Capítulo 24 - Beatriz

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Ja começava a entardecer quando todos se reuniram na frente do arco em que havíamos chegado a aldeia 6 dias atrás, todos estávamos nervosos mas ao mesmo tempo ansiosos, enfim essa missão começaria, e eu sentia que depois dela nunca mais teríamos vidas normais.

" Escutem, assim que atravessarem esse arco estarão por conta própria e que os orixás os proteja, tome Dryko, você como um caçador entenderá melhor o mapa para acharem a entrada do Reino dos mortos e esse Beatriz é para você, quando necessário abra mas somente você e siga todas as instruções e a ajuda virá ao seu encontro. - Exu me deu um pergaminho vermelho amarrado com pequenas linhas de palha, ele não parecia mágico mas já conhecendo o mestre Exu, eu sabia que as orientações dele não eram em vão.

Nos despedimos do gigante Exu, e o mesmo entoou as palavras em yorubá, assim que o portal se acendeu, eu e o resto do grupo demos um passo adiante e fomos sugados pela luz. O outro lado parecia do mesmo jeito que quando atravessamos a primeira vez, um arco com máscaras africanas no meio de uma clareira e só.

" Bem, o que fazemos agora ? " - O pequeno Dryko perguntou olhando com a cara de quem não sabia nem por onde começar.

" Abra o mapa, ele dirá por onde começarmos." - A voz firme de Sébastien ainda me deixava receosa mas era bom ver que meu melhor amigo estava mudando e a cada dia estava mais maduro e concentrado.

" Okay" - Sébastien apenas respondeu e desenrolou o papel - " É um mapa do Brasil, parece normal e só tem uma marcação brilhando em roxo, deve ser á entrada que procuramos mas onde estamos ? "

A pergunta de Sébastien pegou a todos de surpresa, quando chegamos ao portal, não fazíamos ideia de onde estávamos e agora continuávamos sem saber de nada.

" Esperem" - Eu disse a todos, o sol estava quase terminando de se por, estava escurecendo e se demorassemos muito para decidirmos o que fazer perderiamos uma noite e sem contar que teríamos que acampar nesse meio de nada onde nós nos encontrávamos, eu pensei e percebi que o pergaminho vermelho começava a brilhar, pequenos lampejos de luz laranja emanava do papel, eu num momento de coragem peguei o pergaminho e abri:

" Ao cair da noite, a luz do fogo emana, empoderada de força e justiça, a senhora do fogo brilha, ó poderosa Oroiná, eu lhe invoco para que me ajude meu caminho encontrar e que com suas chamas eu possa meus objetivos conquistar ... Kali - Yê "

" Mo pe o ni iyaafin ti ina, idajọ ati ofin"

(Eu a chamo de uma dama de luz, justiça e lei)

Eu recitei as palavras que para mim não fazia sentido, para começar quem era Oroiná? E porque deveria ser eu a invoca - lá? Sem espaços para as minhas várias perguntas, o pergaminho começou a aquecer e pequenas chamas surgiram na minha mão involuntariamente, quando percebi o pergaminho já estava todo chamuscado, eu tentei apagar mas o fogo só aumentava com meu toque.

" Está quente aqui, não está? " - Gabriel havia perguntado como se não fosse nada, mas ele estava certo para um começo de noite, havia um mormaço tão quente que começamos a suar, o pergaminho agora ardia num fogo vivo que dava a sensação que eu carregava um mini sol nas mãos, prevendo que eu não conseguiria apagar o fogo, Eu joguei o antigo pergaminho no chão mas ao invés da bola de fogo cair no chão, ela flutuou no chão e começou a brilhar alaranjado, todos nós nos olhamos tentando buscar uma resposta para aquela loucura mas obviamente ninguém sabia de nada.

" Isso é seguro ? Deveríamos sair daqui? " - O pequeno Dryko estava temeroso como todos nós, mas algo naquele fogo me atraia, por mais que eu o achasse estranho, eu sentia uma grande vontade de juntar minhas chamas a ele, sem perceber minhas mãos aqueceram e colunas de fogo dispararam em direção ao pergaminho flamejante, as colunas que mandei cercavam o antigo rolo de papel e fazia ele brilhar cada vez mais, em certo ponto eu parei de mandar minhas chamas e o pergaminho brilhou tão intensamente que todos tivemos que fechar os olhos mas a maior surpresa foi quando abrimos os olhos de novo em nossa frente não havia nem pergaminho e nem bola de fogo flutuante, em nossa frente estava uma jovem de cabelos vermelhos intensos e vestido laranja não aparentando ter mais de 24 anos, ela sorria e em sua volta uma áurea laranja a circundava.

" Bem, então vocês conseguiram me invocar , parabéns parecem que vocês não são de todo o mal afinal, mas ainda temos muito o que fazer, prazer eu sou a deusa Oroiná e vocês devem ser os novos salvadores e meus pupilos."

As Marcas do Orun : O Sequestro De Ajalá Onde histórias criam vida. Descubra agora