O Labirinto Voraz

1. Que Lugar É Esse ?

SHAWN

Algo sacode com força e eu acordo, assustado, tossindo e tentando respirar.

Não tenho nem tempo para pensar.

Continuo com aquela sensação de que estou dentro de uma coisa que está subindo.

Eu não sabia quem eu era.
Eu não sabia de onde eu vinha.
Eu não sabia o que eu tinha comido no café ontem.

Estava escuro e não dava pra enxergar direito, mesmo que eu arregalasse os olhos até eles quase saírem das órbitas.

Em volta de mim, estavam várias caixas, que incluíam alimentos, pacotes de biscoito recheado e galinhas vivas.

Meu Deus, onde eu estava ?

Vejo um bilhete colado na parede escrito: "CAIXA :)"

Ah, eu estava em uma caixa de metal que continuava subindo.

Essa foi a pior hora para eu lembrar que sou claustrofóbico.

- EI !!!! - Bato nas grades, desesperado. - SOCORRO !!!!!!!

A caixa continua subindo e, por um momento, penso que vai bater no teto, que continua se aproximando.

Grito e fecho os olhos.

A caixa para e não bate no teto.

Na verdade, não era um teto, e sim portas enormes de metal.

Meus olhos se fecham, encarando a claridade ofuscante quando as portas de metal se abrem.

Tento enxergar direito, mas não consigo.

Tudo o que eu consigo ver é um enorme céu azul e algumas pessoas me encarando, com opiniões bem mistas.

- Ah, não. Mais um ...
- O que que está acontecendo ?
- A sua teoria estava certa, Katy.
- Ih, gente !!! É aquele menino que eu esqueci o nome !!!
- Ele pode ajudar a gente.
- Seja bem-vindo, meu crush número 1.342.

- Fiquem longe de mim !!! - Grito, apavorado e confuso, saindo da caixa e correndo, passando por eles.

- Por favor, espere.
- Ih, temos um corredor !
- Não adianta correr, querido.
- Gente, alguém ajuda ele !
- Que bunda, hein ...
- Cuidado com essa pedra aí. Você pode tropeç ...

Tropeço em uma pedra e rolo pelo chão que nem um bife à milanesa.

Ouço alguns risos, mas tudo isso subitamente desaparece quando eu limpo a terra do rosto ... e olho para o espaço em volta.

Levanto, devagar, tentando me adaptar àquela realidade.

Se isso fosse um filme, essa seria a parte em que uma câmera gira em torno de mim, conferindo mais dramaticidade à história.

Mas isso não era um filme.
Era a vida real.

Olho em volta, vendo que eu estava em uma floresta, cercada por muros cinzentos e gigantescos.

Onde eu estava ?
Que lugar é esse ?

Olho, mais uma vez, para as pessoas que me receberam.

As expressões deles variavam, novamente.

Acredito que alguns queriam dizer: "Eu sei como você se sente. Eu já passei por isso." enquanto outros estavam dizendo: "É, eu sei. Que merda, né ?"

- Bem-vindo à Clareira. - A mulher bonita me fala, tentando me confortar.

Eu devia ter pedido explicações a ela.