Capítulo 1 - Cléo

75 2 0
                                    

O sol batia forte na minha janela, iluminando por completo o meu grande quarto na mansão dos celestres, eu levantei ainda meio sonolenta, levantar cedo era difícil para mim mas ainda sim eu precisava, hoje meu maravilhoso colégio iria fazer uma integração no Ibirapuera com outros colégios e infelizmente com outras escolas públicas também, meus pais se mudaram para o Brasil a 13 anos atrás, se instalaram num bairro cheio de mansões da grande São Paulo e me colocaram no melhor colégio privado que eles acharam ser adequado como bons ingleses que eles eram.
Devido minha descendência inglesa, eu possuo uma pela clarinha, olhos azuis bem claros e cabelos tão dourados como se fossem fios de ouro, a única imperfeição que meu belo corpo possui é uma mancha na minha nuca que olhando de perto me lembra um espelho de mão, meus pais não sabem o porque dela existir já que ninguém de nossa família possui a tal mancha.

" Senhora, sua mãe pede para que a senhora desça por que o motorista já está preparado para levá-la a sua excursão."
" Okay Maria, já estou indo, logo logo estarei pronta para descer."

Meus pais tinham vários funcionários mas a Maria era a minha funcionária ou seja o serviço dela era cuidar apenas de mim , ela cuidava de mim desde que eu era um bebê, sempre me aconselhando e me auxiliando mas menores coisas até as grandes tarefas, ela era quase uma segunda mãe que estava comigo até mesmo quando meus pais não estavam, terminei de me arrumar e claro eu estava linda como sempre , meu cabelo dourado em trança preso num broche azul feito de safira que meu pai havia me presenteado dava o tom final numa beleza que já existia naturalmente.
O encontro de escolas P&P era um projeto onde algumas escolas privadas e públicas, se encontravam no grande parque de São Paulo e tentavam uma interação, claro que isso era chato e as vezes nunca funcionava, era difícil acreditar que algumas crianças eram privadas de aulas como canto, dança e latin e nem tinham horário integral mas existiam e eles eram das escolas públicas, além de serem bagunceiros e falantes demais, sem nenhum pingo de classe ou ordem mas eu era uma das melhores alunas do meu colégio então eu tinha que ir. Ao chegarmos no parque aguardamos no ponto de encontro aonde algumas escolas já estava aglomeradas, sem dar muito importância eu comecei observar a paisagem do parque, o grande lago , os monumentos, as suntuosas árvores e os belos jardins, eu por vez vinha muitas vezes ao parque mas ele sempre me impressionava com sua beleza e grandiosidade mas ao olhar um pouco mais longe eu tinha certeza de ter visto um macaco olhando pra mim, o que era muito estranho por que ele estava focado em mim de verdade, eu me afastei de minhas amigas e fui mais perto da árvore onde pensei te-lo visto mas ao chegar lá não tinha nada, deveria ser uma miragem ou alucinação causada pelo excessivo calor que fazia hoje.

" Cléo é você? " - Uma menina da minha idade de cabelos cheios e castanhos com mechas vermelhas na franja me encarava com uma expressão preocupada, com aquela roupa gasta e mochila velha que ela usava, ela só poderia ser de uma das alunas das escolas públicas que haviam chegado.
" Sou eu sim, e você quem é mesmo?" - Eu perguntei a garota roqueira mas foi um garoto ao lado que me respondeu, um belo garoto por sinal.
" Beatriz, eu disse para não fazer isso, que teimosa você é cara, desculpa moça. " - Ele a encarou zangado, com um testa franzida deixando ele com uma cara nervosinha e meio sexy.
" Mas Sébastien eles disseram para encontrar ela e ajudá-la, você sabe que não estou mentindo." - O menino que deveria ser o Sébastien fez uma careta mas concordou com a estranha de cabelos cheios.
" Eles quem garota? E me ajudar no que ? Vocês da pública são loucos é? Vê se me deixem em paz e vão achar o que fazer." - Eu disse isso e me virei, só que o tal do Sébastien segurou minha mão e a menina estranha apontava para a árvore a minha frente, vários e vários olhos nos encaravam de cima dos galhos da árvore e aí eu percebi que não era um simples macaco mas vários e vários que eu nem conseguia contar e pelo jeito que nos olhavam pareciam querer nos destroçar, eu tremi e aguardei o pior.

As Marcas do Orun : O Sequestro De Ajalá Onde histórias criam vida. Descubra agora