PRÓLOGO

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Aviso: o wattpad é a única plataforma onde publico minhas fics. Se você encontrá-las em qualquer outro lugar, não entre. Apenas denuncie.

Outro aviso: há um personagem importante chamado Ansel. Quando eu comecei essa fic, não sabia das acusações direcionadas a ele. Essa fic passará por uma revisão em breve e as alterações serão feitas, não se preocupem.

MAIS OUTRO AVISO: se você identificar qualquer coisa problemática aqui, não sinta vergonha de me chamar na dm para que eu possa aprender e consertar meu erro.

***

FLEUR

Quando sua vida costuma ser uma droga, é estranho se algo dá certo. Também não é bom quando tudo costuma ir bem, porque você não está acostumado com o fracasso. Por isso tenho orgulho de dizer que minha vida é perfeitamente equilibrada: uma merda de vez em quando para compensar algo bom, que também acontece de vez em quando.


Era exatamente o que estava acontecendo.

- Mas é sério que você nunca percebeu? - Minha amiga Louise pergunta, enquanto finge me ajudar a arrumar as malas. - Ele sempre babava na bunda do Louis.

- Todo mundo baba na bunda do Louis - digo com irritação. - Eu babo naquela bunda. Queria ter aquela bunda. Se eu fosse um homem...

- Infelizmente você não é, por isso o namoro com o Harry já era.

- Sabe o que mais me irrita? Ele fez isso para agradar os outros. Digo, esse relacionamento comigo. Ele poderia ter conversado comigo, droga. Seria bem melhor do que ser pega de surpresa.

E essa era a merda: ser motivo de piada por toda a cidade, porque meu ex-namorado gosta do mesmo que eu. Não o julgo por isso, porque é ótimo. Mas não precisava me expor desse jeito. Claro que Louis, aquele fofoqueiro, foi o responsável por espalhar a notícia, mas Harry podia ter escolhido alguém mais discreto.

A coisa boa era: eu estava fazendo as malas.

Entrar na faculdade de jornalismo sempre foi o meu sonho, mas eu não sabia se conseguiria pagá-la. Mas então, por algum milagre, eu consegui uma bolsa, notícia que eu recebi no mesmo dia em que peguei Harry... Enfim.

- Não acredito que você está prestes a se tornar uma caipira na cidade grande - disse Louise. - Ouvi dizer que veteranos adoram esse tipo.

- Não vou dormir com veteranos - refutei a ideia. - Além do mais, caso você tenha se esquecido, eu vou morar com meu irmão, que é mais ciumento que meu próprio pai, e até mesmo que meu ex-namorado. Mas, quanto ao último, isso tem uma explicação plausível.

Ela riu.

- Claro que não me esqueci do seu irmão e de todo o ciúme. Nós namoramos, lembra?

E você o traiu, eu quis acrescentar, mas isso era passado. Pelo que eu sabia, Ansel estava em um relacionamento sério com uma garota que minha mãe disse ser adorável.

Morar com meu irmão mais velho não era a minha primeira opção. Na verdade eu sequer cogitei a ideia, mas houve um atraso com as bolsas, o que me deixou sem vagas nas fraternidades. Então Ansel amorosamente me obrigou a morar com ele.

Minha mãe não parou de choramingar desde que eu contei a novidade. Às vezes o choro era de felicidade, às vezes de tristeza por não me ter mais em casa. De qualquer forma, nos intervalos em que seus olhos estavam secos e sua voz estava firme, mamãe não deixava de me recomendar coisas muito úteis, como "não use drogas" e "não engravide de um babaca".

- Sentirei falta da nossa sexta mensal - Louise disse com malícia.

A sexta mensal era um segredo que Louise e eu mantínhamos a sete chaves. E sim, eu sentiria muita falta daquilo.

- Ainda podemos fazer uma sexta anual - sugeri.

Ela sorriu mais abertamente.

- Será muito mais interessante, já que as opções serão mais variadas - falou com interesse.

- Seu irmão já está aqui - minha mãe avisou, olhando com certa antipatia para Louise.

- Eu entendi - ela disse, rindo. - Somos proibidos de ficar no mesmo local.

Eu evitava comentar sobre o assunto, o que era muito difícil, devido ao meu maior defeito: falar demais. Mas Louise era minha amiga. Ela era toda errada, mas ainda assim minha amiga. Por outro lado, Ansel era o meu irmão mais velho, com quem eu contava na escola quando algum garoto me atazanava. Também foi quem me ensinou a andar de bicicleta e nunca descumpriu a promessa de me segurar o tempo todo para que eu não caísse.

Os dois namoraram por dois anos, até que Ansel a flagrou beijando o seu "melhor amigo". Lembro-me que na época eu me senti imensamente culpada, já que fui a responsável por apresentá-los.

- Então é isso - disse Louise, com lágrimas nos olhos.

Mudar nunca foi o meu forte. Eu odiava pensar apenas na possibilidade de mudar de casa, veja lá de cidade. Mas não era uma mudança qualquer, e sim um divisor de águas em minha vida.

E, por mais que eu estivesse aos prantos quando abracei minha mãe, meu coração estava repleto de felicidade.

***

- Não come dentro do carro - meu irmão avisou. - Não é meu.

- Se fosse seu eu provavelmente seria proibida de entrar.

- Quase isso.

Já estávamos na estrada por pelo menos uma hora e eu estava morrendo de fome e de sono. A ansiedade não me deixara dormir por dois dias seguidos, mas agora meu corpo estava pedindo arrego.

- Você vai gostar - meu irmão disse. - Na verdade você vai amar.

Ele parecia muito empolgado.

- Chegar em um lugar enorme sem amigos é uma droga - bocejei.

- Eu vou te ajudar em tudo o que você precisar - ele disse.

- Como sempre - eu sorri.

- Como sempre - repetiu.

Apesar de estar com os olhos fechados por conta do sono, sabia que ele estava sorrindo também.

PERFECT BALANCE || Timothée Chalamet (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora