MOMENTS - PBS1

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TIMOTHÉE

Meus olhos denunciavam o cansaço. Desde que Fleur revelara a sua busca por ajuda, eu não conseguia dormir por mais que uma hora. Ainda assim, era um sono perturbado e cheio de sonhos confusos, até que eu desistia.

Assim como eu, Ansel parecia atordoado. Ele não abriu o jogo sobre o que estava acontecendo de fato, já que, para todos os efeitos, não era da minha conta. No entanto, me chamou para uma conversa sobre compreensão e empatia, o que só me deixou mais nervoso e preocupado.

Eu não queria que ela se sentisse fraca ou um peso, mas não conseguia evitar: sempre que a via, a pergunta "você está bem?" saía automaticamente da minha boca. Era óbvio que ela não estava bem, e, mais óbvio ainda, que estava cansada de dar a mesma reposta - um doloroso e mentiroso "sim".

Eu estava com medo. Medo de agir como se ela fosse um cristal prestes a se quebrar, mas também de não ser o suficiente para apoiá-la. Além disso, o medo de que Ansel descobrisse também me assombrava nos últimos dias.

Ele era uma boa pessoa, disso eu tinha certeza. Mas tornara-se cada vez mais explosivo e desconfiado, sem nenhuma razão aparente.
Era visível em seus olhos o amor pela irmã, e eu tinha certeza de que não aceitaria que alguém como eu ficasse ao lado dela.

Ansel não tocava no assunto, é verdade, nem me olhava torto sempre que o nome de Jade surgia em uma conversa. Mas, no fim do dia, eu era o monstro capaz de exigir que uma mulher tirasse um filho contra a sua vontade. O tipo de homem que um irmão protetor não deixaria se aproximar da irmã.

Já que eu não podia arriscar a saúde mental de Fleur contando a verdade, precisava, então, mostrar a ela a sua importância de outras formas. Por isso pedi ajuda à única pessoa capaz de me auxiliar.

***

- Foi meio bosta, eu sei - murmurei em tom de desculpas. - Mas não foi premeditado. Quis falar com ela e, no meio da conversa, a pedi em namoro.

- Vendo por esse ponto de vista - Shawn ponderou -, foi fofo.

Eu o chamei às pressas porque precisava refazer o pedido de namoro à Fleur. Na minha cabeça, isso seria não apenas uma forma de mostrar a ela que eu estava ali e queria ficar, mas também de tirar a nossa atenção dos pensamentos que nos perseguiam.

- E você quer que eu faça o quê? - ele perguntou.

- Quero que me dê sugestões.

Shawn pareceu refletir por um tempo.

- Ela gosta de histórias de assassinatos e de desvendar mistérios.

Eu o encarei, horrorizado.

- Você quer que eu mate alguém e peça para que ela descubra quem foi? E, quando descobrir, quer que eu apareça segurando um...

- Ah - me interrompeu. - Homens extremamente criativos que ficam burros quando se trata de paixão.

Ignorei a sensação esquisita em meu estômago ao ouvir a palavra "paixão" e, mesmo não admitindo em voz alta, reconhecia que não estava no meu melhor dia para pensar.

- Faça alguma coisa tradicional - sugeriu.

- Tipo pedir a mão dela? O Ansel me mataria.

Shawn suspirou. Eu tive a impressão de que qualquer outra pessoa em seu lugar teria me dado um soco. Em vez disso, ele explicou pausadamente, como se eu fosse uma criança:

- Coisas tradicionais. Com flores, balões. Até mesmo doces.

- Estávamos comendo chocolate quando nos beijamos pela primeira vez - lembrei.

- Você é tão fofo.

Eu o ignorei, mas senti o meu rosto arder de vergonha.

- Vamos decorar o quarto dela - mudei de assunto. - Temos quatro horas antes que o Ansel chegue. É o suficiente.

- Nós vamos sair por aí atrás de flores e coisas românticas?

- Sim.

- Foi o que eu pensei.

***

Eu tentava não ser tão pessimista, mas algo me dizia que Fleur acharia tudo muito brega e desnecessário. Sendo assim, gastei uma fortuna em chocolate para calar sua boca antes que um comentário zombeteiro pudesse sair dela.

- Ficou ótimo - Shawn comentou. - Mas, se você planeja fazer alguma coisa nessa cama, pode furar a bunda com tanta rosa.

- Cala a boca, cara.

Ele deu de ombros, abrindo uma barra de chocolate perdida entre as flores.

- Quer treinar? - perguntou de boca cheia.

- O quê?

- O que vai dizer a ela.

- Acha que eu não confio em meu potencial? As palavras certas vêm na hora.

Ele tornou a balançar os ombros.

- Se fosse assim, não estaria fazendo de novo. Teria sido perfeito na primeira vez.

Fiz uma careta, irritado. Não pela ofensa, mas por ele ter provado um ponto.

- Vamos ensaiar - propôs, e eu podia jurar que ele estava segurando uma risada.

- Ah, pelo amor de Deus!

- Não seja grosso, amor. Você quer ouvir um sim.

Não desfiz minha carranca, porque aquilo era humilhante. No entanto, não queria correr o risco de estragar tudo.

- O que eu faço, então?

- Não sei - confessou. Depois, explodiu em uma gargalhada.

Precisei me controlar para não socar sua cara, afinal, ele era o Shawn. Estava se divertindo às minhas custas, mas ainda era o Shawn.

Depois de se recuperar, ele se aproximou de mim, colocando as mãos em meus ombros.

- Finge que eu sou a Fleur.

Eu ri, porque parecia uma piada.

- Você é apaixonado por mim e está fazendo isso para se aproveitar?

Ele voltou a gargalhar.

- Ah, faça-me o favor, Timmy. Anda logo com isso.

- Sua beleza não chega aos pés dela - reclamei. - Não consigo fingir.

- Eu só queria uma água de coco - imitou, claramente tentando não rir de novo.

- Péssimo.

Ele riu, e eu também.

E Fleur escolheu chegar neste momento, enquanto Shawn segurava os meus ombros e eu apoiava minha cabeça em seu peito por conta da risada. Era constrangedor, eu sabia, e quando a encarei, assustado, algo em seu olhar me disse que eu seria alvo de piadas pelo resto da vida.

- Olá, rapazes - saudou, aparentemente impassível.

E eu, atordoado, disse a primeira coisa que pensei ao vê-la:

- Eu gosto de você pra caralho, Flower.

PERFECT BALANCE || Timothée Chalamet (EDITANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora