início de uma nova era ou então o fim definitivo desta era de agora mas não vamos falar sobre isso pelo menos não agora, os 5 primeiros, Humm, será vocês então que trarão o modelador de volta, mas antes da jornada de vocês.... precisamos dos sábios conselhos  dos orixás, o que eles disserem vão guiar vocês nessa empreitada .... preparados?" - Orunmilá era empolgado demais, ele falava rápido e parava para pensar bastante, mas ainda sim o semblante dele dizia que tudo o que ele falava deveria ser levado muito a sério.
    Depois de nos orientar e nos acomodar em volta de uma mesa com uma peneira e vários colares, o velho mestre sentou se também e começou a bater palma com as mãos em conchas, e a recitar um verso :

" Mo nilo iranlọwọ nla rẹ. Esu akesan"
" Mo nilo iranlọwọ nla rẹ. Esu olodu"
" Mo tun nilo ọ, Exu Bará mi "

(Preciso de você grande Exu akesan)
( Preciso de você grande Exu olodu)
(Preciso também de você meu Exu bará)

Assim que ele recitou as palavras, as estátuas que estavam na casa se mecheram e foram em direção a mesa onde estávamos, elas pararam ao nosso redor, a que estava do lado de fora ficou na nossa direita enquanto a outra ficava a nossa  esquerda, e a última estava atrás de Orunmilá criando um triângulo de estátuas sinistras num lugar mais sinistro ainda, como se nada estivesse acontecendo Orunmilá começou uma cantiga, e pegou um pó branco que ele disse que era Efun e o soprou sobre nós, no mesmo instante a casa que era bem iluminada pelo sol, ficou nublada, uma névoa branca e densa circulava pelo ar, deixando um clima de filme de terror a noite, os olhos das estátuas brilharam em dourado e os olhos de Orunmilá também estavam dourados (Sim, não tem como mas é a mais pura verdade)  assim que Orunmilá terminou a cantiga que ele recitava, ele abriu uma cabacinha e de lá tirou 16 conchinhas o qual ele disse alguma coisa e as jogou na mesa, incrivelmente os búzios quando tocaram a peneira faziam um barulho extremamente alto que ecoava em nossos ouvidos, Orunmilá apenas dizia coisas como "humm" e " assim, estou entendendo" na terceira vez que as conchinhas caíram e o barulho ressonou, eu não consegui aguentar. A névoa, as estátuas, os barulhos, os estranhos olhos dourados, tudo mas tudo mesmo começou a girar e eu desmaiei em cima da mesa profética.

As Marcas do Orun : O Sequestro De Ajalá Onde histórias criam vida. Descubra agora