Flechblack do Passado

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Rúbia

Chego em casa por voltas das 18:30 da noite devido ao transporte e ao trânsito, que não ajudou em nada. Abro a porta de casa e o meu marido ainda não havia chegado, as crianças que não são bem crianças também não estavam em casa. Sei que eles já estão todos crescidos, mas para uma mãe por mais que os filhos cresçam, eles continuam sendo as nossas crianças eternamente.

Dois deles fazem faculdade a noite, enquanto o mais velho é segurança em uma boate no centro da cidade. Mesmo que ele não tenha terminado a faculdade e ter simplesmente trançado sem pedir a nossa opinião, ele ainda me deu e ainda me dá muito orgulho, mesmo sendo filho daquele miserável que não presta. O meu filho, muito diferente do pai, é um homem íntegro e sinto que vou decepciona-lo ao revelar quem é o verdadeiro pai.

O Gustavo por mas que eu não queira admitir, puxou a aparência do pai, cabelos loiros e dono de um par de olho azul reluzente, olhando atentamente pode até lembrar tanto o miserável do Luiz, como o Alessandro. Mas por conta da cor dos meus olhos, os do Gustavo não são como os do irmão mais velho, sendo assim um azul suave e calmo.

De pensar que eles tem praticamente o mesmo sangue, o sangue dos Barry faz meu coração gelar e me faz sofrer calada todas as noites após a descoberta do Gustavo. Eu não queria ter ele, eu não escolhi ser mãe, mas após ver aqueles olhinhos azuis segurei firme o meu filho, não com amor, mas com obrigação do meu papel, apesar de não ter sido concebido com amor, eu o amamentei apesar de tudo.

Meu plano era simples, depois de conceber a vida aquela criaturinha minha mae e eu o colocaria no orfanato, eu não queria impedir aquela vida de vir ao mundo, mas por outro lado esse pequeno ser que crescia dia após dia dentro de mim não pediu para ter sido concebido daquela maneira tão monstruosa, mas mesmo assim ele é o fruto do meu pior pesadelo, e o seu futuro já havia sido traçado por mim.

Todas essas memorias já tinha sido esquecida e tinha ficado no meu passado, no meu doloroso passado, mas conversar com a safira me fez pensar nesse assunto mais do que eu deveria. Vou na cozinha e bebo um copo de água para afastar as lembranças do dia em que tudo aconteceu, respiro fundo e subo para o quarto para me banhar, após o banho relaxo um pouco e sou pega pelo cansaço do trabalho.

Sonho on / lembrança

Tinha acabado de completar meus 23 anos, sim! Eu era nova para trabalhar na casa de alguém, mas quando a necessidade chama, não há como fugir da responsabilidade de cuidar da casa junto com a minha mãe. Ela, a minha mãe cuidava de três filhos sozinha, junto a mim. Meu pai não quis assumir os filhos, e a abandonou sem olhar para trás e sem pensar nas crianças.

Como tinha acabado de entrar num curso de custura, precisava ajudar em casa de alguma maneira, mas com o tempo mamãe arrumou um namorado que era como um pai para nós três e isso nos ajudou ainda mais com as despesas da casa. Algum tempo depois as dividas cresciam com o tempo, foi ai onde arrumei um emprego em uma casa, a casa dos Barrys, mas eu não poderia imaginar que ali seria o começo do meu inferno particular.

O salário era bom e eu só tinha que ficar durante o dia, foi uma maravilha para mim e para todos lá em casa, mas a minha felicidade durou apenas até ser apresentada ao pequeno Alessandro Barry ou o Capetinha Barry. O garoto me odiou logo que me viu, mas eu precisava do emprego e não o deixei me botar para correr logo de primeira. Consegui ficar na casa dois meses, mas foi os dois meses mais longos da minha vida, aquela pestinha fazia de tudo para eu desistir, desde pegadinhas, a insetos e a balde de água na porta do seu quarto, ele era uma pimenta e eu já estava começando a ficar cansada de tudo isso, mas mesmo assim eu precisava daquele emprego.

Até que o inevitável aconteceu, meu padrasto que eu considerava como pai morreu e eu senti a perda de perder um verdadeiro pai. Minhas irmãs ficaram inconsolável, junto com a minha mãe, e eu? Eu tinha que ser forte, mas quando chegava ao trabalho e encontrava aquele pestinha me atormentando eu não aguentava e chorava, chora pela morte do meu pai e por tudo que passava, mas não podia desistir, não naquele momento afinal de contas a minha família precisava de mim.

Um Homem Mais Velho✔ ( Concluída)Será Retirado Nesse MêsOnde histórias criam vida. Descubra agora