Capítulo 38 - Gabriel

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De primeira o que eu vi foi só fumaça, assim que os ventos foram espalhando a fumaça, eu vi vários macacos torrados e a Beatriz comprimentando Sébastien, mais ao fundo várias árvores atacavam alguns bonecos sob o comando do pequeno Dryko e um monstro dourado atacava algumas aves ao lado, ao meio dos dois um senhor recitava alguns cantos enquanto uma fumaça subia, na mesma hora que eu vi a fumaça minha marca queimou e eu cai, olhando para Beatriz ela caiu também (o que estava acontecendo?)

Logo logo a dor foi cessando e eu senti meu poder de uma maneira que eu nunca senti, meu oxê estava grande como um machado medieval mas extremamente leve e maleável, eu me senti imponente e forte, então era assim que meu patrono se sentia, eu via o poder de um rei, de um guerreiro, de um juiz e acima de tudo de um deus africano, eu dei um brado e os egunguns rodaram ao meu comando desfazendo vários e vários bonecos de palha.

A minha ideia era unir o grupo e ir embora com o Babá Ajalá mas as aves em minha volta não deixavam eu prosseguir, elas eram rápidas e no ar eu não conseguia acertar elas, até que uma ave pegou fogo e eu vi Beatriz se aproximar voando com Sébastien.

" Precisa de ajuda vossa majestade hahaha " - Sébastien riu, fazendo uma postura de guarda.

Ele estava diferente, sua pele toda cortada e seus olhos brilhavam em vermelho mas ele estava firme em sua postura derrubando vários macacos assassinos que se amontoavam para pegar ele no ar.

" Parece que é você que precisa de ajuda, você está péssimo " - Eu retruquei acertando uma cegonha que me atacava.

" Parem vocês dois, temos que chegar até Cléo e Dryko, e sairmos logo daqui, mesmo com a nossa ajuda, eles estão em maior número" - Beatriz gritou para nós dois que voltamos para o chão e começamos abrir caminho até a muralha de árvores que Dryko havia construído.

Abrindo caminho no campo, Sébastien me falou das igbalés e seus filhos que vieram ajudar na batalha e que elas sozinha destruíram um terço da batalha, juntos com os filhos de Egunitá, eu falei sobre os egunguns e sobre  Ikú, e naquele momento não existia rivalidade, eu era um tocado de um rei e ele um tocado de um guerreiro imbatível, e lutando juntos éramos mais fortes e foi isso que fizemos.

Os macacos que eram os mais rápidos e também os mais agressivos nós cercaram enquanto Beatriz batalhava no ar contra umas abelhas muito grandes.

" Gabriel invoca grandes pedras ao meu sinal " - Sébastien parou nas minhas costas e colocou a mão no chão enquanto eu bati meu pé e abri várias rachaduras.

" Agoraaa !!! " - Ao sinal dele eu invoquei as pedras que se soltaram, que logo foram grudadas em grandes correntes virando chicotes mortais.

" Sobe em uma Sébastien " - Eu falei para ele, e da mesma maneira que eu obedeci, ele também obedeceu.

Assim que ele subiu em uma das pedra controladas pelas correntes, eu concentrei meu poder, eu tinha que limpar o chão para que pudéssemos atravessar, mas para isso teria que ter um golpe tão forte quanto o grito que  Beatriz dava, eu segurei o oxê e o ergui concentrando todo meu poder, assim que fechei os olhos, eu senti uma explosão, como a lava de um vulcão explodindo pela borda, e quando eu abri, eu gritei mas não foi som que saiu, e sim uma grande labareda de chamas vivas que ia se transformando num grande leão de fogo que corria ao nosso redor, eu via Sébastien admirando, enquanto o leão ia deixando um rastro de chamas por onde ia passando, os macacos não conseguia se aproximar fazendo assim uma defesa perfeita, as correntes de pedra do Sébastien iam protegendo o alto e abrindo caminho, enquanto meu leão e suas chamas nos defendia por baixo, em pouco tempos estávamos nós cinco reunidos, Dryko estava encima de uma árvore auxiliando Cléo mas assim que nós viu desceu para nós comprimentar.

" Já era hora né Biel, "qualé" quase morremos várias vezes, as igbalés não estão mais na batalha e nem os filhos, mas o exército deles está bem reduzido, estamos com a liderança " - Dryko nos disse a visão geral da batalha, o que era reconfortante mas algo não estava certo.

" Agnos foi buscar algo, ele não abandonaria a batalha, e nem senhor Ajalá " - Cléo saiu do seu monstro de água, arrumando os cabelos.

Ao lado dela estava a razão de toda essa batalha, um senhor negro, todo de branco, que estava ajoelhado em frente a bacia com a fumaça.

" Temos que levar ele embora agora, ele está cansado e essa batalha não parece que irá acabar " - Cléo segurou o Senhor e o ajudou a levantar - " Vou abrir um portal no rio, lá nos fundos da casa temos que correr. "

Mas quando nos juntamos para sair, às árvores de Dryko exploradiram e do meio da fumaça sai Agnos andando calmamente.

" Não estavam pensando em ir embora né? Trouxe uma amiga para vocês conhecerem." - Ele sorriu friamente enquanto uma sombra o cobria.

" Não pode ser ela " - Dryko apontou para o alto.

" Gabriel, aquela coruja é ...  " - Beatriz me perguntou.

" Sim Beatriz, Ela é a coruja da Oxorongã "

Agora sim estávamos perdidos.







As Marcas do Orun : O Sequestro De Ajalá Onde histórias criam vida. Descubra agora