Capítulo 19 - Dryko

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A missão mal havia começado e três dos cincos integrantes já haviam ido a enfermaria, Sébastien depois de uma surra histórica, a amiga dele Beatriz depois de quase ser torrada pela líder dela e o Biel que foi ajudado muito rápido pelo mestre Inlé, afinal, eu tinha sido um dos poucos na vida que conheceram o grande caçador de elefantes, dizem que depois de anos, o velho se retirou para o fundo da mata e nunca mais o viram, ele era mágico e só de olhar para ele, dava para sentir toda a experiência e conhecimento das matas, além de o cara ser bonito para um velho, Mestre Inlé levou eu e Biel até a fronteira da mata da aldeia e depois disso nos avisou e se embrenhoude volta na mata, ele disse que caçava vários monstros quase impossíveis de matar, e que o javali das Yás era o único animal que ele nunca conseguiu matar, o tal javali era um presente do patrono de Sébastien para as mães ancestrais, elas usaram o presente para proteger sei lá o que, já que a caverna estava vazia e encheram o animal de magia, para se tornar o mais próximo de imortal possível, ou seja eu fui mandado para uma armadilha.
Ao chegarmos na aldeia, deixei o Gabriel na enfermaria e voltei para a mata, se os karés queriam armar pra mim, mostraria a eles, que eu podia ser muito mais esperto que eles. A três dias da nossa grande missão, o mestre Exu decidiu dar um grande banquete aos orixás, o que ele frequentemente fazia, todas as casas se uniam para um banquete, era a única vez que todas as casas se misturavam independente de seus conceitos e suas regras, os que não sentavam juntos eram os líderes das casas que sentavam com Exu e Orunmilá, eu decidi inventar uma dor de barriga para não ir com os meninos da casa de Odé ao banquete, eu tinha um plano para executar e precisava correr. A mata da aldeia era densa mas de fácil caminhar, não foi difícil achar uma colmeia de abelhas africanas, o que diziam sobre elas, é que a picada era muito dolorida e elas eram muito nervosas, ou seja perfeitas, eu pegueia colmeia com muito cuidado e coloquei bem no canto onde os karés ficavam, eu as escondi tão bem que nem a habilidade de rastreio dos caçadores perceberia, quando cheguei ao banquete, eu me sentei na mesa dos marcados e aguardei, conforme o banquete se desenrolava, a armadilha que plantei pra liberar as abelhas começava a se iniciar, era uma armadilha simples, a caixa com as abelhas estava com uma mini pedra de raio que roubei do Gabriel, ela não iria causar estrago algum nem para as abelhas e nem para a caixa mas seria o suficiente para abrir a tampa já frouxa e zangar as abelhas para que quando elas saíssem, elas atacassem o primeiro que vissem, como esperado no meio da sobremesa, todos ouviram um pequeno estampido mas nem deram bola, eu cutuquei o Gabriel e quando ele se virou para ver, um enxame furioso surgiu picando os kares e criando um grande tumulto, Exu ao longe ria e me olhava protegendo Orunmilá, eu aproveitei a confusão e saquei um arco e flecha, não foi difícil mirar a rainha do enxame, e com uma única flecha, eu atirei e a rainha estava presa na tábua atrás da mesa dos líderes, as outras abelhas se espalharam e o pessoal da minha casa começava gritar:

" Salve o filho das matas, salve o pequeno Dryko"

Ao longe os karés me olhavam com extrema raiva mas naquele momento eu só sorria.

As Marcas do Orun : O Sequestro De Ajalá Onde histórias criam vida. Descubra agora