Anthony passa mal na clínica

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Anthony

Eu não vinha me sentindo bem, mas precisava voltar ao trabalho e não podia ficar mais tempo em casa, por conta de um simples resfriado.

Deixei a minha cama naquela manhã com o corpo muito dolorido e a cabeça pesada, encarei minha imagem no espelho e eu estava péssimo, passei as mãos nos cabelos que já ostentava muitos fios brancos, aos quarenta anos eu me sentia com sessenta, Sidney tinha razão por não me querer, era jovem linda e com toda uma vida pela frente.

Tomei banho, me arrumei e apanhei meu material de trabalho e uma maçã na geladeira.

Segui rumo a clínica e minha cabeça latejava enquanto eu dirigia, apanhei um analgésico no porta-luvas e engoli sem água mesmo.

Cheguei a clínica e fui direto para o mdu consultório, eu precisava avaliar alguns pacientes, mas me sentia péssimo para fazer qualquer coisa.

Ainda assim iniciei os trabalhos e mandei entrar o primeiro paciente, o que não foi uma boa idéia, já que o homem era hipocondríaco e quase saltou pela janela quando eu espirrei, liberei-o depois de pedir mil desculpas e quando me levantei para chamar o próximo paciente, senti uma dor aguda na cabeça e desabei no chão

Acordei escutando o som de um monitor cardíaco e Ellen estava sentada numa cadeira próximo ao leito, reconheci o quarto como sendo de um hospital, e ao tocar o meu rosto e sentir um cateter nasal, percebi que eu não estava apenas resfriado, devia ser algo mais grave.

- Ellen! - a chamei.

Ellen aproximou-se da cama e sorriu

- Como se sente, Dr Herbert?

- Mal! Exatamente o que eu tenho?

- Pneumonia!

- Droga! - esbocei. - Quanto tempo eu apaguei?

- Algumas horas! Mas, você já foi medicado e está em observação.

- Entendo!

- Você tem visita!

- Ah é?! Quem?

- Sidney! Ela está aflita lá fora. - senti o coração palpitar. - Ela disse que não iria embora antes de vê-lo acordado.

- Bobagem! - eu precisava manter distância dela. - Mande-a ir pra casa!

- Eu ouvi isso!! - Sidney cantarolou entrando no ambulatório.

- Você precisa cuidar da sua própria vida! - soei ressentido.

- Vou deixá-los a sós! Não seja rude e teimoso, Dr Herbert! - Ellen piscou pra mim e saiu

- Obrigada! - Sidney sorriu agradecida.

Ela me olhou e se proximou de mim. - Está precisando de alguém que cuide de você... Então mesmo sendo um velho rabugento... Vou continuar do seu lado.

- Velho! - sorri fraco, diante do sarcasmo daquela frase. Era exatamente como eu me sentia "velho"- É por isso que eu não sirvo pra você?

- Você serve pra mim e qualquer mulher que te possa fazer feliz. Só que eu não sou uma mulher comum. Acabei com o resto de dignidade que eu tinha... - Ela tocou a minha mão e acariciou. - Já sei de quase tudo... E fico triste por não ter me contado.

- Eu quis te preservar! - minha cabeça doía muito então fechei os olhos.

- Tudo bem... Vamos ter muito tempo pra conversar.

- Achei que não quisesse me ver nunca mais.

- E eu não queria! - Ela riu. - Me desculpa.

- Vai cuidar da mim?

- Assim como você cuidou de mim. - Ela riu mostra do os dentes. - vamos para o seu apartamento... Vou fazer uma sopa bem gostosa, um suco e vou te mimar. A Jolie está na caixa de transporte e impaciente para sair.

- E por que vai cuidar de mim? Pra me deixar depois?! - abri os olhos, encarando o teto. - Você está ficando boa nisso! Me fazer amá-la e depois me desprezar como um velho trapo, alias é o que eu sou, não?

- Meu trapinho!!! - Ela se inclinou e me deu um beijo na boca, colando seus lábios nos meus.

- Thony? Você me faz te amar todos os dias... Mas às vezes suas palavras me ferem. É horrível ouvir algo que eu nem faço idéia do que seja... Mas agora eu sei.

- Me desculpe! Eu não devia ter dito o que eu disse.

- Sabe... - Ela soltou o ar chateada. - Fiquei decepcionada comigo mesma. Desejei não ter sobrevivido. Seria melhor pra todos. Principalmente para você que não teria que estar entre sua família e eu.

- Estar entre a minha família e você nunca foi o problema! O problema era estar entre você e suas obsessões... As drogas, a dominação, o sexo... Tudo o que era prioridade na sua vida e eu não podia te dar!

- São três anos que regredir na minha memória... E ainda represento esse medo para você? - Ela me encarou desgostosa. - Realmente Anthony... Não sei se daria mais certo. Eu ainda represento aquela pessoa pra você. E sinto muito, de verdade.

 - Você não entenderia!

- Realmente não. Então quem é que faz amar e deixar?

- Você me ama, Sidney?

- Eu te amo... Mas não posso viver com alguém que desconfia de mim. Não consegue entender que a parte que esqueci, foi fundamental para quem sou hoje. - Ela me olhou séria. - Você aceita a Sidney ou a Sandy?! Com qual quer ficar, Antony?

- Você é a mesma, Sid! A sua personalidade não mudou. Você é a mesma que masca chiclete e depois corre pra escovar os dentes, que enrola uma mecha dos cabelos no dedo indicador quando está nervosa, que come dois hambúrgueres pra depois descontar na esteira. Essa é você! Sandy ou Sidney. A diferença é só que a Sandy cometeu muitos erros que a Sidney se envergonha. Mas, as duas me deixaram!

- E o que estou fazendo aqui? Esperando você terminar de se lamentar ou me dizer que me aceita com os erros e acertos?

 - Estou cansado de transar com você e ter de ir embora depois, Sidney! Não dá mais...

Minha cabeça pesou enormemente e o ar me faltou, senti um sufocamento como se estivesse morrendo, talvez estivesse chegado o momento.

Tentei balbuciar o que sentia pra Sidney, mas apaguei antes de conseguir dizer qualquer coisa.



Mata-me de Prazer - RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora