Mata-me de Prazer - Redenção

Sidney sofre

Sidney

Assim que ele saiu batendo a porta, me recostei nela escorregando até me sentar no chão num choro compulsivo que doía até a alma. Jolie veio correndo ao meu encontro, passou a miar forte tentando escalar meu ombro, esfregando seu rostinho peludo em mim.

- Ah! Meu bebê! - A peguei no colo e a abracei. - O papai foi muito mal... Eu odeio ele!

Continuei a chorar agarrada a minha gata, depois de um tempo me levantei, e fui direto para a cama e me joguei nela.

Passei uma noite terrível, entre choros e sonecas perturbadoras até o dia amanhecer.

liguei para AnnaBelle e disse que tinha pego uma gripe, estava com o nariz trancado de tanto chorar e a mentira colou. No segundo dias a mesma coisa, liguei para ela dizendo que não estava bem.

Estava jogada no sofá quando a campainha tocou, me levantei fazendo uma careta de quem não queria receber visitas. E o pior é que a mentira tinha se tornado verdade, eu estava gripada.

- Minha nossa! - AnnaBelle empurrou a porta assim que eu abri.

- Nem chegue perto... - Pedi me afastando dela e voltando ao sofá.

- Você devia ir ao médico... - Ela se sentou no sofá ao meu lado, medindo a temperatura com a mão na minha testa.

- Eu estou bem... só preciso descansar.

- Não é só descansar, Sidney! você precisa de algo pra baixar a febre, sabe o que acontece se tiver febre alta... as convulsões vão voltar.

- que voltem... não estou nem aí! aliás, nem sei porque me salvaram daquele tiro... deviam ter me largado no local... um médico devia ter feito um procedimento errado, acabado com o resto que sobrou. - Voltei a chorar.

AnnaBelle estava de boca aberta, e me abraçou ao me ver chorar daquele jeito.

- Eu não sei o que eu fiz de errado na minha vida, Anna!!! Eu só escuto acusações, mas ninguém me conta de verdade... - A apertei nos meus braços. - eu estou farta de tudo isso... Eu devia ter morrido, assim não faria tanta gente sofrer.

- Não! não chora! Quem te maltrata não merece seu amor.

- O Anthony... ele... - Não consegui falar voltando a chorar horrores. - eu odeio ele!!! Odeio!!! Ele me deixou em pedaços!

- Oh amiga!... não fala isso, é só uma briguinha boba! isso tudo vai passar.

- Não vai... - Disse em soluços e de repente senti meu corpo adormecer e enrijecer.

Estava tendo uma convulsão pela febre. apaguei depois de ser colocada no chão e de lado para não engasgar.

Uma hora depois estava no hospital.

- Anna... - Peguei no acesso que estava na minha mão.

- Está tudo bem! Você teve uma convulsão por causa da febre. - Ela segurou a minha mão, sorriu amável.

- Estou com dor de cabeça, meu corpo todo dói. - Reclamei me ajeitando na cama.

- É normal... - ela disse se sentando ao meu lado.

- Ele deixou uma caixinha com um anel de noivado... Nem teve coragem de me dar... ou de tentar acabar com aquele constrangimento que ele me colocou...

- Eu vi a caixinha... é um lindo anel. - AnnaBelle disse acariciando a minha mão. - Porque não conversa com ele.

- Não dá, Anna... - A olhei triste. - Primeiro tenho que descobrir o que realmente aconteceu no meu passado para poder entender porque ele age assim comigo. Eu preciso mantê-lo afastado de mim.

- Ele te ama tanto, Sidney! tenho certeza que ele também está sofrendo.

- Então quem sabe isso não sirva para ele me esquecer de uma vez por todas. - Acariciei a mão de AnnaBelle. - Obrigada por tudo amiga... Mas acho que já está na hora de eu voltar para casa... Meu pai deve sentir a minha falta na Virginia.

- Não faz isso... Eu preciso de você aqui. - AnnaBelle começou a chorar. - Você foi a única pessoa que me deu forças no tratamento da Radioterapia... Você é como uma irmã.

Dei risada.

- Você me mandava calar a boca de tanto que rezava próximo a sua cama.

ela riu gostosamente secando as lágrimas.

- Não vá! Fica aqui comigo... Eu tenho um quarto no meu apartamento, porque não vai morar comigo... Eu cuido de você e você de mim.

- Eu tenho o meu, Anna! não se preocupe.

- Eu vou ficar bem! - Sorri para ela.

- Você não se cuida que eu sei... Olha aonde você está?!

- Eu acho que gosto muito de hospitais e clinicas.

Rimos mais uma vez e ela me abraçou.

- Tenho que voltar a floricultura, a noite vou estar de volta e venho dormir aqui com você.

- Está bem!

- Tente descansar agora... Você precisa!

- Farei isso.

AnnaBelle se levantou, apanhou a bolsa, voltou para o meu lado e me deu um beijo na testa.

- Até mais irmãzinha!

- Até mais!

AnnaBelle saiu do quarto, o silêncio voltou a reinar no ambiente, me virei para o lado da janela e fiquei olhando o tempo passar lá fora. Eu precisava mandar devolver o anel que Thony deixou, não iria aceita-lo até descobrir o que realmente aconteceu nesse período que esqueci, fechei os olhos e dormi.