Aviso: o wattpad é a única plataforma onde publico minhas fics. Se você encontrá-las em qualquer outro lugar, não entre. Apenas denuncie.
Outro aviso: há um personagem importante chamado Ansel. Quando eu comecei essa fic, não sabia das acusações direcionadas a ele. Essa fic passará por uma revisão em breve e as alterações serão feitas, não se preocupem.
HARRY
A primeira vez que eu apanhei foi por ter entrado no quintal da casa vizinha e roubado uma coxa de frango assado — que descansava imponentemente na mesa em que os moradores da casa almoçavam aos domingos.
Como era de praxe, meu pai me bateu e só depois perguntou o porquê de eu ter feito aquilo. Ele descobrira um dia depois da minha aventura, ou seja, na segunda, quando havia visita. Meu pai nunca foi violento ao extremo, mas sempre quis mostrar aos outros a sua função de macho alfa da casa, sobretudo quando os parentes estavam por perto — como no dia em questão.Vi no olhar da minha tia que ela admirava a atitude do irmão. Era como se quisesse dizer "uau, ele sabe educar muito bem os filhos". Por isso, com o meu orgulho ferido, esperei que o velho saísse para pagar contas e marchei até o sofá em frente ao que meus tios estavam sentados.
— Eu roubei porque estava com fome — menti. — Papai usou o dinheiro da compra para cobrir dívidas, por isso não tinha comida aqui.
Com prazer, notei a expressão de minha tia mudando para "pobrezinho, ele não tem culpa". Foi a primeira vez em que recebi esse olhar, mas não seria a última. Naquele dia eu descobri que as pessoas perdoam qualquer merda sua, desde que você seja bonito o suficiente e fale e aja como uma vítima.
Foi assim quando eu bati em Fred Simmons — "ele disse que meu pai era gay" —, ou quando colei na prova de matemática no segundo ano — "não pude estudar porque fiquei a noite toda acordado cuidando da minha mãe doente".
Tornou-se um vício e eu já não me sentia culpado por mentir para justificar meus erros. Nem me importava com o fato de que pessoas sofriam bullying de verdade, passavam fome de verdade ou tinham que cuidar da família, de fato, como se fossem adultos nos corpos de crianças, e ninguém se compadecia ou disponibilizava os privilégios que eu tinha por fingir ser como os verdadeiros sofredores.
Mas tudo mudou quando eu fiz merda por estar confuso com a minha própria identidade. Quando eu comecei a questionar as minhas escolhas, meu passado, meu presente. Por que eu era sempre o mulherengo do grupo? Por que sempre diziam "cuidado com o predador" quando chegava uma aluna nova na escola? Seria isso resultado das coisas que meu pai dizia? Da imagem que ele construíra do filho e projetava para que todos vissem?
Sim, eu tinha uma justificativa para a bosta que fizera, mas, pela primeira vez, ela não colou. E, além de ter perdido uma das pessoas mais incríveis do mundo, agora eu provava do meu próprio veneno. De forma dupla, na verdade, já que não só fora traído por Louis assim como fiz com Fleur, mas também recebera dele a justificativa de que "as pessoas não vão aceitar, é muita pressão". Quando disse à minha irmã, ela soltou um "pobrezinho, ele não tem culpa".
Eu podia ouvir a risada de Fleur em minha cabeça dizendo "karma is a bitch". E estava certa, porque de todas aquelas pessoas, ela era quem mais tinha motivos para me julgar. No entanto, ela só me culpava por tê-la traído, e não por ter feito isso com um homem. Ao contrário dela, as pessoas me acusavam de ser um gay depravado que tentara levar Louis para o mau caminho. Quando, na realidade, eu nem tinha certeza de que era gay.
Eu não tinha certeza de nada além da miserável era da colheita que estava prestes a enfrentar: fiz muita merda e me safei, mas isso mudara. Agora eu estava disposto a sofrer o que merecia, mas não queria repetir os erros do passado.
Não, eu não seria mais o Harry babaca que se justifica. Eu seria o Harry que descobre mais sobre si e faz isso sem brincar com as pessoas. Eu seria o Harry que reconhece os erros e… pede perdão.
Mais uma vez, disquei o número da minha ex-namorada.
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PERFECT BALANCE || Timothée Chalamet (EDITANDO)
AléatoireATENÇÃO: contém cenas de sexo e gatilhos de violência, aborto e questões psicológicas Fleur acredita no equilíbrio das coisas: algo bom sempre acontece após algo ruim, e vice-versa, para que, assim, as pessoas aprendam a lidar com os altos e baixos...